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Dida Nascimento levou a ancestralidade africana para o Bar da Dida. Na foto, o painel reúne o mapa da África e o símbolo da região, o Baobá — Foto: Marcos Sobral
Dida Nascimento levou a ancestralidade africana para o Bar da Dida. Na foto, o painel reúne o mapa da África e o símbolo da região, o Baobá — Foto: Marcos Sobral

As fortes raízes da ancestralidade negra florescem na região da Grande Tijuca que, hoje, é ocupada por alguns dos mais completos espaços dedicados à cultura afro da cidade. Em um circuito de cerca de 6km, percorridos em menos de 15 minutos de carro por bairros vizinhos, há, pelo menos, quatro estabelecimentos que reúnem o melhor da gastronomia e cultura africana, embaladas por sambas de primeira.

Na Praça da Bandeira, um dos principais polos gastronômicos da zona norte, o Dida Bar e Restaurante é também um centro de referência negra. Nos dias 24, 25 e 26 de novembro, o casarão onde funciona o estabelecimento foi sede da 1ª Feira de Arte Negra do Rio. Proprietária e idealizadora do espaço, Dida Nascimento trouxe para a região uma relação ancestral com a cozinha. Sua mãe, conhecida como Tia Maria, era dona de um bar que promovia rodas de samba acompanhadas de angu à baiana na Pavuna, Zona Norte do Rio, enquanto seu pai era pesquisador das diferentes culturas africanas.

Para Dida, o movimento cultural que acontece na região está ligado à história e à ascensão da população negra.

—As pessoas negras, que ascenderam por vários motivos, como as cotas e as políticas de ação afirmativa, já tinham alguma história com a Tijuca e passaram a ter o seu próprio negócio e estabelecimento. Muitos não sabem, mas a região da atual Floresta da Tijuca foi devastada há séculos atrás, na época do plantio do café. Negros africanos e descendentes deles foram quem fizeram o reflorestamento. Outro ponto é que, durante a reforma feita pelo Pereira Passos, as pessoas negras que foram expulsas do Centro foram morar na grande Tijuca. Então, o negro sempre esteve presente ali — conta.

Artistas exibem suas obras da 1ª Feira de Arte Negra — Foto: Marcos Sobral
Artistas exibem suas obras da 1ª Feira de Arte Negra — Foto: Marcos Sobral

Para a empresária, o setor gastronômico e a cultura carioca só têm a ganhar com os novos pontos de encontro para beber e comer.

— As histórias não contadas passam a ser contadas, as informações que não estavam nos livros passam a estar. A memória e a cultura carioca só têm a ganhar e o setor gastronômico também, porque onde o turismo anda, a gastronomia anda. Além disso, a gente consegue dizer que existe uma gastronomia afro-carioca, tal qual existe a afro-baiana. Isso é muito importante para a identidade da nossa gastronomia — avalia Dida.

Consciência Negra

Maria Júlia e a escritora Eliana Alves Cruz celebram o 20 de novembro junto com a Velha Guarda da Mangueira — Foto: Divulgação
Maria Júlia e a escritora Eliana Alves Cruz celebram o 20 de novembro junto com a Velha Guarda da Mangueira — Foto: Divulgação

Dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o Kaza 123, na Visconde de Abaeté, em Vila Isabel, fechou o trecho da rua onde fica o estabelecimento para realizar um evento com show da bateria da Velha Guarda da Mangueira, feira de afroempreendedores e, claro, muitas delícias de inspiração africana. O espaço reúne o Angurmê Culinária Afro-Brasileira, cujo carro-chefe é o angu, uma livraria negra e marcas de roupas com mote africano.

A idealizadora do espaço, Maria Júlia Ferreira, é designer e cozinheira com saberes ancestrais. A empresária remete à história da população negra para explicar a importância de bares e restaurantes de cultura afro.

— A cultura carioca é calcada na cultura negra. Tira a cultura negra, acabou o Rio, acabou o carnaval, a roda de samba, a comida. Não tem nada. A importância desses espaços é a mesma que tinham as chamadas Zungus, casas onde as mulheres vendiam o angu, prato vendido pelas mulheres descendentes de africanas. É importante termos empresários pretos e pretas para mudar a desigualdade na sociedade — afirma.

Painel com grandes pensadores negros é uma das atrações do Kaza 123 — Foto: Divulgação
Painel com grandes pensadores negros é uma das atrações do Kaza 123 — Foto: Divulgação

Homenagem ao carnaval

No Maracanã, a Praça Niterói passou por uma revitalização em 2015 que possibilitou movimentar ainda mais a área. É lá que, depois de algumas andanças pela cidade, o Baródromo se instalou. A casa se firmou como bar que homenageia o universo do carnaval e do samba, com decoração e cardápios temáticos.

—A Grande Tijuca tem um lado boêmio e uma história muito ligada ao samba e ao carnaval. É a região com mais escolas de samba da cidade, que são oriundas da cultura afro. Trazer contribuição para uma região que tem essa temática é muito gratificante. Meu sócio e eu não somos pretos, mas estamos aqui para sermos aliados. A gente vem se comunicando de uma forma natural e isso reflete no nosso público. Fico muito feliz de ter uma casa que tem a temática do carnaval, que é um segmento construído pelas pessoas pretas, e ver que o nosso público é majoritariamente preto — celebra o empresário Felipe Trotta.

Um dos mais tradicionais espaços da Grande Tijuca é o Renascença Clube, no Andaraí, que se auto intitula um dos últimos quilombos urbanos do Rio de Janeiro. Foi fundado na década de 50 e abrigou, desde então, diversos eventos voltados à cultura negra. Hoje, é sede de umas das mais famosas rodas de samba da cidade, o Samba do Trabalhador, realizado às segundas-feiras.

Decoração do Baródromo é uma grande homenagem ao carnaval.  — Foto: Divulgação
Decoração do Baródromo é uma grande homenagem ao carnaval. — Foto: Divulgação
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