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Por e — Rio de Janeiro

O sérvio Darko Geisler vivia no Brasil com a identidade falsa do esloveno Dejan Kovac. Até que, na última sexta-feira (5), foi morto a tiros no portão de casa, em Santos, no litoral paulista, diante da mulher e do filho. Mais tarde, a Polícia Civil do estado confirmou que a vítima era, na verdade, um foragido da Justiça sérvia e um matador de aluguel que atuava para clãs da máfia local.

Assim como o sérvio, outros estrangeiros procurados ou condenados por crimes escolheram o Brasil para se esconder das autoridades e, em alguns casos, também do alcance de criminosos rivais. Por aqui, casaram-se, tiveram filhos, se lançaram em novos ofícios, muitas vezes com nomes falsos. Um dos casos mais emblemáticos é o de Ronald Biggs, considerado o "ladrão do século" pelo assalto a um trem pagador, em 1963, no Reino Unido. O britânico viveu por mais de três décadas no Rio de Janeiro, beneficiado pela legislação brasileira.

Viveram situação semelhante o foragido da Justiça italiana Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua pela morte de quatro pessoas, e o mafioso da Cosa Nostra Tommaso Buschetta, conhecido por ter delatado centenas de cúmplices. Após anos de residência, ambos acabaram extraditados. Conheça as histórias de outros estrangeiros que cometeram crimes e, depois, vieram para o Brasil.

Darko Geisler

Matador de aluguel sérvio fugiu após matar guarda-costas e número 1 de máfia de montenegro — Foto: Reprodução
Matador de aluguel sérvio fugiu após matar guarda-costas e número 1 de máfia de montenegro — Foto: Reprodução

Foragido das autoridades, o sérvio Darko Geisler se tornou alvo de mandados de prisão da Interpol até reaparecer morto na cidade de Santos, em São Paulo. Darko Geisler, que segundo a TV Tribuna, trabalhava como carpinteiro e morava no bairro Embaré, foi executado a tiros quando chegava em casa, na última sexta-feira (5). A Polícia Civil confirmou que ele vivia no litoral com a identidade falsa do esloveno Dejan Kovac e era, na verdade, um matador de aluguel que atuava para clãs da máfia local.

Há cerca de 10 anos, em dezembro de 2014, Geisler disparou contra Andrija Mrdak, guarda-costas e número um de Armin Musa Osmanagić, na época, líder de um dos principais clãs mafiosos de Montenegro. Mrdak foi assassinado na frente de uma penitenciária de Montenegro, onde havia ido visitar o irmão, preso por homicídio. O atirador conseguiu escapar e seu paradeiro se tornou desconhecido pelos próximos anos.

O assassinato teria sido mais um capítulo em uma briga de clãs criminosos. Meses após a morte do guarda-costas, em setembro de 2015, a polícia de Montenegro disse acreditar que Darko Geisler estava escondido em algum país do Leste Europeu e que um mandado de prisão havia sido emitido em seu nome. Como Geisler havia sido ferido no episódio, fontes policiais chegaram a afirmar ao tabloide Blic que ele poderia ter morrido.

Tommaso Buscetta

Escoltado por policiais italianos, Tommaso Buscetta chega ao tribunal para depor contra a máfia — Foto: AFP
Escoltado por policiais italianos, Tommaso Buscetta chega ao tribunal para depor contra a máfia — Foto: AFP

Tommaso Buscetta se instalou no Brasil em três períodos diferentes. A primeira passagem pelo país foi no início da década de 1950, quando ficou pouco mais de um ano em São Paulo com a família. Voltou em 1971, após pagar fiança e deixar a prisão nos Estados Unidos.

Mas, em novembro de 1972, cercado por homens do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) num avião militar, Buscetta viu os policiais ameaçarem lançar sua mulher da aeronave. Só então admitiu que não era Tomás Felice, sua identidade falsa, mas sim, um mafioso de vínculos com a Cosa Nostra. Ele virou alvo da repressão depois de tentar comprar uma fazenda que pertencia ao ex-presidente João Goulart para transformar o local num entreposto do tráfico. Os agentes da ditadura acharam que ele elaborava um plano para a volta do líder, então exilado no Uruguai.

Após ser preso e torturado pelos mesmos agentes que perseguiam militantes políticos durante a ditadura militar, Buscetta foi extraditado para a Itália, onde foi condenado e ficou preso até 1980. No ano seguinte, voltou ao Brasil fugindo da guerra interna da Cosa Nostra, que nos anos seguintes vitimaria seus aliados mais próximos e alguns de seus filhos.

Em 1983, Tomasso foi preso novamente no Brasil e, três anos mais tarde, extraditado para os Estados Unidos. Buscetta decidira colaborar com o juiz Giovanni Falcone — assassinado pela máfia em maio de 1992 — depois que os corleoneses mataram dois de seus filhos e mais de 20 parentes. Tornou-se um delator. Em troca da colaboração, ganhou uma nova identidade e proteção. Ele morreu em 2000, aos 71 anos, vítima de leucemia e câncer nos ossos.

Cesare Battisti

Battisti deixou o Brasil e fugiu para a Bolívia no final de 2018, onde acabou preso — Foto: Reprodução Polizia di Stato
Battisti deixou o Brasil e fugiu para a Bolívia no final de 2018, onde acabou preso — Foto: Reprodução Polizia di Stato

O ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua pela Justiça da Itália em 1988, fugiu para o Brasil em 2004. Três anos depois, teve a prisão preventiva decretada. Na época, morava no Rio de Janeiro e foi transferido para a Papuda, em Brasília. Battisti teve reconhecida a condição de refugiado político pelo Ministério da Justiça brasileiro.

