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GERADO EM: 28/06/2024 - 04:35

Programa Santa Maria Acolhe: Acolhimento pós-traumático essencial

O programa Santa Maria Acolhe, criado após o incêndio na boate Kiss, tornou-se referência em acolhimento pós-traumático. A atenção psicossocial em desastres é essencial para lidar com as consequências a longo prazo e deve incluir ações educativas e de prevenção. O cuidado com a saúde mental das vítimas é fundamental para a reconstrução das comunidades afetadas.

De catástrofes climáticas a vidas perdidas em desastres potencializados pela omissão de agentes públicos ou privados, a história brasileira é atravessada por tragédias. Enquanto algumas vão desvanecendo com o tempo, outras ajudaram a criar diretrizes sobre como devemos reagir em situações extremas no que toca ao cuidado às vítimas. Atingida pelas chuvas, a cidade gaúcha de Santa Maria perdeu cinco moradores. Com famílias desalojadas e desabrigadas, o município viu entrar em ação um grupo de profissionais criado em outro momento delicado de sua história: o incêndio da boate Kiss, em 2013.

Logo após a tragédia que matou 242 pessoas e feriu outras 636, o programa Santa Maria Acolhe foi criado para prestar assistência aos sobreviventes e familiares, extensiva aos moradores da cidade, que, apesar de não diretamente envolvidos no incêndio, se viram abalados. A iniciativa acabou se transformando numa referência de acolhimento pós-traumático. Coordenadora de Saúde Mental de Santa Maria, Cláudia Pinto Machado Melo avalia que ter uma equipe permanente e especializada otimiza a assistência no momento em que a população mais precisa.

— Quando algo acontece, já temos um suporte. Facilita na organização desse cuidado, que às vezes vai ser uma cama, um banho, uma roupa limpa, o que dá segurança e faz toda diferença.

Integrante do Santa Maria Acolhe desde a fundação, o psicanalista Volnei Dassoler hoje atua como coordenador do programa. Para ele, a experiência no acolhimento psicossocial depois do incêndio da boate Kiss foi uma “virada de chave” que possibilitou o desenvolvimento de um método de assistência para situações como a de agora no Sul. — Há a perspectiva do atendimento especializado para quem entende que precisa. Mas, nesses desastres, muitas pessoas não vão conseguir identificar o sofrimento e buscar um psicólogo ou psiquiatra. Elas vão muitas vezes manifestar isso de outras formas, inclusive somatizando — afirma Dassoler. — Por isso, precisamos que os profissionais da atenção básica estejam sensíveis e qualificados para perceber os sinais.

Atuação pelo país

Além de agora, na catástrofe das enchentes, os cuidados psicossociais foram empregados em outros desastres no país: em 2015, no rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), que matou 19 pessoas e deixou feridas psicológicas e ambientais, e na queda do avião com a delegação da Chapecoense, em 2016, que resultou em 40 mortes. Quando a barragem da Mina do Córrego do Feijão,em Brumadinho, se rompeu, em 2019, causando 272 vítimas fatais, também houve troca de experiências entre profissionais de saúde da cidade mineira com colegas da gaúcha Santa Maria.

Coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial de Brumadinho, Izabella Chaves observa que o atendimento aos afetados por desastres não deve parar na resposta imediata, logo após a tragédia, mas que precisa continuar a longo prazo.

— Tem esse cuidado quanto tudo acontece, e que não pode invadir o espaço das vítimas. Mas é preciso pensar nas consequências que aparecem a médio e longo prazo na vida dos atingidos, desde os efeitos sociais e econômicos, como as mudanças no território e a perda de emprego, até as sequelas de saúde, como o aumento de quadros de ansiedade e depressão e até da dependência de álcool e outras drogas.

Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRP-RS), Míriam Alves defende que a atenção psicossocial não esteja presente apenas na resposta às tragédias, mas também nos planos de prevenção aos desastres que precisam ser elaborados pelos governos. A psicóloga afirma que isso é feito com ações educativas para que a população saiba o que fazer em caso de risco, o que, segundo ela, ameniza os danos psicológicos quando esse quadro se transforma num desastre.

— Pensando nas enchentes do Rio Grande do Sul, muita gente saiu de casa por não acreditar que a água subiria tanto. A população precisa saber como agir. O que eu faço quando a sirene toca? Para onde me desloco? Como me protejo? São ações concretas, práticas, que os municípios precisam tomar — pontua.

Dassoler observa ainda que, para além dos danos individuais, como a morte de um familiar, a destruição da casa ou a perda do emprego, quando o desastre é coletivo, afetando número expressivo de pessoas, um dos efeitos é a quebra da confiança e da segurança no futuro. Miriam Alves lembra que o processo de reconstrução do estado não pode se dissociar do restabelecimento das comunidades afetivas.

— O afeto é o que compunha aquela comunidade ou município que foi destruído. Pensar em saúde mental e atenção psicossocial é dar carne e osso para a casa que vai ser reconstruída. São pessoas que vão precisar refazer seu pensamento de pertencimento àquele território.

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