Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

O aumento da taxa de desocupação no primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior não surpreende, é uma questão sazonal. Segundo dados da Pnad Contínua, divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE, a taxa foi de 7,9%, uma alta de 0,5 ponto percentual. A pesquisa aponta que a taxa desocupação subiu em oito estados, caiu apenas em um, mas que chama atenção, no entanto, é o fato de que mesmo nas unidades da Federação que a taxa de encontra estável, por estar dentro da taxa de variação, a desocupação tem uma leve alta. Na avaliação de Fernando Holanda, pesquisador sênior do FGV Ibre, isso coloca uma viés de alta na taxa de desocupação daqui para frente. Longe de traçar um cenário de terra arrasada, Holanda explica, no entanto, que os dados mensais vêm mostrando uma desaceleração na criação de novos postos de trabalho, ainda que o mercado continue aquecido. O pesquisador chama atenção ainda para o fato que a tragédia no Rio Grande do Sul deve elevar a taxa de desocupação brasileira.

- Certamente se pegar Porto Alegre, aquela região que foi afetada pelas enchentes, a taxa de desemprego deve explodir. Quanto mais tempo sob as águas, menor a possibilidade, principalmente, de pequenos negócios reabrirem suas portas. Mesmo as grandes empresas vão precisar de tempo para retomar suas atividades. Há cálculos que a tragédia gaúcha pode ter um impacto de 0,2% a 0,4% no PIB nacional, isso é muita coisa. Esse é o caos no Rio Grande do Sul obviamente deve puxar a média nacional de desocupação para cima - diz o pesquisador.

O Sul que aparece nos dados do primeiro trimestre como única região onde a renda do trabalhador subiu, o que não deve se repetir tão cedo. Holanda pondera que será difícil para o IBGE apurar os dados de emprego no estado, o que deve comprometer inclusive as próximas apurações do Caged, exemplifica. Na sua visão, diante do tamanho do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, o estado que tradicionalmente tem taxas de desemprego mais baixas do que as apuradas, por exemplo, em estados do Norte e Nordeste, deveria ser excluído do cálculo da média nacional da taxa de desocupação para que não deturpe o dado:

-O ideal seria ter uma estatística tirando o Rio Grande do Sul da estatística média. Porque vai deturpar de alguma forma, embora o peso do estado não seja gigante, o tamanho da tragédia contamina a taxa.

Para o cenário nacional, analisa Holanda, apesar de uma perspectiva de desaceleração da criação de empregos, a taxa de desocupação deve terminar estável em relação ao ano passado. Mantendo-se o indicador próximo aos 8%, explica, está longe de desenhar um cenário ruim para a economia:

- A gente sabe que começo de ano a taxa de desemprego aumenta, isso é natural, é sazonal. Então o que os dados estão mostrando é isso. Mas olhando os dados mensais divulgados pela IBGE, de forma desazonalizada, vemos há meses que o mercado de trabalho parece estar mostrando uma desaceleração. A tendência agora é um leve aumento do desemprego, mas ainda em um nível bem baixo. Se mantivermos a taxa de desemprego próxima dos 8% como está agora é um indicador ainda bem forte para a economia brasileira, potencialmente acima da taxa de pleno emprego - explica o economista.

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