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Por — São Paulo

Durante debate realizado nesta terça (12) em São Paulo, especialistas em educação, diversidade e representantes do Poder Público apontaram que combater a evasão escolar requer políticas públicas variadas e não apenas bolsas, e que a participação da sociedade e das empresas é fundamental neste processo. Pesquisa realizada pela Fundação Roberto Marinho com a Fundação Itaú Educação e Trabalho mostrou que 73% dos jovens entre 18 e 29 anos que deixaram a escola têm intenção de concluir os estudos, mas a conciliação do trabalho com o ensino é o maior obstáculo.

Em relação ao papel da iniciativa privada, o maior desafio apontado foi a baixa adesão das empresas ao programa Jovem Aprendiz. Segundo dados do Ministério do Trabalho, em outubro de 2023, 54% das vagas previstas para jovens aprendizes nas empresas não haviam sido preenchidas, o que mostra que as companhias não têm cumprido as cotas mínimas (de 5% a 15% do quadro de funcionários) de contratação de aprendizes.

Carla Chiamareli, gerente de Gestão do Conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, afirmou que é preciso uma “ação emergencial” para que os 8,8 milhões de brasileiros de 18 a 29 anos que abandonaram o ensino básico.

— O Pé de Meia evita que os jovens saiam da escola, mas é preciso pensar em soluções para quem já saiu. É preciso uma ação emergencial para lidar com esse absurdo que a gente encontrou, a gente ter tanta gente sem ensino fundamental. Será que a gente não pode pensar dentro das empresas um programa para a juventude? O programa de Jovem Aprendiz é importante, mas a gente não cumpre a cota nas empresas — destacou.

Gabriela Rozman, gerente de Conhecimento e Parcerias no Pacto Global, disse que tem discutido isso com as empresas para que haja esse diálogo entre mercado de trabalho e educação.

— Vamos discutir no Pacto, junto com as empresas, as oportunidades de inclusão de aprendizes, pesquisas mostram que 68% dos jovens que participam do programa de aprendizagem conseguem emprego no mercado formal. Existe mais interesse do que eu imaginava das empresas de olhar para esse tema, as empresas querem profissionais qualificados, então existem várias saídas, como o empreendedorismo, a lei de aprendizagem, o estágio, trainee — apontou.

Michael França, coordenador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper, destacou que é preciso olhar para os jovens que são pais e mães na adolescência, o que deixa a permanência na escola ainda mais desafiadora.

— São jovens pobres e quando eles têm um filho, se tornam um vetor muito forte de perpetuação da pobreza. É uma discussão que eu não entendo por que a sociedade brasileira não consegue avançar. As pessoas mais favorecidas, com maior escolaridade, elas tendem a ter filhos mais tarde, um filho só, enquanto os jovens menos favorecidos têm mais filhos e começam a ter filho mais cedo, o que diminui a renda per capita familiar. Além disso, para manter o estudo, muitas vezes o jovem mais pobre vai ter que quebrar com algo que não é natural. Muitas vezes nem os pais vão valorizar a educação, a depender do contexto em que você está, a família não vai incentivar o jovem a estudar — falou.

Yann Evanovick Leitão Furtado, coordenador geral de Políticas Educacionais para a Juventude do Ministério da Educação, afirmou que um dos principais desafios da educação no país é uma política para as quase 10 milhões de pessoas analfabetas. Ele destacou dois programas, o Projovem e o Pé de Meia, como políticas importantes para evitar a evasão escolar no ensino fundamental e médio, respectivamente.

— Nós temos um pacote de políticas para serem lançadas, como o pacto nacional pelo enfrentamento ao analfabetismo, uma política nacional etnico-racial voltada para a educação e o Pé de Meia, que talvez seja a maior política desse governo que é uma agenda de enfrentamento à evasão escolar. E o Pé de Meia vai chegar ao EJA — destacou.

O MEC já havia anunciado que os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de até 24 anos seriam beneficiados com o programa, mas para esta categoria a pasta ainda está regulamentando o pagamento. Os valores serão os mesmos, mas é preciso definir o calendário de pagamentos porque o curso é mais rápido — cada ano do ensino médio é concluído em seis meses.

No evento, também foi assinada uma parceria da Fundação Roberto Marinho com o grupo CCR para apoiar a formação de 100 mil jovens em economia criativa até o primeiro semestre de 2025 por meio da plataforma co.liga, que oferece cursos gratuitos em cultura, tecnologia e economia criativa. A CCR irá destinar R$ 1,5 milhão para incentivar a ampliação do número de inscritos na plataforma, para a criação de um curso inédito e para a implantação de um laboratório totalmente equipado em uma das instalações do grupo para o uso gratuito pelos estudantes.

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