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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Apesar de começar com a balada new age “Only time”, de Enya, “Thor: Amor e trovão”, que estreia amanhã nos cinemas, encontra sua essência no som da banda Guns N’ Roses, com quatro canções na trilha: “Welcome to the jungle”, “Paradise city”, “Sweet child o’ mine” e “November rain”.

— Queria que o filme passasse a ideia de um pôster de metal, uma coisa bem rock dos anos 1980. Queria que o visual fosse como a pintura de uma van velha de Venice Beach, na Califórnia — diz o diretor Taika Waititi, de 46 anos. — É uma história muito barulhenta, com cores barulhentas. Guns N’ Roses fez todo o sentido. Começamos a trabalhar com “November rain” para um momento importante do filme, e a coisa foi se espalhando.

Após uma aventura com pitadas de drama shakespeariano sob direção de Kenneth Branagh (“Thor”, 2011) e uma criticada continuação comandada por Alan Taylor (“Thor: O mundo sombrio”, 2013), coube a Taika mudar radicalmente a concepção visual e a abordagem do herói conhecido como Deus do Trovão.

Chris Hemsworth bem rock and roll em 'Thor: Amor e trovão' — Foto: Marvel Studios/Divulgação
Chris Hemsworth bem rock and roll em 'Thor: Amor e trovão' — Foto: Marvel Studios/Divulgação
Queria que o filme passasse a ideia de um pôster de metal, uma coisa bem rock dos anos 1980.
— Taika Waititi, diretor

Com “Thor: Ragnarok” (2017), o até então pouco conhecido cineasta neozelandês investiu pesado no humor (o que não agradou a todos) e no uso excessivo de cores para criar um cenário bem peculiar no chamado Universo Cinematográfico da Marvel. Vencedor do Oscar de melhor roteiro original por “Jojo Rabbit” (2019), Taika é um realizador conhecido pelo interesse visual, que vai do uso das cores à direção de arte, passando, é claro, pelo figurino de seus personagens. E ele traz esse interesse para fora das telas, aparecendo quase sempre com visuais diferentes e coloridos, sendo considerado por muitos uma espécie de ícone fashion.

— Minha relação com a moda é “ser um pavão”, é sobre ser notado no meio da multidão. O motivo é uma insegurança profunda e a vontade de ser amado — brinca Taika em conversa via Zoom, com direito a uma roupa colorida da cabeça aos pés.

O desejo de ser amado do diretor também se manifesta em seu super-herói. Em “Thor: Amor e trovão” (2022), o amor não é mero detalhe presente no título, mas parte fundamental na narrativa de vários dos personagens em cena.

— Tenho muito orgulho do que fizemos em “Ragnarok” e sabia que seria difícil superar. Queria desenvolver melhor o personagem, que agora lida com uma crise de meia-idade, tentando encontrar seu propósito na vida. E incorporar esse elemento do amor para saber o que isso faria com o personagem — conta.

Se “Ragnarok” era uma comédia, “Amor e trovão” é uma espécie de comédia romântica. Um apaixonado pelo gênero, Taika não consegue escolher uma comédia romântica favorita. O diretor, produtor, ator e roteirista revela gostar muito de “Uma linda mulher” (1990), “Sintonia de amor” (1993), “Quatro casamentos e um funeral” (1994), “Mensagem para você” (1998), “Um lugar chamado Notting Hill” (1999), “Alguém tem que ceder” (2003), “A proposta” (2009), “Amor a toda prova” (2011) e “qualquer coisa com Sandra Bullock”.

O amor está no ar

O romance está presente no novo “Thor” por meio da relação entre o herói vivido Chris Hemsworth e a Jane Foster de Natalie Portman, que é ponto central da trama.

A atriz teve o treinamento que mudou seu corpo para viver a personagem no centro das atenções conforme suas fotos foram sendo divulgadas. A transformação exigiu dez meses de treino com foco em ganho de massa muscular.

Jane Foster assume a forma da Poderosa Thor, heroína que ajudará o Deus do Trovão a enfrentar Gorr, o Carniceiro dos Deuses interpretado por Christian Bale, de volta ao universo de heróis dez anos após o fim da trilogia do “Cavaleiro das Trevas”, do diretor Christopher Nolan, em que vivia Batman. Taika Waititi fez questão de elogiar a performance do ator, dizendo que seu Gorr foi considerado o melhor vilão da Marvel nos testes de público de “Thor: Amor e trovão".

Christian Bale em 'Thor: Amor e trovão' — Foto: Marvel Studios/Divulgação
Christian Bale em 'Thor: Amor e trovão' — Foto: Marvel Studios/Divulgação

Além do romance entre Thor e Jane Foster, as vidas amorosas de Valquíria (Tessa Thompson) e Korg (interpretado pelo próprio Taika) também são abordadas, em ambos os casos apresentando histórias LGBTQIA+.

— Precisamos colocar cada vez mais esse tipo de personagem em cena para normalizar, para não ser algo estranho de ter em um filme. Foi algo que trouxemos dos quadrinhos. Os Kronan são uma espécie de homens de pedra, sem mulheres — diz Taika, que recentemente dublou a animação “Lightyear”, banida em alguns países por apresentar um casal lésbico. — Existem países que não querem exibir filmes com elementos ou personagens LGBTQIA+, e acho que isso é uma vergonha. Eles perdem grandes histórias. A minha esperança é que, quanto mais normalizamos isso, vai se tornar algo que não precisamos nem pensar duas vezes sobre. Nunca vi uma pessoa indo assistir a um filme e falar: “meu Deus, não acredito que um homem e uma mulher se beijaram”. Tem que ser assim com os personagens LGBTQIA+.

“Thor: Amor e trovão” conta ainda com as presenças de Russell Crowe, Chris Pratt, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel e Karen Gillan no elenco, além de outras participações especiais. Como de costume nos filmes do estúdio, o longa traz duas cenas pós-crédito e um gancho para a nova continuação.

Taika Waititi na pré-estreia de 'Thor Amor e trovão', em Los Angeles — Foto: Alberto E. Rodriguez/Getty Images for Disney
Taika Waititi na pré-estreia de 'Thor Amor e trovão', em Los Angeles — Foto: Alberto E. Rodriguez/Getty Images for Disney
Nunca vi uma pessoa indo assistir a um filme e falar: 'meu Deus, não acredito que um homem e uma mulher se beijaram'. Tem que ser assim com os personagens LGBTQIA+.
— Taika Waititi

Próximos projetos

Com vários projetos a caminho, Taika está trabalhando nas segundas temporadas das séries “Reservation Dogs” e “Nossa bandeira é a morte”, e tem mais um filme para ser lançado em breve: “Next goal wins”, sobre a derrota por 31 x 0 da Samoa Americana em jogo contra a Austrália nas eliminatórias para a Copa do Mundo de futebol de 2002.

— Crescendo na Nova Zelândia, a única coisa que me importava era o rugby. Não tenho muita ligação com o futebol, mas gosto sempre de torcer para o time mais fraco. Não sei nada de futebol, e é por isso que fiz um filme sobre isso — brinca Taika, que também começa a pensar em ideias para um filme no universo “Guerra nas Estrelas". — Sobre “Star Wars”, estou apenas colocando as ideias no papel. Não há garantia de que irão me deixar fazer alguma coisa.

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