Leo Aversa
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Leo Aversa

Fotógrafo e colunista.

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Leo Aversa

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 09/07/2024 - 03:30

Visões sobre relacionamentos amorosos: machismo e feminismo.

O artigo aborda as visões machistas e feministas em relação aos relacionamentos amorosos, com destaque para a importância da comunicação e respeito mútuo. Mostra também a diversidade de opiniões e atitudes em meio a encontros e desencontros românticos, com referências à cultura pop e questões de gênero.

“Ela ao menos manda bem? As mulheres estão muito chatas, todas cheias de mimimi”, diz um. “Não vai ficar pagando paixão, hein? Isso é coisa de garoto bobo”, avisa outro. “Tem que pegar geral! Muita mulher no mundo e pouco tempo de vida”, completa um terceiro, às gargalhadas.

Estavam na praia. Ele não ouviu direito o que elas disseram. Na verdade, há dias que não prestava muita atenção nos amigos.

“Se for feminista, pula fora! Tudo mal amada. Feliz era o meu avô, que tinha uma mulher de fé em casa e um monte por aí”, fala um que acabou de chegar. “Ela tem filho? Mulher com filho é roubada. Não tem tempo pra nada, não dá atenção, só quer saber das crianças”, acrescenta outro.

Ela apareceu do nada, numa festa. Oi? Oi! Do nada também descobriram assuntos, opiniões, interesses. A vontade de conhecer o mundo. O fascínio pela Tropicália. O gosto por filmes da “Sessão da Tarde”. “Vamos lá pra casa? Tenho todos os ‘Karatê Kid’”, ele propôs, imitando o chute da garça. Ela morreu de rir.

“Faz logo um contrato de namoro, pra se livrar dos golpes. Melhor: quando ficar sério, some.” “Ela é muito rodada? Mulher rodada é dor de cabeça. Tem que pegar as novinhas, 20 no máximo.”

Quer que eu te leve em casa? Não precisa, pego um Uber. Sei que não precisa, mas eu queria ficar mais um pouco com você. Ela cantarolou “Alegria, alegria”: por que não, por que não? Foi a vez de ele morrer de rir.

Outro amigo: “Mulher sem filho também é ruim, vai querer arrumar um contigo, pra conseguir pensão depois. Tá difícil a vida do homem.”

Ela, em outro canto da cidade, numa mesa com as amigas.

“Ihhh, você tá muito silenciosa... Foi aquele cara do fim de semana? Ele fez direito ou virou pro lado e dormiu em dois segundos?”, pergunta uma. “Faz terapia? Homem sem terapia em 2024 não dá. Tudo com a cabeça estragada”, completa a outra.

Ela foi na festa por acaso. Coisa de uma amiga, que não queria ir sozinha. Quem é esse cara? Parece meio deslocado.

“É hétero top ou esquerdo-macho? Não sei o que é pior. Nenhum deles sabe se comunicar”, afirma uma. “Gostar de homem é maldição. Não tem um que preste. Amor é coisa de menina ingênua”, acrescenta outra.

Ele tinha o “Transa” autografado, sabia de cor as falas do Sr. Miyagi e a letra de “Baby”. Perguntou, com sinceridade, se podiam se encontrar de novo. Você precisa me ver de perto, disse. Os dois sorriram.

“O cara te falou se é não-monogâmico? Tem que ver isso. E nada de jogar os contatinhos fora, hein!”, alertou a terceira. “Melhor ter logo uma relação aberta, não tem decepção. Eles passam o rodo e aí a gente faz o mesmo. É lá e cá.”

“Quer namorar comigo?” Ela respondeu com graça: “Como se a gente tivesse 15 anos?” “Sim”, respondeu, como um garoto, como uma menina.

“Mulher é tudo igual”, disse um, apontando com o queixo.

Ele se encantou com o jeito que ela sai dançando ao ouvir Caetano.

“Homem é tudo igual”, falou outra, revirando os olhos.

Ela achou o máximo a emoção dele ao assistir “Harry & Sally” pela milésima vez.

“Sai fora.”

“Não vale a pena.”

Ele sorriu ao escutar os avisos, ela achou graça nos conselhos. A vida, às vezes, pode ser um filme da “Sessão da Tarde”. Por que não?

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