Área do Parque Nacional do Itatiaia atingida por incêndio estava interditada para atividade do Exército

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Em nota, o Exército disse que o foco de incêndio foi identificado "próximo à coluna de veículos" no momento em que os cadetes iniciavam sua retirada do parque e afirmou que a Aman contribuirá para a "elucidação" dos fatos.

Até a noite de segunda-feira, o fogo já havia engolido uma área de 200 hectares, segundo nota divulgada pela administração do parque. A área equivale a mais de 180 campos de futebol. O GLOBO teve acesso a imagens de uma câmera de segurança da Parte Alta do parque que mostram, pouco depois das 14h de sexta-feira, um comboio de militares ao lado de uma coluna de fumaça. As imagens foram divulgadas inicialmente pelo portal "((o))eco".

Segundo a nota divulgada pela administração do parque, o fogo teve início "nas proximidades do Morro do Couto e da portaria da Parte Alta (Posto Marcão)", o que corresponde ao ponto captado pela câmera, "por volta das 14 horas". Pessoas familiarizadas com o parque relataram ao GLOBO que a vegetação seca nesta época do ano é propícia a queimadas, agravadas pelo vento, o que exige cuidados redobrados.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) restringe o uso de fogo dentro do parque a queimas controladas em propriedades particulares, desde que previamente autorizadas.

Há cerca de duas semanas, a própria administração do parque informou que "os acessos ao Pico das Agulhas Negras e as Prateleiras", que compõem a Parte Alta do Parque do Itatiaia, estariam "interditados" por conta do "estágio de montanha" dos cadetes da Aman.

A interdição ocorreu entre os dias 13 e 14 de junho, data em que começou o incêndio. Alguns desses acessos estão demarcados no mapa do parque a menos de três quilômetros do local onde o comboio militar foi avistado junto à coluna de fumaça. O objetivo da interdição era isolar a área para a realização da atividade dos cadetes da Aman, que acontece todos os anos.

Voluntários que auxiliaram no combate ao fogo relataram à reportagem que os próprios militares alertaram os brigadistas do parque sobre o início de incêndio, na última sexta, e se juntaram aos esforços para ajudar a apagá-lo.

Segundo os relatos, porém, os militares não carregavam itens básicos para atuar no combate às chamas, como Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

"Quando eles viram que havia iniciado o fogo, foram avisar os brigadistas, mas aí já tinha tomado uma proporção maior. Foi muito rápido. (...) Eles ajudaram, só que assim como os voluntários eles não tinham EPIs para fazer esse combate", afirmou o corredor Wilton Nascimento, um dos voluntários que auxiliou na contenção do fogo, em vídeo divulgado nas redes sociais.

Procurada, a Aman orientou O GLOBO a direcionar as perguntas ao Departamento de Educação e Comunicação do Exército (Decex). Em nota enviada à reportagem, o Decex informou que, após o fogo ser detectado próximo ao comboio de veículos na tarde de sexta-feira, "alguns militares desembarcaram e iniciaram o combate ao incêndio, utilizando os extintores das viaturas e meios disponíveis no momento".

O Decex argumentou que, devido ao vento e à vegetação "bastante seca", o fogo se alastrou rapidamente.

"As viaturas militares foram retiradas do local por questão de segurança e, ato contínuo, a direção do Parque Nacional de Itatiaia foi informada, tendo havido imediata mobilização de apoio do Exército ao parque na contenção do incêndio, o qual vem ocorrendo ininterruptamente", diz a nota.

O Exército afirmou ainda que "não tem conhecimento" de que havia uma interdição na Parte Alta do parque por conta da atividade dos cadetes. No comunicado, o Decex frisou que as causas do incêndio "serão apuradas pelas autoridades competentes", e que a Aman ajudará na apuração e no "esforço conjunto para a recuperação e a preservação do meio ambiente no parque".