A chuva e a concorrência com a atração principal deste primeiro dia de Lollapalooza, o Blink 182, relegaram aos canadenses do Arcade Fire a missão de se apresentarem para um público menor do que o habitual para atrações desse calibre no festival. Reduzido, porém fiel.
Em sua primeira vez no Brasil desde que surgiram acusações de abuso sexual contra o vocalista, guitarrista e compositor Win Butler, o grupo subiu ao palco com o front-man empunhando uma bandeira brasileira. Já na primeira canção, Butler foi para o meio do público para obter a confirmação de que seu prestígio segue em alta entre os fãs brasucas.
“Creature Comfort”, do álbum Everything Now, aqueceu os motores da banda para uma dobradinha daquele que possivelmente seja o álbum mais celebrado da banda, Funeral, de 2004. Agitaram o público as músicas “Neighborhood #3 (Power Out)” e “Rebellion (Lies)”, seguidas pela dançante “Reflektor”.
Com um exército de nove instrumentistas no palco, a banda percorreu hits da carreira de duas décadas do grupo, com um setlist que incluiu também músicas menos conhecidas do álbum mais recente, We, de 2022.
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Os ótimos vocais de Régine Chassagne, mulher de Butler, deram profundidade ao som do grupo no palco Samsung Galaxy do festival, qualidade reforçada pelo violino e teclado facilmente identificáveis na balada melancólica “The Suburbs” — cantada em coro pelo público.
Emulando Elis Regina e Tom Jobim, Chassagne e Butler arriscaram uma divertida releitura (talvez um tanto “mico” para alguns) de “Águas de Março” — pontual para a multidão que passou o dia com capas de chuva.
Para a segunda metade da apresentação, restou em frente ao palco somente a parcela mais empolgada do público. “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)” recebeu a reverência dos fãs, assim como a animada “Everything Now”, do álbum homônimo. Mas o grande momento do show ficou mesmo para a última música: a apoteótica “Wake Up”, vista por bem menos gente do que merecia.