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Por O Globo — Rio de Janeiro

De um lado, as sucessivas ondas de calor enfrentadas em quase todo o Brasil. Do outro, os temporais que se concentram em grande parte da Região Sul. Somente nos últimos dias, pelo menos seis pessoas, entre elas uma criança de 2 anos, foram vítimas do clima extremo.

Na noite desta sexta-feira, a jovem de 23 anos, Ana Benevides morreu após passar mal por conta do forte calor na cidade, durante a apresentação da cantora Taylor Swift, que estreou sua turnê no Brasil no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.

A combinação entre a negligência do motorista de uma van escolar, em São Paulo, e a temperatura de quase 40 graus registrada na capital paulista durante a tarde da última terça-feira, terminou em tragédia. Esquecido no interior do veículo, quando, na verdade, deveria ter sido deixado na creche no início da manhã, o menino Apollo Gabriel Rodrigues, de apenas 2 anos, morreu sob circunstâncias que, de acordo com a perícia, estariam ligadas diretamente à condição climática.

Na noite de quarta-feira, um ginásio esportivo desabou após as chuvas intensas em Giruá, no Rio Grande do Sul. Uma mulher morreu e sessenta pessoas ficaram feridas, segundo a Defesa Civil do estado. Já em Santa Catarina, duas mulheres morreram durante uma enxurrada na cidade de Taió, nesta quinta-feira.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 808 cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão com alerta de perigo, devido aos fortes ventos e temporais que podem causar corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e alagamentos.

Em Minas, outro registro de morte, também na terça-feira. Uma idosa de 73 anos passou mal por conta do calor enquanto fazia compras num supermercado que fica na Avenida Getúlio Vargas, na região central da cidade, e não resistiu. No mesmo município, pelo menos outros dois idosos também precisaram ser socorridos com sintomas ligados à alta temperatura.

Minas Gerais está entre os estados onde houve maior incidência de temperaturas acima dos 40 graus. Em Unaí, por exemplo, onde a idosa de 73 anos morreu, os termômetros marcaram 42,6 graus.

E a tendência não é das melhores. Quase cinco vezes mais pessoas morrerão provavelmente devido ao calor extremo nas próximas décadas, alertou uma equipe internacional de especialistas nesta quarta-feira, acrescentando que, sem ação sobre as alterações climáticas, a “saúde da humanidade corre grave risco”. O calor letal é apenas uma das muitas formas pelas quais o uso ainda crescente de combustíveis fósseis no mundo ameaça a saúde humana, de acordo com o relatório Lancet Countdown.

A pesquisa, resultado de uma colaboração internacional de 114 cientistas de 52 centros de pesquisa e agências da ONU de todo o mundo, monitora os impactos das mudanças climáticas na saúde e é publicada anualmente pela revista científica The Lancet, a mais importante sobre medicina.

Entenda o fenômeno CCM, que levou chuva ao Sul

De acordo com informações da MetSul, o extremo de chuvas que atinge o Sul do país é causado pelo Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), um grande aglomerado circular e de longa duração de nuvens muito carregadas, de grande desenvolvimento vertical, que podem atingir de dez a vinte quilômetros de altura.

O nome complexo decorre do fato de serem muitas áreas de tempestade reunidas em um mesmo sistema e que podem provocar chuva volumosa e tempestades fortes a severas de vento e granizo, não raro com fenômenos mais extremos como tornados e microexplosões atmosféricas.

Estes sistemas ocorrem em vários continentes, como na América do Norte, Ásia, Europa e África. Na América do Sul, de acordo com a MetSul, ocorrem alguns dos Complexos Convectivo de Mesoescala mais intensos do mundo, e tendem a se formar entre o Norte e o Nordeste da Argentina, o Paraguai e o Sul do Brasil. O Paraguai, em especial, costuma registrar uma frequência altíssima deste tipo de fenômeno.

Onda de calor: termômetros de rua são confiáveis?

Os termômetros espalhados pelas ruas muitas vezes são lembretes de um período marcado por extremos climáticos no país. Mas é possível confiar nos equipamentos disponíveis nas vias urbanas? Os dados divulgados por eles são precisos? Como explicar a diferença de temperatura entre eles, mesmo quando estão próximos?

Para o professor de física Fernando Lang da Silveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), antes de explicar essas questões é preciso falar sobre as medidas de temperatura do ar feitas por estações meteorológicas, como as do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Esses órgãos, que fornecem "dados oficiais", possuem estações meteorológicas com equipamentos específicos.

"Não basta se dispor de termômetros confiáveis e calibrados para se realizar as medidas", escreveu o professor. "Como o objetivo é medir a temperatura do ar, os termômetros se encontram em um abrigo", que, "além de ser branco para minimizar a absorção de energia térmica e estar a 1,5m do solo", por exemplo, também "permite a circulação natural do ar" por meio de venezianas.

Já no caso dos relógios digitais disponíveis nas ruas, explicou, há um sensor do tipo termistor ou termopar, e "a medida da temperatura é consequente de um sinal elétrico oriundo" dele. O especialista afirmou que a medida de temperatura feita por esses termômetros é precisa quando eles estão "adequadamente calibrados", mas pontuou que esses relógios "medem a temperatura do próprio sensor".

Ou seja, se nas estações meteorológicas o objetivo é garantir que a temperatura registrada seja "o mais próximo possível da temperatura do ar atmosférico", os relógios digitais têm seus dados "influenciados" pelo local em que estão instalados. Muitas vezes expostos à radiação solar direta, o sensor do termômetro é aquecido, e a medida apresentada "usualmente não fornece a temperatura do ar atmosférico".

Temperatura 'real' ou sensação térmica?

Assim, esses aparelhos "captam uma temperatura 'real'", mas que "não é uma medida fidedigna do ar atmosférico". Ao mesmo tempo, também não é correto dizer que os termômetros de rua mostram a sensação térmica, já que as estimativas desses dados "envolvem outros fatores além da temperatura, tais como umidade relativa e velocidade do vento".

"Em resumo, eles servem para se ter uma informação mais ou menos confiável da temperatura do ar atmosférico, frequentemente com muitos graus de diferença em relação ao valor efetivo da temperatura do ar", destacou o professor.

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