Dois criminosos acusados de integrar a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e suspeitos de terem planejado o sequestro do senador Sergio Moro (União-PR) foram assassinados na tarde desta segunda-feira, na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau (SP).
As vítimas são Janeferson Aparecido Mariano Gomes, conhecido como “Nefo”, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o “Rê”, ambos de 48 anos. Segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, relatou ao portal g1, os criminosos foram mortos a facadas por outros detentos. Nefo teria sido atacado quando foi levado ao banheiro do presídio, enquanto Rê teve o mesmo fim momentos depois, no pátio da unidade.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), três presidiários assumiram a autoria dos homicídios e foram isolados na unidade. Um quarto suspeito é investigado pela Polícia Civil. Ainda segundo a pasta, a Polícia Civil está periciando o local e foi instaurado um procedimento apuratório para esclarecer as circunstâncias das mortes.
Nefo e Rê estavam presos desde março do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Sequaz pela Polícia Federal. A dupla teria planejado o sequestro e a posterior execução de Sergio Moro no período das eleições de 2022. Para isso, o PCC gastou quase R$ 3 milhões no plano que envolvia o aluguel de imóveis em Curitiba, onde Moro atuava, e o monitoramento das atividades do ex-juiz e de sua família ao longo de pelo menos seis meses. Além do ex-juiz da Lava-Jato, o próprio promotor Lincoln Gakiya também era alvo de um plano da facção criminosa.
Nefo foi apontado pelos investigadores como o chefe do grupo “restrita”, responsável pelo planejamento e execução do atentado contra Moro. Essa célula da facção é, segundo uma testemunha ouvida pela Polícia Federal, a responsável por ataques a autoridades e a órgãos públicos, bem como a execução de faccionados considerados importantes — os demais são submetidos ao "tribunal do crime".
Os investigadores destacaram no pedido de prisão de Janeferson que o suspeito desfrutava de bens caros, o que “só ocorre com os integrantes do topo da pirâmide” da facção criminosa.
Foi a partir de mensagens enviadas por Janeferson que os investigadores descobriram o uso dos códigos “Flamengo”, usado para “sequestro”, e “Tokio”, atribuído a Sergio Moro.
Ainda segundo os investigadores, o PCC pretendia atacar Moro como um gesto de vingança uma vez que o agora senador assinou, quando era ministro da Justiça, uma portaria que restringiu as visitas a presos em presídios federais.
Já Reginaldo Oliveira de Sousa, o "Rê", era "conhecido por ações violentas" e também integrava a chamada "área restrita" do PCC. Ele seria um dos responsáveis pelo financiamento da ação contra Moro.
Reginaldo possuía antecedentes por roubo e tráfico de drogas. Em uma das vezes que foi preso, em agosto de 2003, estava em um carro roubado onde uma granada foi encontrada. Na época, ele foi apontado como um dos que atacaram três soldados da PM, em Taboão da Serra, nos dias anteriores, com artefatos explosivos.