Música
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Por — Rio de Janeiro

O ano de 2023 foi animador para a música clássica brasileira, ainda que falte dinheiro. O setor sediou eventos-chave, produziu, discutiu seu papel em profundidade e viu um maior fluxo de público nas praças de concerto. O principal sintoma disso foi o surgimento de companhias e a reativação de conjuntos, numa mostra de que o setor farejou oportunidades. No Rio, por exemplo, a Orquestra Sinfônica Brasileira reativou a OSB Jovem, com 51 músicos de 16 a 30 anos que vão mirar o futuro do conjunto. No fim de semana, regidas por Miguel Campos Neto, as duas orquestras se apresentaram na Cidade das Artes, com obras de Suppé, Brahms e Johann Strauss II.

Foi um ano de registros preciosos, com a gravação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), para a “Sinfonia dos orixás” e dos “Pequenos funerais cantantes”, de Almeida Prado (1943-2010), sob caprichosa direção do titular da Filarmônica de Goiás, o inglês Neil Thomson. O CD integra o projeto Música do Brasil, empreitada do Itamaraty com a gravadora Naxos, que lançou outros cinco álbuns dedicados a Edino Krieger, Villa-Lobos, Claudio Santoro (dois) e Carlos Gomes. A obra de Aylton Escobar, de 80 anos, ganhou um belo álbum produzido pelo Núcleo Hespérides.

Na discografia, o violoncelista Antonio Meneses foi prolífico: além do álbum de Villa-Lobos (Naxos), com Isaac Karabtchevsky e a Osesp, tocou Fauré e Franck com o pianista Cristian Budu no elogiado “After a Dream”, lançado pela Azul Music. A gravadora liberou este mês o segundo registro de Meneses para as “Seis suítes para violoncelo solo”, de Bach. Em dezembro, o violoncelista estreou em Belo Horizonte o “Concerto para violoncelo” do niteroiense André Mehmari, 46, um dos compositores mais produtivos da atualidade: excursionou pelo Brasil com Mônica Salmaso, deu recitais no exterior e ainda estreou no São Pedro paulistano “O machete”, ópera sobre conto de Machado de Assis.

Palcos de Rio e SP

Rio e São Paulo tiveram grandes momentos, a começar pelos 51 anos do Projeto Aquarius, iniciativa cultural do GLOBO que uniu música popular aos clássicos. Nas séries anuais de concerto, Guido Sant’Anna, vencedor do Prêmio Fritz Kreisler de Viena 2022, encantou o Rio com o concerto de Tchaikovsky, no recital de 40 anos de produções da Dellarte, e a Sala São Paulo, numa eletrizante performance do concerto para violino de Mendelssohn, com a Osesp guiada pelo suíço Thierry Fischer. Por sua vez, a Osesp, que encerrou seu ano com uma deliciosa Beethoven Fest, completará 70 anos em 2024 e divulgou uma programação com notável presença de mulheres compositoras. Já a Filarmônica de Minas Gerais, com Fábio Mechetti, dará ênfase em 2024 aos trechos sinfônicos das óperas.

Na Sala Cecília Meireles, com mudança de gestão, mas programação mantida, brilhou Neil Thomson, desta vez regendo a Petrobras Sinfônica, com obras de Edino Krieger, Ronaldo Miranda e Mendelssohn. Na música vocal, a Camerata Antiqua de Curitiba fez belo concerto do oratório “Joshua”, de Handel.

A passagem do pianista András Schiff pelas séries Dellarte (Municipal do Rio) e Cultura Artística (Sala São Paulo) apresentou uma inesquecível costura de sons do barroco ao clássico, adornados — se é que se pode dizer assim — pela incrível autocontenção do artista húngaro. Os paulistas ainda ouviram o grupo Les Concerts des Nations, do espanhol Jordi Savall, com os primórdios do barroco. Houve ainda, pelo Mozarteum de São Paulo, um esplendoroso recital do baixo-barítono Bryn Terfel, em que ouvimos trechos do “Anel do Nibelungo”, de Wagner, de forma primorosa.

