Ana Paula Lisboa
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Meu caso de amor e ódio com o Brasil toda vez que vou ao país só aumenta. Aliás, mesmo quando estou em Luanda, isso permanece, e já contei que fujo da maioria dos brasileiros aqui, ainda que sejamos quase 30 mil, a maior comunidade do continente.

Eu só estive realmente de férias no Brasil uma vez, em sete anos, todas as outras visitas foram a trabalho ou para resolver tretas pessoais e familiares. Isso faz com que esteja quase sempre correndo durante a viagem e que o tempo passe muito mais rápido, quase não dá tempo de ver ninguém. Bom, é que foram 29 anos conhecendo pessoas, então acho que qualquer tempo seria mesmo pouco para revê-las. Ser amada dá trabalho e amar exige tempo.

Quando eu vou, me sinto uma grande observadora de costumes. Tenho um tempo próprio e, quando começo a me reacostumar com a cidade, a estada acaba. O Rio realmente não é a Disney nem, muito menos, para amadores.

É como estar de pé na borda de uma piscina olímpica cheia de gente e conseguisse enxergar coisas que quem está dentro dela não consegue. Não digo que é um lugar só de privilégios, é um camarote que me dá algum conforto, mas todo mundo sabe que o melhor da festa acontece na pista ou — neste caso — na piscina.

Quando este tempo de visita se torna mais espaçado, como foi o caso da minha última ida ao Rio, dois anos atrás, acho que esta vista da borda fica ainda mais analítica. O ponto um é o atual orgulho brasileiro. A pesquisa do Datafolha já havia revelado no fim do ano passado que 74% das pessoas se sentem satisfeitas em viver no Brasil e 83% sentem orgulho de ser brasileiro.

Não é à toa o Bruno Mars se autodeclarar Bruninho, o Vincent Martella vestir a camisa do Brasil, ganhar milhões de seguidores e até tirar o CPF, a Madonna ainda ter as unhas pintadas de verde e amarelo, mesmo após um mês do show histórico em Copacabana. Depois de longo período de ressaca identitária, agora (quase) todo mundo quer ser brasileiro, até mesmo nós.

E o orgulho não passa só por quem somos, é também sobre o que temos. Um Twitter (misericórdia, nunca vou aprender a escrever X) que viralizou nas últimas semanas fazia o questionamento: o que é melhor no Brasil que em qualquer outro lugar no mundo?

Pão de queijo, dentista, música, mortadela, manicure, higiene pessoal, festas, personal trainer, sistema bancário, lei da pensão, dermatologista, açaí, futebol, cerveja, buffet por quilo, depilação, filtro de barro, jogo do bicho, suco de fruta, urna eletrônica, dublagem, pão (francês) são das coisas que estão no topo da lista e das quais sinto mais saudade também. Mas as respostas são quase unânimes quando se fala da qualidade do SUS e do seu programa nacional de imunização.

Aqui da beira da piscina vejo tudo isso, mas me assusta a normalidade de algumas mudanças nesse tempo, como o caos que é ser pedestre em meio a motos, bicicletas, patinetes, skates, carros, ônibus e qualquer outro meio de transporte que pode te atropelar, mas que tem prioridade.

Ou, quando se tornou normal ter no mínimo dois empregos? E quando a gente se conformou que não vai se aposentar? E ninguém briga mais pela baixa dos preços da comida? Confesso que a uberização e o parcelamento da vida em 12 vezes me chocaram um pouco.

O poeta já disse: “Nova York é bom, mas é uma merda. Já o Rio é uma merda, mas é bom.”

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