Cacá Diegues
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Por — Rio de Janeiro

Ao selecionar o filme “Megalopolis”, de Francis Ford Coppola, o Festival de Cannes que acontece agora, reafirmou seu papel político e estratégico para os autores do cinema do mundo todo.

Coppola financiou seu filme tendo que hipotecar bens porque nenhuma major, streaming, nem nada, achou uma boa ideia investir recursos em seu projeto. Tem alguma coisa estranha no reino da Dinamarca. Subiu há alguns dias as escadarias do Palácio do Festival por conta própria, cercado de sua turma: seus atores, incluindo o extraordinário Adam Driver, e sua neta, filha de Sophia. Independente. Ao selecioná-lo, Cannes nos lembra que o cinema de autor ainda pode e deve existir. Entre aplausos, vaias, críticas furiosas, outras generosas, um filme de Coppola sempre será imprescindível!

O Brasil, ainda se recuperando do pesadelo recém passado, também se fez muito bem presente, nos provando a força da insistência dos nossos cineastas. Karim Aïnouz está com seu “Motel Destino” na competição; “Baby”, de Marcelo Caetano, está na Semana da Crítica, como o curta metragem de animação de Valentina Homem, “A menina e o pote”. Também tem curta metragem na competição oficial: “Amarela”, de André Hyato, e o documentário “A queda do céu”, de Gabriela Carneiro da Cunha e Erik Rocha marcando presença na Quinzena dos Realizadores. Nada ruim para quem atravessou uma terra arrasada, como a de “Vidas secas”.

Nenhum desses filmes foi selecionado à toa: além de provarem a potência do cinema brasileiro, eles representam o que há de mais independente em nossa atual produção. E Cannes reconhece isso e se estabelece, cada vez mais claramente, como o palco do cinema de autor do mundo todo.

Porque é disso que estamos falando.

E é bom falar sobre isso, quando tenta-se passar projetos de leis, no Senado e na Câmara, para a regulamentação do streaming no país. Todos somos a favor de que haja essa regulamentação: o Brasil é um dos últimos países onde não há qualquer norma para a exploração do VoD e afins, o que não só é um absurdo, mas também injusto, já que todos os outros segmentos são tributados e seguem determinadas (e mínimas) regras. Mas nenhuma lei pode destruir o cinema brasileiro independente. Os realizadores brasileiros precisam e devem ser consultados, porque trata-se, no final das contas, de um problema de soberania.

Chico Buarque cantou uma vez mais ou menos o seguinte: “quem é o dono da voz? quem é a voz do dono?”.

Nós queremos ser donos das nossas vozes e das nossas imagens! Não queremos que nossas ideias e nossa criatividade sejam de terceiros. Não somos prestadores de serviços. Nós somos o que só nós podemos ser: autores da nossa própria história.

Chapeau, Thierry Fremaux!

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