A delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa validada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Superior Tribunal Federal (STF), é um sinal de que o caso Marielle Franco está perto do fim. Neste mês, Moraes e sua equipe analisaram a colaboração do acusado de atirar na vereadora e no seu motorista, Anderson Gomes, cujas informações foram confirmadas nas investigações feitas pela Polícia Federal do Rio.
Antes de Lessa, o também ex-PM Élcio de Queiroz fez outra delação, não só confirmando que dirigiu o carro na emboscada à parlamentar, no dia 14 de março de 2018, como apontando o ex-bombeiro Maxwell Simões, o Suel, como responsável pelo monitoramento e sumiço do Cobalt. Foi Élcio quem trouxe também para o inquérito o mecânico Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, acusado de desmanchar o carro, e o sargento da PM Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé. Este último teria sido o elo entre mandantes e Ronnie Lessa. Macalé foi assassinado em 2021, e, segundo os investigadores do caso, foi morto como "queima de arquivo".
A colaboração premiada foi para a Corte Suprema, porque Lessa apontou como mandante do crime uma pessoa com foro privilegiado. A divulgação da homologação foi feita na noite desta terça-feira, numa coletiva do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, cinco dias após a morte da parlamentar ter completado seis anos.
No mês passado, houve a transferência do processo do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o STF, devido ao foro privilegiado de um dos dois mandantes. Agora, com a validação da delação premiada de Lessa, os dois suspeitos de ordenar a morte de Marielle serão julgados pelo Supremo. O próximo passo, no entanto, é da Procuradoria-geral da República, a quem cabe denunciar os acusados e pedir as prisões. O ministro Alexandre de Moraes decidirá sobre os pedidos.
O STF julga casos envolvendo presidentes da República, vice-presidentes, ministros, senadores, deputados federais e embaixadores, além de integrantes dos tribunais superiores e do Tribunal de Contas da União. Em 14 de março de 2018, quando Marielle e Anderson foram executados, uma das autoridades apontadas por Lessa não estava no exercício da função com foro.
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Já Lessa, Élcio e Suel serão julgados pelo duplo homicido no 4º Tribunal do Júri da Capital fluminense, onde já estão sendo processados.