Receita de Médico
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Receita de Médico

Um debate sobre pesquisas, tratamentos e sintomas.

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Em geral, adultos pensam que colesterol alto é algo para se preocupar somente na maturidade, mas isso é um engano. A Academia Americana de Pediatria recomenda que todas as crianças, entre 9 e 11 anos, devem ter os níveis de colesterol no sangue apurados, devido à crescente epidemia de obesidade até nos muito jovens. Além disso, crianças cujos pais ou avós tiveram ataques cardíacos, artérias bloqueadas ou acidente vascular cerebral antes dos 55 anos (nos homens) e 65 (nas mulheres) devem ser observadas com mais cuidado desde os 2 anos. Por aqui, a Sociedade Brasileira de Pediatria segue a mesma recomendação.

Uma revisão de estudos desenvolvida por pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG constatou que, segundo parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia, mais de um quarto das crianças e adolescentes brasileiros têm colesterol alto. Quanto ao LDL, o “colesterol ruim”, a proporção é de um em cada cinco com alterações.

Uma criança pode ter o colesterol elevado por uma variedade de razões. As mais comuns são obesidade e diabetes, cada vez mais frequentes. Essa substância circula no sangue a partir dos alimentos que ingerimos, principalmente os gordurosos. Mas, é importante saber que o nosso corpo produz colesterol, sobretudo no fígado e no intestino. Se um exame de controle mostrar níveis elevados, o pediatra deverá investigar as causas.

Pesquisas indicam que há boas evidências de que crianças com problemas de colesterol se tornam adultos com riscos de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. A presença de níveis elevados na infância pode resultar em acúmulo de placas nas artérias ao longo do tempo. Isso pode levar a um estreitamento das veias e redução do fluxo sanguíneo para órgãos vitais, como coração e cérebro. Por isso, é importante que pais controlem os hábitos dos seus filhos desde muito cedo.

Para prevenir e impedir riscos, é importante toda a família adotar um estilo de vida saudável, com comida boa e atividade física. Essas duas coisas são pouco comuns hoje em dia. Salgadinhos, bolachas recheadas, comidas prontas, congeladas e bebidas açucaradas podem ser práticas para a vida corrida que levamos, mas são perigosas na mesma proporção.

Os alimentos ricos em fibras são fortemente recomendados para quem tem colesterol alto. Enquanto deve-se limitar a ingestão de comida com elevada densidade energética: os doces e refrigerantes, as frituras cheias de gordura saturada, até mesmo as carnes, os embutidos e os laticínios com muita gordura. Outro hábito importante é incluir alimentos com gorduras boas, como abacate e peixes ricos em ômega 3.

Agora é norma da Anvisa que embalagens tragam o símbolo de uma lupa com a inscrição “alto em”, que avisa se há excesso de gordura saturada, sódio ou açúcar adicionado — nutrientes que fazem mal à saúde. E se mesmo assim fica confuso, uma dica de ouro é evitar produtos com ingredientes de nomes complicados, que você não sabe o que são. Você evitará levar um ultraprocessado para casa.

A boa alimentação é aquela rica em frutas, verduras, grãos integrais e alimentos com baixo teor de gordura saturada. Se seu filho tem preguiça de descascar frutas, experimente oferecer um prato com maçã, ou banana picadas, enquanto ele assiste a um desenho. Esse gesto leva o mesmo tempo de colocar um pacote de pipoca no micro-ondas.

Claro que estou falando para aqueles que têm condições financeiras de escolher o que comem, têm geladeira em casa para conservar alimentos frescos, ou cujos filhos podem contar com acompanhamento pediátrico e nutricional. Hoje, cerca de 70 milhões de brasileiros enfrentam algum grau de fome e não devemos nos conformar com isso. A alimentação é um direito constitucional, o acesso à comida de qualidade está presente em políticas públicas há décadas, e cabe a nós pressionarmos para que todos os brasileiros voltem a ter diariamente comida saudável no prato.

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