Malu Gaspar
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Por Malu Gaspar

A equipe da Presidência da República que estava em Santos (SP) para a montagem do evento com Lula (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) tentou sem sucesso evitar as vaias que sobressaíram na chegada do governador de São Paulo e durante seu discurso.

No início da manhã desta sexta-feira, integrantes da organização pediram aos presentes que não hostilizassem Tarcísio, que foi ministro de Jair Bolsonaro, apoiou o ex-presidente nas últimas eleições. "Hoje é dia de festa", disseram os emissários de Lula aos militantes que foram assistir ao anúncio da parceria entre o governo federal e o governo de São Paulo para construir um túnel submerso que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá.

A obra vai custar R$ 5,8 bilhões de reais, divididos entre estado e União. Segundo auxiliares da Presidência presentes ao evento, boa parte da plateia e dos que vaiaram Tarcísio era de funcionários do porto, que o governador tentou privatizar quando era ministro.

A tentativa evitar vaias tinha como objetivo impedir um constrangimento como o ocorrido em agosto passado no Rio de Janeiro, quando o governador fluminense Cláudio Castro (PL) desistiu de discursar no anúncio do PAC depois de ser hostilizado pela plateia – majoritariamente formada por convidados do governo federal.

Na ocasião, Lula chegou a condenar a reação dos militantes, mas não houve clima para o governador falar.

Desta vez, apesar dos apupos, Tarcísio conseguiu concluir o discurso, e ainda ouviu gritos de "volta para o PT!". Isso depois que Lula lembrou que, no primeiro mandato, encontrou o governador quando ele atuava como engenheiro no Batalhão de Engenharia e Construção do Exército, durante as obras do gasoduto Coari-Manaus, no Amazonas.

"Se vocês não sabem, o Tarcísio trabalhou fazendo gasoduto em Manaus quando eu era o presidente. Eu encontrei com o Tarcísio no meio da Amazônia quando ele estava trabalhando no gasoduto, quando ele trabalhou (no Dnit) com a Dilma Rousseff. E depois ele foi trabalhar com o Bolsonaro, paciência, é uma opção dele."

Além de Lula e Tarcísio, estavam no evento o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Silvio Costa Filho (Porto e Aeroportos), Márcio França (Empreendorismo), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além do presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini. Presidente do Republicanos, Marcos Pereira foi ao evento representando o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A cerimônia em Santos é o capítulo mais recente dos gestos de Lula na direção de Tarcísio, eleito em 2022 com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro.

Nas últimas semanas, Lula tinha desistido da parceria para a obra, que é a maior do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas voltou atrás na semana passada após uma conversa com Tarcísio.

A aproximação entre presidente e governador incomoda também a militância bolsonarista, que frequentemente cobra pelas agendas com Lula e seus ministros.

Em novembro, ao ser questionado em uma entrevista à Rádio Gaúcha sobre sua relação com Tarcísio, Bolsonaro respondeu que “não estava tudo certo” por conta de uma aparição do governador com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma entrevista coletiva.

“Eu jamais faria certas coisas que ele faz com a esquerda”, protestou.

Em julho, Bolsonaro e Tarcísio se desentenderam durante uma reunião do PL que discutiria a pauta da reforma tributária, que acabou aprovada em dezembro.

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