Sonar - A Escuta das Redes
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Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

Informações da coluna

Por Jéssica Marques — Rio de Janeiro

Internautas e opositores de Jair Bolsonaro (PL) foram às redes sociais repudiar as falas machistas do presidenciável em seu discurso pelo 7 de setembro realizado em Brasília. Depois do desfile cívico-militar, o presidente conclamou apoiadores a compararem Michelle Bolsonaro e Rosângela Silva, a Janja, companheira de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O presidente ainda usou o palanque para dizer que é "imbrochável", puxando coro com esses dizeres entre seus apoiadores.

A fala de Bolsonaro, em particular o uso da palavra "imbrochável" não repercutiu bem nas redes sociais, gerando duras críticas ao candidato do PL. As palavras "broxonauro", "viagra" e o nome da filósofa francesa "Simone de Beauvoir" foram parar nos Trends Topics do Twitter.

Usuários da rede social mencionaram o escândalo da aprovação da compra de 35 mil unidades de viagra pelas Forças Armadas em abril. A aquisição da Sildenafila, substância geralmente utilizada para tratar disfunção erétil, foi justificada pelo presidente como "não é nada". Na época, Bolsonaro afirmou que o medicamento foi comprado para “combater a hipertensão arterial e também as doenças reumatológicas” e que seria "mais usado pelos inativos e pensionistas".

Já Simone de Beauvoir foi lembrada por um trecho de seu livro "O segundo sexo", obra de 1949 que é considerada fundamental para a teoria política feminista. “Ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso, do que o homem que duvida de sua virilidade”. O pensamento da francesa foi tuitado até mesmo pelo influenciador digital Felipe Neto.

Ainda na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro usou o termo “princesa” para perfilar mulheres que seriam, segundo o próprio, "ideais para o casamento":

— Eu tenho falado para os solteiros que estão cansados de ser infelizes: procure uma mulher, uma princesa, se casem com ela, para serem mais felizes ainda — disse.

Bolsonaro, que enfrenta rejeição entre o eleitorado feminino e conta com a participação da primeira-dama Michelle na campanha para angariar votos, se apropriou da popularidade da primeira-dama entre o público feminino evangélico, para reverter esse quadro.

― Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, da família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não, às vezes ela está na minha frente — disse o presidente, em desfile, que depois puxou para si o coro de "imbrochável".

A imagem da primeira-dama

A campanha de Bolsonaro tenta reverter os danos causados pelo candidato por declarações agressivas contra mulheres em debates e entrevistas. Uma das estratégias é usar mais a imagem de Michelle, com participações no horário eleitoral e registros do casal. Neste 7 de Setembro, Bolsonaro fez questão de beijar a mulher diante do público e tecer elogios a ela.

Já na campanha de Lula —seu principal concorrente ao Palácio do Planalto, que segundo as pesquisas de intenção de voto possui um maior cativo entre o eleitorado feminino—, a estratégia é reforçar o discurso de que o adversário não respeita as brasileiras. O candidato do PT, por sua vez, também tem associado a imagem de Janja, que intensificou as agendas solo e tem assumido um papel de protagonismo na campanha do marido, opinando sobre as políticas públicas voltadas às mulheres que fazem parte do programa de governo do petista.

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