Receita de Médico
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Receita de Médico

Um debate sobre pesquisas, tratamentos e sintomas.

Informações da coluna

Por Fernando Maluf

O Brasil deve registrar mais de 7 mil novos casos de câncer ovário em 2024. Por ano, de acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 4 mil mulheres morrem no país por conta deste tipo de tumor.

Maio é o mês de conscientização sobre esta doença silenciosa, geralmente diagnosticada tardiamente. A mensagem da Coalizão pelo Dia Mundial do Câncer de Ovário 2024 (celebrado anualmente em 8 de maio) é que “nenhuma mulher vai ficar para trás”. Infelizmente, não é o que vem acontecendo no cuidado deste tipo de tumor.

As últimas projeções indicam que 8 milhões de vidas serão perdidas devido ao câncer de ovário até 2050. A Coalizão fez um apelo à Organização Mundial da Saúde (OMS) e aos líderes globais da saúde para que reconheçam esta doença como uma prioridade mundial. “Toda mulher – não importa onde ela mora – merece a melhor chance de sobrevivência e melhor qualidade de vida possível”, segundo o documento da entidade internacional.

Na fase inicial, o câncer de ovário não apresenta sinais específicos, o que prejudica o diagnóstico precoce. Em sua evolução, pode apresentar sintomas como dor ou inchaço, mudança do hábito intestinal, fadiga, perda de apetite e peso.

A idade, histórico familiar, mutações genéticas, uso prolongado da reposição hormonal e excesso de gordura corporal são fatores de risco levados em consideração para o diagnóstico, que é feito por meio de exame clínico, de imagem e laboratoriais.

No fim de março, reunimos aqui no Brasil grandes especialistas nacionais e convidados internacionais para discutir novas abordagens para os tumores ginecológicos. Participaram dos debates oncologistas, ginecologistas, radioterapeutas, enfermeiros e integrantes de equipes multiprofissionais, que promoveram uma visão holística sobre o cuidado desta paciente.

Muito importante para quem tem um câncer no ovário, que é o tumor feminino mais perigoso, é o entendimento que esta paciente deve ser tratada de forma multidisciplinar. Esta doença, como na maioria das vezes é diagnosticada em estágios avançados, precisa ser tratada em grandes centros com maior expertise.

Uma das áreas mais importantes para este cuidado é o progresso das táticas cirúrgicas. O cirurgião habilitado, com uma equipe de especialistas do pré e pós-operatório, pode garantir que toda doença visível seja totalmente removida, para que depois os remédios pós-operatórios oncológicos possam tratar apenas a doença microscópica.

Na parte clínica, foram apresentados os maiores avanços para o tratamento do câncer de ovário, com drogas que evitam que o tumor se reconstitua depois das estratégias de cirurgia e quimioterapia.

Pra termos uma ideia do impacto de uma destas e outras novidades, cito o exemplo de um medicamento que pode beneficiar um grupo de pacientes específico, com uma alteração genética do tumor. Com estas novas drogas, o risco de a doença voltar caiu

70%. Ou seja, numa doença em que até 15 % das pacientes se curavam apenas, hoje temos uma realidade totalmente diferente. Depois de cinco a sete anos de seguimento, mais de 50 % destas mulheres não apresentaram evidências de progressão do câncer.

No entanto, além de destacar estes avanços animadores para as pacientes com câncer de ovário, a mensagem mais importante é sobre a prevenção e o diagnóstico em tempo oportuno.

As mulheres precisam conhecer o histórico familiar que possa representar algum fator de risco. Devem, ainda, procurar manter hábitos saudáveis, como uma dieta equilibrada, a prática regular de exercícios físicos e agendar avaliações ginecológicas regularmente para tirar dúvidas e realizar exames, se necessário.

E, caso identifiquem algum sintoma, devem procurar orientação médica. Só assim nenhuma mulher vai ficar para trás e conseguiremos mudar os números do câncer de ovário no Brasil e no mundo.

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