As áreas comuns dos residenciais de alto padrão foram ressignificadas junto com a moradia e ganharam funções novas e decoração arrojada. A pandemia proporcionou um choque de criatividade no projeto desses espaços, que foram redescobertos e muito usados durante o isolamento social por quem queria sair de casa sem se expor aos riscos de contaminação do coronavírus.
Para acompanhar essa tendência, as construtoras passaram a investir em móveis de estilo assinados por designers, obras de arte e parcerias com estúdios de renome internacional, além de projetar os espaços a partir de uma perspectiva de experiência e não mais de funcionalidade apenas.
— Os espaços, que eram fechados e usados apenas em ocasiões especiais, ganharam nova vida. As pessoas não querem mais um salão de festas com cadeirinhas de plástico. Elas anseiam receber seus convidados em um espaço que tenha o conforto de um lounge e uma ambientação mais afetiva — explica o arquiteto Celso Rayol, vicepresidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBea) e sócio da Citè Arquitetura.
Na avaliação de Renata Tavares, gerente de Marketing da Canopus, os clientes buscam residenciais que proporcionem boas experiências dentro e fora do apartamento. Nesse contexto, o que antes era apenas coadjuvante virou protagonista.
A iluminação, por exemplo, ganhou desenhos especiais para destacar o que há de mais original na arquitetura, e o paisagismo serve para aumentar a ideia de amplitude. Os espaços também estão sendo reinventados: o salão de festas foi equipado para diferentes ocasiões, de um jantar mais formal a uma balada, e o hall passou a ser o grande símbolo dessa tendência.
— Não é necessariamente uma questão de ter um mobiliário assinado, mas a imponência do espaço em si. Quem chega precisa ter a impressão de sofisticação e status para pensar: “Olha onde essa pessoa mora!”, e também querer morar ali, o que valoriza o imóvel — afirma Renata.
FATOR DE ENCANTAMENTO
A RJZ Cyrela também aposta na sofisticação das áreas comuns como fator de encantamento dos clientes. O Iconyc By Yoo, em Botafogo, mergulha na parceria com o celebrado Studio YOO e traz bancos dourados assinados pelo designer Philippe Starck e espelhos bisotados no hall; além de tapeçarias exclusivas nos salões de festas e de jogos. Um túnel iluminado faz a transição entre esses espaços. Até a piscina tem pastilhas douradas.
— Buscamos mobiliários exclusivos e reconhecidos internacionalmente, com ousadia e sofisticação, o que é a marca do Studio YOO — destaca o diretor de Incorporação da RJZ Cyrela, Carlos Bandeira de Mello.
Na Gafisa, os residenciais de altíssimo padrão também têm áreas comuns cinematográficas. O Tom, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, um dos endereços mais nobres da cidade, contará com uma galeria de arte na entrada. Obras de Vik Muniz, Ernesto Neto, Iole de Freitas e Irmãos Campana prometem arrancar muitos suspiros de admiração de quem entrar no prédio.
— A ideia é ser chique, elegante, contemporâneo e carioca. Em um projeto de alto padrão, precisamos pensar além dos atributos estéticos e oferecer algo de valor mais inatingível. Quantos prédios por aí têm uma galeria de arte? Isso torna um residencial muito autoral e exclusivo — pontua o diretor de Incorporação Gafisa Rio de Janeiro, Frederico Kessler.