Música
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Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

Domingo, enquanto, no Rio, o público do festival Doce Maravilha esperava pelo show de Caetano Veloso cantando o LP “Transa” (que a chuva adiou por quatro horas e meia), em São Paulo, cerca de 12 mil pessoas se apertavam no ginásio do Ibirapuera, para a audição antecipada de “SUPER”: disco do cantor Jão, que enfim chegou às plataformas de streaming esta segunda-feira, às 21h.

Um dos maiores astros pop surgidos no Brasil nos últimos anos, a persona artística de João Vitor Romania Balbino (rapaz nascido há 28 anos em Américo Brasiliense, interior de São Paulo) é rei entre um público adolescente sedento por histórias de amores conturbados e sentimentos conflitantes – ele faz uma espécie de sofrência muito pop e sexualmente fluida, na qual cabem folk-rock, dance music eletrônica e até alguns toques de axé e sertanejo.

Anunciado na semana passada por um trailer, “SUPER” é o quarto álbum do cantor e compositor e, sob o signo do fogo, completa o ciclo compreendido por “Pirata” (disco relativo à água, de 2021, que rendeu uma turnê de grande sucesso), “Anti-herói” (ar, de 2019) e “Lobos” (terra, de 2018). Atração, em setembro, do festival The Town, Jão aproveitou o pré-lançamento do disco para anunciar o início da “SUPER Turnê”: dia 20 de janeiro de 2024, no Allianz Parque, em São Paulo.

Mas, afinal, o que é esse “SUPER”? Bem na tradição de Jão, é uma elaborada coleção de canções pop, cheio de melodias e de achados nas letras, e sem feats – o que está sendo contado ali é uma história pessoal e intransferível, que rodará pelas cabeças do seu público durante um bom tempo.

“SUPER” é um disco sobre corpo e coração, nos limites da autobiografia (como os de Taylor Swift), que também pode ser lido dentro da tradição rock-libertária de um Cazuza ou de um Renato Russo – com um tanto do existencialismo romântico de Lulu Santos.

Faixa a faixa

Capa do álbum 'SUPER', do cantor Jão — Foto: Reprodução
Capa do álbum 'SUPER', do cantor Jão — Foto: Reprodução

  • "SUPER" abre com “Escorpião”, um blues-rock moderno, encharcado no veneno da vingança: “Te quero bem é o caralho / eu não sou seu amigo / mas você me fez assim.”
  • “Me lambe” é um folk-rock alegre e lasccivo, com sopros e algumas belas declarações românticas: “Amor próprio é bom mas o seu (amor) é mais (...) eu vou te fazer lembrar / que a gente não deu tão errado assim.”
  • A velha new wave dos anos 1980 dá as caras em “Gameboy”, divertida faixa na qual Jão faz suas bravatas (“eu sou lindo e não entendo como alguém pode não me amar”) e logo depois abre a guarda (“me diz qual o seu tipo, eu sei me transformar”)
  • Rock bonito, com guitarras meio Cure/New Order, “Alinhamento milenar” traz no refrão um punhado daqueles versos que fãs de Jão irão repetir à exaustão: “E de todos os meninos e meninas que eu já amei / eu escolhi você / e em todas novas vidas que eu for viver / eu vou te escolher.”
  • Synthpop com cara de 2023, “Lábia” fala do desejo sem fronteiras de gênero, sem culpas, em total clima de liberdade e descontração, para acolher até mesmo os enganos: “eu vou beijar a sua boca / eu vou cair na sua lábia / eu vou tirar a sua roupa / você vai rir da minha cara.”
  • Uma das mais tristes do disco, “Maria” é uma balada folk-sertaneja de violão Taylor Swift com confissões do tipo “desculpe, eu não consigo me amar / do jeito que você me ama”.
  • Épica, com jeitão de hit, “Julho” segue pelo departamento das baladas com frases certeiras e cortantes: “Julho é tudo que a gente não vai mais ser / julho é ler o que você deixou.”
  • Óbvia sequência da faixa anterior, “Eu posso ser como você” junta peso e melancolia no relato de quem deu o troco da infidelidade: “Eu só queria viver um pouco / como você fez”
  • Também melancólica, “Sinais” vaga por caminhos sobrenaturais: “É um mistério, um instinto / eu não vejo, mas eu sinto / os teus sinais / me leva, somos iguais.”
  • Uma das boas faixas do disco, “Se o problema era você, por que doeu em mim?” faz justiça ao seu título longo, digno de um Morrissey, com um rock requintado, repleto de sacadas como “te deixar foi a coisa mais difícil e mais bonita que eu fiz por mim”.
  • Uma delícia essa “Locadora”, doce canção de saudosismo pelos tempos do VHS e do desejo adolescente de liberdade. “Desce logo, vem trocar de roupa / a gente vai passar na locadora / ouvindo o rádio do meu novo Corsa” — explicações serão necessárias para os mais novos.
  • Em clima anos 1950, com vocais doo wop, “Rádio” faz uma doída reflexão sobre um amor destruído pela fama (o que sugere contornos autobiográficos): “Quando me ouvir no rádio / será que vai dar pra perceber / que o tanto que eu falo / ainda é só sobre você?”
  • Cheia de eletrônicas dark, que ficariam bem num “Noitada” de Pabllo Vittar, “São Paulo, 2015” é um relato chocante dos primeiros tempos do menino do interior Jão no fervo da capital paulistana: “Toda noite eu saio pra fugir de mim / e toda noite eu me encontro assim / meu Deus, você jurou que ia cuidar de mim!”
  • Última faixa do disco, “Super” é como uma oração sertaneja com teclados de Legião Urbana, na qual o cantor repete o mantra do disco (“eu não me sinto mal, eu só não sinto nada”) e despeja suas indagações mais importantes. Ao fim, vêm os versos mais pungentes: “Me vejo de longe, sou eu mesmo quem chama / meu barco voltando é a minha resposta / me abraço em chamas.”

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