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Shirley Souza

Âncora do CBN Belo Horizonte. Já foi editora na TV Record, repórter e apresentadora no SBT/ TV Alterosa e TV Brasil/ Rede Minas e repórter da rádio CBN.

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É difícil encontrar alguma pessoa em Belo Horizonte que não tenha passado ou precisado de algum produto ou serviço da Galeria Ouvidor. O espaço que reúne 200 lojas completa 60 anos neste domingo, dia 10 de março. Comércio variado que abriga, por exemplo, lanchonete, salão de beleza, lojas de calçados, artesanato, ótica, livraria, consertos de roupa e de relógio e até amoladores de alicate. Qualquer manicure, aliás, tem como referência esse local na cidade. A pastelaria também é famosa. Como passar pelo Centro e não comer um pastel com caldo de cana? A combinação é irresistível.

O coordenador de TI William Junio de Jesus, de 44 anos, lembra de frequentar a Galeria Ouvidor ainda na infância. “Eu considero o primeiro ‘shopping’ que fui com a minha mãe. O pastel e as lojas de aviamentos sempre presentes. Um dos dias mais marcantes foi em 16 de julho de 1999, quando busquei minhas alianças de casamento, véspera do meu noivado, em uma das lojas da galeria. Dia muito feliz”, recordou.

As joalherias da Galeria Ouvidor são conhecidas até por quem não mora na cidade. O motorista Herbert Fernando Alves, de 33 anos, vive em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, e por mais de uma vez procurou as lojas: “Minhas alianças de namoro e casamento foram compradas lá, e também o anel de formatura da minha esposa. Qualquer um que você perguntar vai te mandar direto pra lá.”

O prédio, de arquitetura modernista, fica no hipercentro, com entradas pelas ruas São Paulo e Curitiba. Ele foi um dos primeiros da cidade a ter escada rolante. A escritora e designer Andrea Lacerda, autora do livro “Galeria Ouvidor”, conta que na inauguração, em 1964, esse era um dos grandes atrativos para os novos clientes.

“Todo mundo tem uma história com a Galeria do Ouvidor. Ela realmente está no cotidiano, no coração, na memória da cidade de uma forma afetiva muito grande. No início, um dos motivos para as pessoas se dirigirem para lá era a escada rolante, andar na escada rolante. A administração tinha que ter cuidado porque muita gente não sabia como usá-la, então tinha que ficar responsável e tomar conta porque era tanta novidade que as pessoas se empolgavam e até caíam”, narra Lacerda.

A entrada da Galeria Ouvidor — Foto: Divulgação/Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte
A entrada da Galeria Ouvidor — Foto: Divulgação/Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte

A galeria que completa seis décadas tem outras curiosidades. No local, que já teve até boate, funcionou o primeiro salão unissex de Belo Horizonte. O artesão Eustáquio Silva, de 65 anos, conta que conheceu os dois: “Frequentei a galeria por muito tempo na juventude, hoje sempre vou para comprar produtos para fazer meus artesanatos. Na juventude frequentei a boate, a galeria fechava, mas ficava lá um porteiro controlando a entrada. Frequentei o salão do Nero, grande pessoa, muito admirado e também muito discriminado.” O salão de beleza surgiu ainda nos anos 1960 e formavam-se filas nos corredores para atendimento com o profissional em plana ditadura militar. Uma afronta para alguns, revolucionários para outros.

Na década de 1970, as lojas passaram a dar espaço a alfaiataria, artesanato em couro de sapatos e acessórios, além do fortalecimento da joalheria. Nas décadas seguintes, foram incorporadas lojas de matérias-primas para criação de bijuterias, itens de artesanato, papelaria e festas.

O local também é referência em perucas e demais itens de cabelos. Com o crescimento do carnaval em Belo Horizonte nos últimos anos, passou, inclusive, a atender o público em busca de fantasias e adereços.

A Galeria Ouvidor soube aproveitar a tradição do público de buscar variados produtos e serviços em um só espaço e conseguiu se adaptar às novas demandas. No local, segundo estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, circulam 12 mil pessoas por dia.

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