A ópera brasileira avança na retomada. Em abril, o 25º Festival Amazonas de Ópera mostrou incomparável maturidade artística e ainda sediou a conferência anual da Ópera Latino-América (OLA), inédita no país. De uma só tacada, o festival deu forma definitiva à ópera “Piedade”, de Ripper, resgatou “O Contractador de diamantes”, de Mignone, e ainda encenou uma “Anna Bolena”, de Donizetti.

Foi animador saber que o Núcleo de Ópera da Bahia (NOP) levará em 2024 sua “Ópera dos terreiros”, de Aldo Brizzi e Jorge Portugal, para a programação pré-olímpica do teatro Maison des Cultures du Monde, em Paris.

Houve extravagâncias, como a Orquestra Ouro Preto, de Rodrigo Toffolo, encenando “O Auto da Compadecida”, de Tim Rescala, em Copacabana; houve polêmica com sucesso de público, como “O Guarani”, de Carlos Gomes, no Municipal de São Paulo, concebida pelo filósofo indígena Ailton Krenak e musicalmente salva pelo tenor paraense Atala Ayan e pela regência de Roberto Minczuk; e houve em Vitória “Contos de Julia”, de Marcus Siqueira (música) e Veronica Stigger (libreto), com a bênção da voz de Eliane Coelho.

Se o Municipal de São Paulo se tornou centro de peregrinação — com “Madame Butterfly”, “Carmen” e “Nabucco” confirmadas para as assinaturas de 2024, entre outras — tampouco se ignoram a UniÓpera, associação coral que encenou com dignidade “La Traviata” e “Carmen” no Teatro Bradesco, e o Festival de Ópera de Guarulhos, dirigido por Emiliano Patarra, como uma praça promissora para maturação de talentos e exploração de repertório. Aplaude-se ainda a realização do segundo Concurso Joaquina Lapinha, promovido pela organização Sustenidos e vencido pelo baixo Andrey Mira e pela soprano Lorena Pires Adão. O concurso celebra a memória da cantora preta do século XIX elegendo as melhores vozes negras e indígenas do país. Além dele, o já tradicional Concurso Internacional Maria Callas teve sua 21a edição consecutiva e foi levado de roldão pelas mexicanas Jennifer Mariel e Paula Malagón (ambas sopranos). Entre os homens, o mais bem colocado foi o baixo mexicano Raúl Morales Velazco. O Maria Callas é promovido pela Cia Ópera São Paulo, que ainda deu 14 récitas de "Cavalleria Rusticana", de Mascagni, por diversos teatros do Estado, envolvendo cinco orquestras e quatro coros na empreitada.

Das obras estrangeiras encenadas no Brasil, não houve nada melhor — em termos de risco assumido, criatividade e execução — que “A raposinha astuta”, do tcheco Léos Janácek. A direção cênica de André Heller-Lopes e a regência de Ira Levin puseram de pé, no Teatro São Pedro paulistano, um monumento de entretenimento e melancolia, com performances irretocáveis da mezzo Denise de Freitas e da soprano portuguesa Carla Caramujo.

Deborah Colker em NY

Já o Theatro Municipal do Rio teve um ano de copo meio cheio. A ópera tardou a acontecer — com uma boa “Carmen” de Julianna Santos —, mas tivemos um raro ano de seis títulos levados ao palco. Tudo graças ao Festival Oficina de Ópera em setembro, com três títulos em seis récitas. Uma boa ideia, que a direção artística de Eric Herrero planeja retomar.

Por fim, os cariocas tiveram uma bela “La Traviata”, dirigida por Heller-Lopes e Malheiro, que consagrou a soprano Ludmilla Bauerfeldt como a voz a ser ouvida com atenção, e o anúncio de que Deborah Colker estará na temporada do Metropolitan Opera de Nova York num programa duplo. A coreógrafa dirigirá “Ainadamar”, do argentino Osvaldo Golijov, e o “Réquiem da conquista”, da compositora americana Gabriela Lena Frank, no templo nova-iorquino da ópera, curiosamente sem jamais ter dirigido obras líricas no Brasil.

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