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Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 08/07/2024 - 04:30

Romance otimista de Ann Patchett

Ann Patchett lança no Brasil Tom Lake, um romance otimista sobre a morte durante a pandemia. A autora compartilha sua paixão pela literatura contemporânea e recomenda obras de outros escritores renomados.

Celebrada pelo engenhoso “Bel Canto”, livro pelo qual venceu os prêmios Orange e Faulkner em 2002 e que depois virou ópera e filme (com sua fã Julianne Moore), a americana Ann Patchett tem seu romance mais recente lançado no Brasil. Publicado ano passado em inglês (com audiobook narrado por Meryl Streep, outra fã), “Tom Lake” chega aqui pela editora Intrínseca.

É um livro que divide opiniões — elogiosas. Patchett se diverte ao citar duas resenhas de “Tom Lake” publicadas separadamente no jornal britânico Guardian: uma apontava para “a estranha força de paz” que emana do livro; outra a saudava como fundadora de um subgênero, o “romance pandêmico otimista”.

— Ri alto. Quis de fato fazer um romance sobre a morte, mas com um olhar otimista, uma tarefa mais difícil. Escrevi então sobre temas duros, entre eles a pandemia, com um olhar propositadamente gentil — diz Pattchet, em conversa por videochamada de sua casa em Nashville, no Tennessee, sul dos EUA.

Inspiração

Finalista do Pulitzer em 2020 por “A casa holandesa” e autora do curioso romance “Estado de graça”, passado (embora ela jamais tenha vindo ao Brasil) na cidade de Manaus, Patchett decidiu escrever “Tom Lake” após revisitar uma de suas obras favoritas: “Nossa cidade”, uma peça de Thornton Wilder (1897-1975). Diretamente inspirada pela Grande Depressão, a dramaturgia mira no núcleo do cotidiano no interior dos Estados Unidos.

— Era preciso lembrar o que é importante na vida e o quão simples tudo fica quando você precisa encará-la em sua essência — conta Patchett.

A escritora não tem filhos e vive com o segundo marido em Nashville, onde é uma das donas, há 13 anos, da mais charmosa livraria da cidade. No período forçado de isolamento social, escreveu “Tom Lake” caminhando em sua esteira, na qual acoplou uma mesa:

— Acordava e pensava: vou caminhar e escrever, caminhar e escrever.

O centro nervoso de “Tom Lake” se dá na primavera de 2020. Lara migra com suas três filhas e o marido para a fazenda da família na zona rural do Michigan. Elas colhem cerejas e, aos poucos, mergulham no passado da mãe, mais especificamente na paixão que ela viveu, quando jovem, por Peter Duke, que se tornou uma estrela de Hollywood. O que se segue é uma reflexão sobre as dessemelhanças entre a paixão nos anos dourados e o amor maduro.

— Queria passear pelas duas experiências e mostrar que elas podem ser igualmente verdadeiras, com consequências igualmente intensas e transformadoras — conta Patchett.

A destreza de sua escrita é demonstrada especialmente quando Pattchet revela ao leitor o que a mãe decidiu não contar às filhas. Nem tudo precisa ser dividido. Nem mesmo com as pessoas mais caras à protagonista.

Outras duas peças foram fonte de inspiração para “Tom Lake”: “Louco de amor”, de Sam Shepard, e “O jardim das cerejeiras”, de Anton Tchékhov. Hiatos celebrados em uma rotina, na última década, marcada pela leitura exclusiva de autores contemporâneos.

— Um dos marcos da livraria é o Clube da Primeira Edição. Leio de quatro a dez livros por mês, pelo menos um semestre antes de serem publicados, para decidir qual será o destaque. Isso me mudou completamente, como leitora e escritora também, dialogo com autores muito mais jovens do que eu — conta a escritora, de 63 anos.

Dicas da autora livreira

Quando não está escrevendo, Ann Patchett vive o emprego não-remunerado de recomendar livros para frequentadores, presenciais ou virtuais, da Parnassus Books. A autora tem lugar de fala para afirmar tranquilamente que vivemos “um momento incrível na literatura contemporânea em língua inglesa”:

— Louise Erdrich (“A casa redonda”) acaba de escrever um livro sensacional que sairá no outono aqui no Hemisfério Norte. “Tell me everything”, da Elizabeth Strout, é um milagre. Foi como se minha vida do lado de fora tivesse se apagado, mergulhei no livro e só emergi no fim. “Crook manifesto”, o novo do Colson Whitehead (de “The underground railroad: os caminhos para a liberdade”) vai deixar você com o coração partido, e mais não conto. E o Tommy Orange (“Lá não existe lá”), já leu algo dele? Corra! E não se culpe se não o conhecia, se eu não tivesse uma livraria, não teria lido.

Serviço:

‘Tom Lake’

Autora: Ann Patchett. Tradutora: Camila von Holdefer. Editora: Intrínseca. Páginas: 368. Preço: R$ 69,90.

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