Música
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Por — Rio de Janeiro

Este carnaval não vai ser igual ao que passou — mas num ponto, será exatamente igual: tem marchinha de João Roberto Kelly para animar a folia. Lançado no streaming na última quinta-feira, “Romeu ou Julieta” é o mais recente registro de uma criação do pianista carioca de 85 anos, responsável por sucessos do carnaval moderno, como “Cabeleira do Zezé”, “Mulata Iê Iê Iê”, “Maria Sapatão”, “Colombina Iê Iê Iê” e “Bota a camisinha”.

Com contaminações de funk e disco music, no arranjo de Rovilson Pascoal, a marcha de Kelly tem apenas seis versos: “adivinhe quem quiser/ se sou homem ou mulher”, “eu sou mistura de Romeu com Julieta/ eu sou a cara do futuro do planeta” e “se você me quiser/ tem que ser do jeito que eu vier”. Uma mensagem libertária, bem 2024, sobre a fluidez de gênero, que, por obra do parceiro de Kelly na composição — o jornalista, escritor e pesquisador musical Rodrigo Faour, 51 – chegou à voz certa: Maria Alcina, 74.

A cantora Maria Alcina, em 1972, no VII Festival Internacional da Canção — Foto: Sebastião Marinho
A cantora Maria Alcina, em 1972, no VII Festival Internacional da Canção — Foto: Sebastião Marinho

Mas aí teremos que voltar a outros carnavais. Na verdade, ao Festival Internacional da Canção de 1972, em que Alcina (mineira de Cataguases, que vinha tentando a sorte nas boates cariocas) despontou com o “Fio Maravilha”, de Jorge Ben. Uma cantora com voz grave, de contralto, que tinha cabelo relativamente curto e um jeito desengonçado, bem diferente do que se esperava de uma diva. Até recentemente, mais de 50 anos depois, ainda havia quem perguntasse se ela era homem ou mulher.

— Eu despertava essa sexualidade (ambígua) por causa da voz, do jeito de dançar. Eu era andrógina, e vinha com toda essa linguagem corporal, física, que deixava uma interrogação na cabeça do público. Diziam que eu era muito ousada para ser mulher. Uma atriz, uma vez, chegou a levantar minha blusa para ver se eu tinha peito! — recorda-se Maria Alcina.

Kelly entrega que foi Faour quem começou “Romeu ou Julieta”, antes da pandemia, simplesmente dando o mote e pedindo a ele uma marchinha que desse conta das ambiguidades sexuais de Alcina — e dos novos tempos.

— O planeta está caminhando para isso mesmo, meu irmão! Eu sou das antigas, mas reconheço e aplaudo — explica Kelly. — Eu sempre fui avançado e sempre escrevi de forma carinhosa, nunca para botar ninguém pra baixo. O carnaval, para mim, é uma grande brincadeira. E a música é a minha grande brincadeira dentro do carnaval.

Kelly conta gostar muito do público LGBTQIAPN+ e de ter recebido apoio dele desde 1964, quando escrevia shows elegantes para a TV Rio e uma das maquiadoras, Rogéria (sim, a que se tornaria a mais famosa travesti brasileira), perguntou se ele e o roteirista Meira Guimarães não poderiam escrever um espetáculo só para gays.

— E aí fizemos um show chamado Les Girls, que foi encenado numa boate na Galeria Alaska, a Stop. o Walter Clark, que na época era diretor da TV Rio, me chamou e disse: “Você está fazendo música para veado agora?”. E eu: “Você muda o termo, eles não são veados! São travestis e têm muito valor, eu não fiz o show aleatoriamente.” E no dia da estreia, quem estava lá? Seu Walter Clark e a mulher, Ilka Soares. Ele bateu palmas de pé e foi no camarim beijar as travestis todas!

’É um barato’

Autor de livros como “História sexual da MPB”, Faour reconhece o feito.

— O Kelly ter feito graciosamente esse musical, por acreditar no talento da Rogéria, que ainda era desconhecida, e ainda pôr o nome dele no negócio, foi algo muito forte. Tanto que foi a partir do Les Girls que veio toda essa geração de artistas travestis do Brasil inteiro. Foi um movimento que invadiu os teatros do país , não só as boates de veado — conta. — E mesmo algumas músicas dele que hoje podem ser consideradas politicamente incorretas, como a “Maria Sapatão”, se você for ver a letra, ele está falando: “é um barato, é um sucesso, dentro e fora do Brasil.”

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