Battisti foi condenado por ter participado, no fim dos anos 1970, de quatro homicídios atribuídos ao grupo italiano de esquerda "Proletários Armados pelo Comunismo", considerado praticante de atos terroristas pelo governo da Itália. Integrante do grupo, Battisti chegou a ficar dois anos preso na Itália, mas fugiu da cadeia em 1981. Em 2004, ele se mudou para o Brasil após ter sua condição de refugiado revogada na França.

Em junho de 2011, o STF rejeitou o pedido de extradição para a Itália, por seis votos a três, e decidiu pela libertação de Battisti. Logo em seguida, ele deixou a penitenciária da Papuda e permaneceu no país, onde se tornou escritor. O foragido da Justiça italiana residiu no Brasil até 2019, quanto teve sua extradição autorizada durante a gestão do então presidente Michel Temer. Battisti chegou à Itália no mesmo ano, após ser capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, onde tentava se esconder.

David Peregrina

David Peregrina Capó e Erica da Silva Santos foram assassinados na Bahia — Foto: Reprodução/Instagram
David Peregrina Capó e Erica da Silva Santos foram assassinados na Bahia — Foto: Reprodução/Instagram

O chef de cozinha espanhol David Peregrina Capó e a mulher, a brasileira Érica da Silva Santos, foram mortos a tiros em novembro do ano passado na ilha onde mantinham um restaurante, na Bahia. Em meio às investigações do caso, veio à tona o passado criminoso da vítima. O espanhol se instalara no Brasil e começara uma nova vida para fugir de duas condenações envolvendo golpes milionários em seu país natal.

Em um dos casos, o espanhol roubou o equivalente a R$ 1,1 milhão do restaurante Ca n'Eduardo, em Palma, do qual era gerente, entre 2010 e 2011. Ele embolsava os pagamentos em dinheiro feitos pelos clientes. Quando foi contratado para trabalhar no local, ele já respondia na Justiça por outro golpe.

De acordo com o jornal "El Mundo", Peregrina foi um dos 28 acusados de um complô para fraudar o banco onde ele trabalhava como diretor de sucursal. O esquema envolvia falsos empréstimos hipotecários que, entre 2003 e 2004, levaram ao desvio de mais de 2 milhões de euros (R$ 10 milhões, na cotação atual). O escândalo ficou conhecido como "o caso das hipotecas fantasmas". A mídia local identificou Peregrina como líder do esquema e divulgou que ele havia fugido para o Brasil.

Depois de fugir para o Brasil, Peregrina montou um restaurante numa área remota da cidade turística baiana de Porto Seguro, ao lado de Érica. O delegado responsável pela investigação do duplo homicídio, Euler da Silva, contou que o casal tinha um acordo com Eliandro Lourenço Menezes, em que entregariam parte da ilha ao homem como pagamento pelo trabalho de caseiro durante a ausência dos dois. No entanto, o caseiro usou o local para traficar drogas e armazenar armas para uma facção criminosa, o que teria motivado a quebra do combinado entre as partes e levado ao assassinato.

Ronnie Biggs

Ronald Biggs exibe cartaz publicado pela polícia britânica após assalto a trem — Foto: AFP
Ronald Biggs exibe cartaz publicado pela polícia britânica após assalto a trem — Foto: AFP

O britânico Ronald Biggs foi considerado o “ladrão do século” por protagonizar o assalto a um trem pagador em 1963 no Reino Unido. Ele morreu em dezembro de 2013, aos 84 anos, em Londres. Condenado a 30 anos de prisão, Biggs conseguiu fugir do Reino Unido e acabou no Rio de Janeiro, onde viveu por 36 anos.

O assalto milionário foi um dos maiores da história britânica — o dinheiro nunca foi recuperado. Ele liderou a gangue de cerca de 15 homens que conseguiu, em 8 de agosto de 1963, parar um comboio ferroviário, que viajava de Glasgow a Londres, manipulando a sinalização. Depois de ferir gravemente um funcionário, o grupo fugiu com 120 sacos de notas usadas somando 2,6 milhões de libras, uma quantia recorde para a época.

Após 15 meses atrás das grades, Biggs fugiu dentro de um caminhão que levava móveis. Em Paris, ele fez cirurgia plástica e depois foi para a Espanha, para a Austrália e, finalmente, em 1970, para o Brasil. O jornal britânico “Guardian“ relembra que, em 1974, o diário Daily Express localizou Biggs no Rio. A Scotland Yard fez esforço para capturá-lo, mas o fugitivo acabou beneficiado pela legislação brasileira.

Em 1981, Biggs chegou a ser sequestrado e levado para Barbados, por um grupo que desejava transferi-lo para o Reino Unido. Um tribunal local decidiu, porém, que ele deveria ter permissão para voltar ao Brasil. No Rio, Biggs teve um filho com uma brasileira.

Mike Biggs foi integrante da Turma do Balão Mágico — grupo infantil que fez muito sucesso nos anos 1980. Em 2001, o fugitivo sofreu um derrame no Brasil e resolveu voltar para o seu país de origem, onde foi preso. Com os problemas de saúde, ele conseguiu um indulto e deixou a cadeia em 2009.

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