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Por Bianca Gomes — São Paulo

Vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD) foi designado por Tarcísio de Freitas para encontrar a solução de um problema que perdura há pelo menos três décadas na capital paulista: a cracolândia. Ele diz que assume a missão sem solução pronta e pretende escutar especialistas e a sociedade civil. Na primeira entrevista no seu gabinete no Palácio dos Bandeirantes, Ramuth afirmou que não descarta soluções colocadas à prova em outras gestões, como a do petista Fernando Haddad na prefeitura. Na gestão de Ramuth como prefeito de São José dos Campos, o envio de moradores de rua para unidades de acolhimento mais que dobrou entre 2020 e 2022.

O senhor cuidará apenas da cracolândia ou terá outros projetos?

Vou acompanhar outros projetos. Mas neste momento, o foco será na cracolândia e na população em situação de rua. Temos de 30 a 40 mil. Destas, de 1,5 mil a 3 mil são usuárias de drogas.

Haverá um grupo de trabalho?

O grupo será o governador, o prefeito de São Paulo, eu, um representante designado pelo prefeito, além de secretários municipais e estaduais e pessoas que atuam diretamente na região, como secretários das subprefeituras e o delegado seccional da região central. Teremos reuniões periódicas com a sociedade civil — como igrejas, ONGs, entidades e associações — com o Tribunal de Justiça, Defensoria e Ministério Público. É uma ação entre entes da federação e entre poderes. Um trabalho que vai exigir bastante esforço, porque não viemos com solução pronta. A ideia é construir a solução em conjunto. Não estamos juntando um time para impor soluções.

Em qual etapa está o grupo?

Os secretários estão buscando diagnósticos dos equipamentos públicos do estado e dos programas para que a gente possa, na semana do dia 20, ter a primeira reunião com os outros poderes sobre esse tema. Temos, hoje, muitas iniciativas boas, mas que acontecem de forma descoordenadas, como se cada um estivesse remando para uma direção. Queremos integrar.

Que ação é descoordenada?

Na área social, há um desencontro de cadastros do município e do estado. Cada um tem o seu. Precisamos integrar informações. Não só da população, mas de todo esse trabalho com a cracolândia e a população de rua. Além de dados, vamos integrar objetivos, metas e informações.

Quais soluções o senhor traz?

As melhores ideias que serão gestadas por esses especialistas que o estado e a prefeitura têm, escutando a sociedade civil. Não há nenhuma opinião formada. Estudei o tema, mas a construção será uma cocriação de ações. Não existe nenhum direcionamento ainda. Vamos criar propostas junto à prefeitura e apresentar à sociedade civil para saber se há sinergia.

A sociedade civil passará por todas as decisões?

Vamos ouvi-la sempre. Só por isso, fatalmente o resultado será muito melhor do que hoje, não tenho dúvida. Existe recurso, por parte do estado e prefeitura. O que precisamos é criar uma metodologia de fato.

Como o senhor vê a dispersão da cracolândia, ocasionada pela Operação Caronte?

Já escutei pelo menos quatro opiniões diferentes sobre o impacto da dispersão e da Caronte. Não tenho uma opinião determinada. A prefeitura tem defendido e feito ações com o estado até então. Vamos entender os resultados e ver o caminho a ser tomado. Hoje parece que a estratégia vai para um lado, depois vai para o outro.

Em quatro anos é possível acabar com a cracolândia e reduzir a população em situação de rua?

Não tenho dúvidas.

Como o senhor avalia o programa De Braços Abertos, da gestão Haddad?

É uma abordagem sobre o tema. Ela não resolveu o problema. Mas apesar dos erros, teve acertos também.

Quais?

O processo de remunerar pode até ser uma iniciativa boa, desde que se consiga saber o destino desse recurso que o estado está dando. O que vimos é que o recurso caminhou para o lado errado: o próprio consumo de drogas. Mas isso não descarta as possibilidades por si só. Precisamos ter muita tranquilidade para olhar os lados positivos e negativos de todas as iniciativas. No governo Serra-Kassab houve uma diminuição drástica, com os centros de atendimento na região central. Não apoio nem descarto nenhuma iniciativa. Não se trata de uma questão partidária ou ideológica, não tenho compromisso com isso.

Por que o problema não acabou em 30 anos?

Não tenho dúvida de que se os trabalhos do estado e da prefeitura fossem integrados teríamos resultados melhores. Nos últimos anos, governo do estado e prefeitura eram de partidos distintos, salvo a época em que Kassab era prefeito e Serra, governador. Nos outros momentos, não tivemos sinergia partidária. O que não é um problema para a nossa gestão.

O senhor já recebeu algum diagnóstico?

O diagnóstico está sendo construído em conjunto, pelo estado e pelo município. Algumas oportunidades de melhoria já foram identificadas, como a governança pela prefeitura da Atividade Delegada, que é quando o município compra horas de folga dos policiais militares para eles continuarem atuando. Em todos os lugares, quem determina onde estarão os policiais é quem paga. Em São Paulo, não. Também a padronização da Jornada do Paciente, com portas de entrada para cada serviço bem definidas, e a melhor utilização das comunidades terapêuticas, com encaminhamentos pelo município e estado. Há uma resistência dos serviços municipais de saúde neste tipo de encaminhamento. A padronização dos protocolos de atendimentos facilitará.

Há um temor de que haja uso excessivo da força policial na Cracolândia.

Esse temor inicial era por acharem que o governo poderia ter uma visão mais radical. Mas já se viu que não, de forma alguma. Nosso foco é cuidar das pessoas.

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