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Por — Rio de Janeiro

Quando os indicado ao Oscar 2024 foram anunciados, em janeiro, a categoria de melhor filme internacional foi uma das que mais trouxeram surpresas para quem acompanha a temporada de premiações. Ali estavam “Zona de interesse” (Reino Unido),um dos fenômenos do ano e também indicado a melhor filme; “A sociedade da neve” (Espanha), uma das produções mais populares do ano, que estreou nos cinemas e é sucesso no streaming; “Dias perfeitos” (Japão), mais novo trabalho do cultuado Wim Wenders; “A sala dos professores” (Alemanha), drama premiado no Festival de Berlim.

Para a quinta vaga, superando apostas de temporada como “O sabor da vida” (França) e “Folhas de outono” (Finlândia), foi escolhido “Eu, capitão” (Itália), novo filme de Matteo Garrone, que acompanha dois jovens que deixam o Senegal em busca de uma vida melhor na Europa, sem saber as dificuldades que viverão pelo caminho. O drama chega hoje aos cinemas brasileiros.

— Nos últimos dez anos, 30 mil pessoas morreram tentando fazer essa jornada da África a caminho da Europa. Quis mostrar que por trás desses números existem seres humanos — diz Garrone, de 55 anos, em entrevista via Zoom. — Acho que o filme joga uma luz e uma perspectiva diferente sobre essa grande tragédia dos nossos tempos, essa página sombria da história contemporânea.

O diretor e roteirista italiano, natural de Roma, reconhece que seu filme não é favorito ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que terã o resultado conhecido em cerimônia no próximo dia 10, mas comemora o impacto de uma indicação.

— Fiquei muito feliz com a nomeação ao Oscar. É muito importante para o filme, ajuda com que chegue a um número maior de pessoas — diz. — Também vejo como um sinal de que fizemos um bom trabalho. Ser considerado um dos cinco melhores filmes internacionais do ano é algo que me deixa muito orgulhoso.

“Eu, capitão” rendeu a Garrone o Leão de Prata de melhor direção no Festival de Veneza de 2023. Figura cultuada no circuito de festivais da Europa, ele já conquistou duas vezes o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes, por “Gomorra” (2008), sua obra mais conhecida, e “Reality — A grande ilusão” (2012).

Tortura ao passar na Líbia

Para o novo trabalho, o realizador contou com atores amadores e pessoas que já haviam tentado completar a jornada de imigração do Senegal à Itália. Ele lembra que seu protagonista, Seydou Sarr, precisou ser convencido pela mãe e pela irmã, atrizes amadoras, a tentar um papel no projeto. O jovem tinha o sonho de ser jogador de futebol e, inicialmente, não queria saber de passar quase três meses numa filmagem. Garrone conta que ficou emocionado ao ouvir do garoto que terminou o filme com uma sensação de conquista.

— O que vemos em cena é um casamento da pessoa real com o personagem que escrevemos — diz o realizador. — Ouvi muitas histórias de imigrantes, e escolhi duas ou três para mesclar no roteiro. Também tive acesso a muitos documentos e vídeos, alguns muito fortes. Tive acesso a um vídeo de torturas de imigrantes que passavam pela Líbia, que foi difícil de assistir.

Para fazer "Eu, capitão", Matteo Garrone contou com atores amadores e pessoas que já haviam tentado completar a jornada de imigração do Senegal à Itália — Foto: Divulgação
Para fazer "Eu, capitão", Matteo Garrone contou com atores amadores e pessoas que já haviam tentado completar a jornada de imigração do Senegal à Itália — Foto: Divulgação

Em sua obra, Garrone traz esse lado brutal e realista, como já havia feito em “Gomorra”, filme que recebeu muitas comparações com o brasileiro “Cidade de Deus” à época de seu lançamento, mas também investe no cenário da fábula e do conto de fadas, remetendo a outro projeto seu, “Pinóquio” (2019), com Roberto Benigni.

Alerta a jovens africanos

Após a cerimônia do Oscar, o diretor já está com as passagens compradas para o Senegal, onde realizará uma sessão especial na região em que encontrou seus atores, próximo a Dacar. Garrone destaca a importância de exibir seu filme no continente africano para passar uma visão mais clara para os jovens sobre os riscos e as dificuldades da jornada de imigração.

O diretor torce para que seu filme possa ajudar a mudar o pensamento das pessoas, e não acredita na capacidade da obra em influenciar em políticas migratórias.

— “Eu, capitão” pode ajudar as pessoas a serem mais sensíveis sobre este drama e fazer com que enxerguem que existem seres humanos do outro lado da questão. Eu espero que um estudante europeu que assista ao filme possa ter uma atitude diferente com relação ao imigrante que ele encontra na rua — diz o cineasta. — Só não tenho muita confiança de que o filme possa mudar o sistema político, pois as pessoas no comando já conhecem bem essa realidade e não fazem o bastante para mudá-la. Os políticos sabem que as pessoas estão morrendo tentando chegar a países em busca de uma vida melhor, mas as políticas migratórias estão interessadas em construir mais muros do que pontes.

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