A atriz Jacqueline Laurence, atriz francesa que adotou o Brasil e morreu na madrugada desta segunda-feira no Rio aos 91 anos, também atuava como diretora de espetáculos. Um exemplo é “Nós sempre teremos Paris”, uma peça musicada assinada pelo jornalista Artur Xexéo (1951-2021). Era uma comédia romântica embalada por um repertório sentimental do cancioneiro francês do século XX.
- Luto: Famosos lamentam morte da atriz Jacqueline Laurence, aos 91: ‘A francesa mais brasileira de nossas telas’
- Joaquim Ferreira dos Santos: Minhas musas cantam baixinho
Em entrevista ao GLOBO na estreia da peça, em 2012, Jacqueline Laurence comentou sua versão diretora e o espetáculo, que contava a história de um homem e uma mulher, dois brasileiros que se encontram em Paris, num café no Boulevard Montparnasse, no início dos anos 1990. Apesar de todo o flerte estabelecido entre eles, a paixão não se concretiza, os dois se despedem e voltam às suas vidas. No Brasil, ela se casa e cumpre os papéis matrimoniais até que o marido morre, enquanto ele segue entre uma relação instável e outra. Duas décadas depois os dois decidem, ao mesmo tempo, arrumar as malas para mais uma viagem. No mapa, circulam por Paris. Os papéis eram de Françoise Forton (1957-2022) e Tadeu Aguiar.
"A peça faz pensar em como as nossas vidas poderiam ter sido diferentes caso levássemos à frente um acontecimento, mesmo que este ocorra durante um breve momento. Às vezes uma pessoa que você encontrou uma única vez te acompanha pela vida inteira", disse ela sobre o espetáculo.
Laurence comentou ainda: "Eles não chegaram a ter nada, apenas fixaram a imagem, a possibilidade, cristalizaram a ideia de que o outro poderia ser o seu par ideal. Ele acredita que ela seria a mulher da sua vida, e vice-versa."
Jacqueline Laurence dirigiu outros espetáculos em sua carreira, como "Esperando Godot" (1984), "Greta Garbo, Quem Diria Acabou no Irajá" (1991) e "Isaura Garcia - O Musical" (2018).