A tragédia gaúcha levou a a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), a recuar 3,4% em junho em relação a maio, no Rio Grande do Sul, a maior queda apurada desde outubro do ano passado quando o estado sofreu com fortes chuvas. Na comparação anual, a queda do ICF no estado é de 23,3% .
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Todos os indicadores pesquisados no estado apresentaram quedas mensal e anual, sendo o maior variação negativa a da Perspectiva Profissional, que recuou 15,7% na comparação mensal e 54,6% na anual . O resultado, na avaliação da CNC, é "coerente com os trabalhos perdidos por conta dos estabelecimentos destruídos na enchente". Felipe Tavares, economista-chefe da entidade, destaca ainda a queda no acesso a crédito, que foi de 4,9% na comparação mensal e de 28,9% na interanual.
- É de grande relevância a percepção de queda de acesso a crédito pelos consumidores. O acesso a crédito é fundamental, tanto que entre as políticas anunciadas pelo governo federal para a reconstrução do estado e retomada da atividade econômica envolve um grande pacote de garantias de crédito para as empresas no Rio Grande do Sul. No entanto, é muito importante que haja um movimento para a retomada de crédito para a pessoa física, porque os consumidores vão precisar de crédito para reconstruir suas casas e readquirir todos os bens perdidos com a tragédia. E a ICF conseguiu retratar muito bem esse momento aí de calamidade e toda essa tragédia vivida pelo estado - explica o economista.
Diante do estado de calamidade, os consumidores do estado priorizam a compra de produtos essenciais o que levou a uma queda no indicador de intenção de compras de bens duráveis, de 6,4% na comparação com maio, e de 49,2% frente a junho de 2023.
Apesar resultado do Rio Grande do Sul, que presenta 6% do PIB brasileiro, no âmbito nacional, a intenção de consumo subiu pelo terceiro mês consecutivo em junho. O avançou foi de 0,5%, reduzindo a intensidade em relação ao período anterior. Na comparação anual, a alta foi de 5,1%.
O levantamento mostra uma maior intensidade no aumento da intenção de consumo das famílias com renda abaixo de dez salários mínimos, que registrou alta de 0,6%, em virtude da melhora da percepção do emprego, apesar de um aumento da dificuldade de acesso ao crédito. As famílias com renda acima de dez salário tiveram uma elevação de 0,2%.
- A robustez do mercado de trabalho das famílias de renda até dez salários é oq eu explica o aumento da intenção de consumo, pois esse grupo depende mais da sua renda, já que o acesso ao crédito está mais difícil - explica Tavares.