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Portugal visto de dentro por um jornalista carioca

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Gian Amato

Jornalista há mais de 20 anos, fez diversas coberturas internacionais por O Globo. Escreve de Portugal desde 2017.

Por Gian Amato

Os brasileiros recém-chegados em Portugal podem ter dificuldades para alugar imóvel e achar emprego. E golpistas têm se aproveitado para tirar dinheiro dos imigrantes, fragilizados em meio ao desespero para encontrar logo apartamento e trabalho.

Os golpes têm sido expostos por especialistas em imigração. E um deles diz respeito aos falsos aluguéis de imóveis, uma realidade cada vez mais frequente em Portugal, segundo informou Cyntia de Paula, presidente da Casa do Brasil em Lisboa, principal órgão de apoio na capital. A entidade mantém no portal Lisboa Acolhe um guia de combate aos golpes na habitação.

— Nós recebemos denúncias sobre as informações que estão no guia. Estes golpistas se especializam no fato de os imigrantes não conhecerem as regras. E a comunidade brasileira está crescendo muito. Por vezes, os imigrantes ainda estão no país de origem e já fazem uma transferência bancária na esperança de alugar um imóvel — explicou de Paula.

Embora tenham se tornado sofisticados ao longo dos anos, o golpe do aluguel ainda pode ser bem básico: exigência de pagamento sem garantias e adiantado, via transferência bancária, por imóveis inexistentes.

Também é comum o golpista dizer que não vive em Portugal e, por isso, a transação tem que ser à distância e sem visita prévia. Podem usar anúncios de sites duvidosos e não verificados e seduzir o locatário com preços abaixo dos valores do mercado.

— Ao alugar, tem sempre que procurar o valor de mercado. Nada barato é real. Tivemos casos de pessoas que perderam quase todo o dinheiro que trouxeram. Mostraram um apartamento falso, de outra pessoa, forjaram contrato, pegaram o dinheiro de três aluguéis antecipados e desapareceram. E não se paga para visitar apartamento, não existe isso — alertou de Paula, pedindo para ter cuidado com grupos de redes sociais.

Já Cláudia Pinheiro faz recolocação de profissionais brasileiros em Portugal e explicou como funciona o golpe do falso emprego. Candidatos pagariam pelo processo seletivo e pela entrada na documentação de residência. Depois, a suposta empresa e o recrutador desaparecem.

— Os golpistas publicam vagas falsas em sites e no Linkedin. Simulam processo seletivo. Depois, dizem que vão enviar o currículo para a empresa, mas pedem que o candidato pague uma taxa para essa fase. Ou seguem até a proposta salarial, pedem documentação e pagamento para suporte ao visto. A partir do depósito, não há mais contato — informou Pinheiro.

Segundo ela, um candidato que teria recebido uma proposta pediu demissão de onde estava empregado no Brasil, enviou o dinheiro e depois perdeu contato com a suposta empresa.

— Usam o sonho de trabalhar na Europa como isca. Na maioria das vezes, são golpes praticados no Brasil. É necessário denunciar, mas muitos profissionais ficam com vergonha, até porque ainda estão trabalhando para empresas brasileiras — disse Pinheiro.

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