Cultura
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Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid que disputa a final da Champions League neste sábado (1º) contra o Borussia, é o treinador que mais acumula troféus do campeonato dos grandes clubes europeus. Já foram quatro. No entanto, mesmo que não ostentasse esse título, Ancelotti já mereceria um lugar de honra na história do futebol europeu devido a sua atuação numa partida pitoresca, ocorrida em 1975, que selou a reconciliação de dois dos maiores cineastas italianos: Pier Paolo Pasolini (1922-1975) e Bernardo Bertolucci (1941-2018). Essa história foi recordada, neste sábado, nas redes sociais do podcast “Copa Além da Copa”.

No começo, Pasolini e Bertolucci eram amigos. Bertolucci foi assistente de direção de Pasolini durante as gravações de seu primeiro filme “Accattone: desajuste social”, de 1961. O autor de filmes cultuados e controversos, como “Teorema” (1968), também deu uma mãozinha a Bertolucci no ano seguinte, quando o pupilo lançou, aos 21 anos, sua primeira película: “A morte”.

A amizade durou até 1972, quando Bertolucci apresentou “Último tango em Paris”, um dos filmes mais polêmicos da história do cinema, famoso pela cena de sexo anal na qual o personagem de Marlon Brando usa manteiga como lubrificante para estuprar Maria Schneider. Por escolha de Bertolucci, a atriz foi surpreendida pela gravação da sequência. Não foi avisada e nem instruída. A cena não estava no roteiro.

Em 2007, Schneider (que morreu em 2011) disse ao jornal britânico Daily Mail que se sentiu “meio estuprada”, “humilhada” e que as lágrimas vertidas por sua personagem são reais. Já Bertolucci, em entrevista à Cinemateca Francesa em 2013, disse que quis que atriz “reagisse humilhada”, que acreditava que Schneider passou a odiar tanto ele quanto Brando e que se sentia “culpado”, mas não se arrependia.

Pasolini não gostou do filme e criticou-o na imprensa. Os dois cineastas pararam de se falar. Até que, em 1975, a atriz Laura Betti, que era amiga de ambos, quis apostar numa reconciliação. Afinal, coincidentemente, os dois estava filmando em Parma, na Itália. Pasolini trabalhava em um de seus filmes mais escandalosos, “Salò ou os 120 Dias de Sodoma”, baseado na obra do Marquês de Sabe. E Bertolucci dirigia o ousado “1900”, cuja versão editada tem 247 minutos! Betti atuava nas duas produções.

Marcou-se, então, uma partida de futebol entre as equipes dos dois filmes para o dia 16 de março. Pasolini era fanático por futebol (além de homossexual, marxista e próximo do catolicismo). Foi ele quem diferenciou o “futebol de prosa” (praticado pelos europeus) e o “futebol de poesia”, jogado na América do Sul. O italiano também disse que o ludopédio era um dos “grandes prazeres”, depois da literatura e do sexo.

A equipe de “Salò” vestiu as cores do Bologna, time da cidade natal do diretor. Já os defensores de “1900” optaram por um uniforme roxo que destacava o nome do filme. Nem Bertolucci, nem De Niro, nem Depardieu entraram em campo. Foi preciso, então, completar o time dos camisas roxas com dois jogadores das categorias de base do Parma, time da cidade. Bertolucci disse que os rapazes eram ferramenteiros contratados para trabalhar em seu filme. Um desses jovens jogadores era... Carlo Ancelotti!

O atual técnico do Real Madri só falou publicamente desse jogo em 2021, quando o jornal italiano Gazzetta dello Sport lhe mostrou uma foto das duas equipes (tirada por Deborah Beer, da equipe de “Salò”) e Ancelotti confirmou que um dos rapazes era ele. Também pediu para ficar com a fotografia. “Se fosse hoje em dia, com dois cineastas famosos, teria transmissão ao vivo”, disse Ancelotti ao jornal italiano. Ele até fez um gol na partida e lembrou que Pasolini foi vítima de uma falta e terminou o jogo mancando.

Os times de 'Saló' e '1900'; Pasolini e Ancelotti em destaque — Foto: Deborah Beer/ Reprodução
Os times de 'Saló' e '1900'; Pasolini e Ancelotti em destaque — Foto: Deborah Beer/ Reprodução

O time de "Salò" começou ganhando por 2 a 0, mas a equipe de “1900” virou o jogo, que terminou em 5 a 2. Um jornal noticiou a vitória do time de Bertolucci e publicou uma foto que mostrava os dois cineastas saindo do campo abraçados. Parece que a mágoa havia ficado para trás.

No final daquele ano, Pasolini foi assassinado em Óstia, na Itália. O caso nunca foi completamente esclarecido.

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