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Em maio, o paulistano Will Santt se apresentou no Blue Note do Rio, em Copacabana. Convidado a participar do show, o veterano Roberto Menescal confessa que se surpreendeu ao ver a casa cheia. De onde conheciam esse jovem de 21 anos? A resposta: do Instagram, onde ele tem quase 250 mil seguidores. De carona nesta popularidade, o cantor e violonista lança seu primeiro álbum: “Will Santt — Ao vivo no Blue Note SP”, gravado em fevereiro.

Ele — que tem cegueira parcial nos dois olhos por causa de uma inflamação mal tratada em 2019 — desperta atenção por não ser mais uma revelação do mundo pop. Seu estilo é a bossa nova, em composições alheias e próprias. A opção contrasta com o seu cabelão, que varia entre o black power e o cacheado.

— Foi difícil assumir a bossa nova — admite o músico. — Relutava comigo mesmo. Já recebi muitas críticas: “Cara, por que está fazendo isso? Não dá dinheiro, você é tão jovem.” Não fiquei olhando para dinheiro, mas para a música. Sei fazer música comercial, poderia fazer sertanejo, mas não é o que quero. A bossa nova foi um estilo que me prendeu.

É preciso explicar como Emanuel Santos Souza virou Will Santt. Colegas de escola comparavam seu cabelo de então ao do ator Will Smith. A brincadeira se desdobrou em nome artístico.

— As pessoas me chamavam de Emanoel, Manoel, Manuel, e não Emanuel. Pensei: Will é mais fácil de falar — explica. — E meu irmão ajudou a escolher o outro nome, porque tenho Santos no sobrenome. Tem um artista de rap que é Sant. Com dois Ts, só eu.

Will nasceu em Guaianases, extremo leste da capital paulista. Seus pais, evangélicos, o levavam para a igreja, onde aprendeu a tocar bateria. Aos 11 anos, quando já morava em Barueri, na Grande São Paulo, adotou o violão.

— Aprendi violão para não brigar com o meu irmão pela bateria. Ou seja, aprendi com raiva — recorda ele, que dominou o instrumento sozinho, copiando as posições dos dedos em revistas de cifras e em vídeos.

Aos 12 anos, assistiu no YouTube ao vídeo de Tom Jobim e Elis Regina cantando “Águas de março”. Foi o ponto de partida do seu interesse pelo universo da bossa nova.

— Eu já tinha tendência a gostar de coisas antigas, me vestia de maneira diferente, não como adolescente. Quando conheci a bossa nova, me identifiquei muito, condizia com o meu estilo — conta ele, que inclusive se espantou consigo mesmo. — Eu pensei: “Caramba, sou realmente um velho por dentro! Gostar de bossa nova aos 12 anos não é muito normal.”

Will experimentou outros gêneros musicais na adolescência, como o rock (especialmente Red Hot Chili Peppers), o sertanejo, a música clássica e a MPB.

— Não foi só a bossa nova que me influenciou. Minha maior inspiração é o Djavan — avisa. — Meu violão muito rítmico vem da bateria em que eu tocava e, juntando com os violões do Djavan e do (Gilberto) Gil e com as letras do Caetano (Veloso), me tornou o que eu sou hoje.

Quem o escuta logo o associa a João Gilberto, a começar pela voz baixa. Seu vídeo no Instagram que mais viralizou foi a interpretação de “O pato”, sucesso do pai da bossa nova. O próximo álbum será dedicado ao repertório de João. Mas Will não aceita que digam que ele é um decalque do mestre.

— Acho engraçada a ignorância de algumas pessoas que entram no meu perfil para dizer que eu imito João Gilberto. A pessoa chegou agora, nunca me viu cantar e acha que eu imito. É bizarro — irrita-se. — Sempre falei baixo, odeio barulho. Gosto de silêncio. Isso refletiu na maneira de eu cantar. Eu tinha dúvidas: será que essa maneira de cantar é legal? Quando ouvi João, falei: “Claro que é legal.”

Para Roberto Menescal, um dos principais compositores e violonistas da bossa nova, é inevitável a ligação de Will com João. Ele, que deverá fazer parcerias com o jovem, diz que Will ainda é uma “incógnita”, mas está confiante:

— O talento dele eu enxergo e o público enxerga. Deve fazer uma carreira bacana.

No novo álbum, nove músicas são composições de Will e a outra é “Rosa Morena” (Dorival Caymmi), marca registrada de João.

A carreira está mais encaminhada no exterior do que aqui. Ele se apresentou em casas de shows europeias no ano passado e neste ano. Em janeiro, convidado pela cantora beninense Angélique Kidjo, tocou num show no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. No próximo mês, parte para mais um circuito por Espanha, Itália e outros países.

— Não sei se me considero discípulo da bossa nova porque, se me resumir a isso, perco minha identidade. Não quero ser a sombra do João Gilberto, a sombra do Tom Jobim. Quero ser o Will Santt, que gosta de tocar bossa nova, faz isso bem feito e leva para o mundo inteiro — afirma ele, que vê a bossa pouco lembrada no Brasil. — Tenho como missão pessoal trazer de volta o estilo. Sei que é difícil fazer isso no cenário atual, dominado por sertanejo, pop e funk, mas acredito que vai acontecer. E quero estar lá.

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