Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna

Por Johanns Eller

O ex-ministro da Defesa e general da reserva do Exército Paulo Sérgio Nogueira, um dos alvos da operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), admitiu durante uma reunião de teor golpista em julho de 2022 que a reeleição do então presidente Jair Bolsonaro era a finalidade da participação das Forças Armadas na comissão de transparência das eleições, criada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reforçar a segurança das urnas eletrônicas brasileiras.

Durante a reunião, o então titular da Defesa também afirmou que os comandantes das Forças Armadas, com quem dizia ter contato “quase que semanal” para tratar sobre o sistema eleitoral, viam o TSE como “inimigo”.

Na sua fala ao então presidente Bolsonaro, Paulo Sérgio enfatizou que o Ministério da Defesa e as Forças militares não coadunavam com os objetivos do colegiado do TSE, criado pelo ministro Luís Roberto Barroso durante seu período à frente do tribunal para defender as urnas. Barroso também foi o responsável por convocar a participação dos militares na comissão.

Paulo Sérgio Nogueira declarou ainda que o objetivo do diálogo com os comandantes, ainda segundo o general da reserva, era a reeleição de Bolsonaro.

“Nós temos reuniões pela frente, decisivas pra gente ver o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas para que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições se transcorram da forma como a gente sonha! E o senhor, com o que a gente vê no dia a dia, [que] tenhamos o êxito de reelegê-lo e esse é o desejo de todos nós”, declarou Paulo Sérgio.

“O que eu sinto nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja ... Na guerra a gente… [tem] linha de contato, linha de partida. Eu vou romper aqui e iniciar minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido para que a gente não fique sozinhos no processo", disse o ministro em outro momento.

A reunião de alta cúpula do governo Bolsonaro foi registrada em vídeo, cujo conteúdo foi obtido a partir de um computador do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, durante uma operação de busca e apreensão da PF contra o tenente-coronel do Exército em maio do ano passado.

Investigadores da PF envolvidos nas apurações disseram à equipe do blog que os integrantes da reunião não sabiam que estavam sendo filmados.

Entre os participantes do encontro, segundo a PF, estavam Jair Bolsonaro, os então ministros Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI), além de Paulo Sérgio, o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil Walter Braga Netto, que seria oficializado no mesmo mês como vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, e Mário Fernandes, chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência.

Mais recente Próxima Bolsonaro e comandantes não sabiam que estavam sendo filmados em reunião contra o TSE; saiba o teor