Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

O diretório nacional do Podemos informou ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) ter gasto cerca de R$ 2 milhões com a pré-candidatura de Sergio Moro à Presidência da República no período em que o ex-juiz federal da Lava-Jato esteve filiado à legenda – entre 11 de novembro de 2021 e 30 de março de 2022.

Os gastos foram enviados ao TRE-PR, onde tramitam os processos que podem levar à cassação do mandato do hoje senador pelo União Brasil. Moro é alvo de ações movidas pelo PT do presidente Lula e pelo PL de Jair Bolsonaro, que serão analisadas conjuntamente pelo tribunal.

“Em que pese o abandono da candidatura por culpa, exclusivamente, do então pré-candidato, houve desde o evento de filiação partidária, a contratação de diversos outros serviços, então exigidos por Sergio Moro, como seguranças particulares, passagens aéreas, carro blindado, e a celebração de contratos de prestação de serviços advocatícios e outros referentes às eleições de 2022 ou a pré-candidatura”, afirmou o diretório nacional do Podemos ao TRE paranaense.

A legenda atendeu a uma decisão do desembargador Dartagnan Serpa Sá, relator das ações, que solicitou esclarecimentos sobre os gastos com a pré-campanha de Moro. O Podemos anexou uma série de notas fiscais e documentos que somam um total de R$ 1.958.695,86 de despesas com o ex-juiz da Lava-Jato.

Com duas pesquisas qualitativas, realizadas em janeiro e março de 2022, o partido desembolsou um total de R$ 663,5 mil. Só com o aluguel de carro blindado Corolla em 18 de março de 2022, pouco antes de Moro se desfiliar da legenda e migrar para o União Brasil, foram gastos R$ 198 mil.

Já a contratação de um escritório de advocacia custou R$ 60 mil à sigla.

O Podemos, comandado pela deputada federal Renata Abreu, ainda afirmou à Justiça Eleitoral que “tem sido demandado judicialmente para arcar com o pagamento de outros contratos e suposta multa compensatória, em que pese a inexistência da prestação dos referidos serviços em benefício, em decorrência do abandono” da pré-candidatura de Moro e sua desfiliação da legenda.

Conforme informou a coluna, depois de pedir o bloqueio das contas do Podemos e encontrar apenas R$ 6.300 no início de agosto, a produtora que fez os vídeos da pré-campanha de Moro à presidência da República pelo partido, conseguiu penhorar R$ 2.622.105,56. O dinheiro foi transferido no último dia 1º para uma conta bancária da justiça.

O PT pretende usar as informações apresentadas pelo Podemos para reforçar as acusações de que Sergio Moro praticou caixa 2 e abuso de poder econômico em sua ofensiva política para se tornar senador.

"Como se vê, bola de neve financeira que se tornou a campanha de Moro só cresce. Apenas pelo informado pelo Podemos, já existem cerca de R$ 2 milhões contratados em favor da pré-candidatura de Moro, sem contar as despesas que já estão sendo objeto de execução perante a justiça de São Paulo", , disse à equipe da coluna o advogado Luiz Eduardo Peccinin.

"Tudo isso deverá ser considerado pela Justiça Eleitoral na verificação do abuso de poder econômico. Nenhum outro candidato chegou perto de gastar isso. A nosso ver, é flagrante o desrespeito à lei e à igualdade de oportunidades pela campanha do ex-juiz."

O processo contra Moro tramita no TRE do Paraná – mas para haver um novo pleito, é preciso que Moro seja cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O caso só deve chegar ao TSE no ano que vem, apesar da pressa do PT de resolver a questão o quanto antes.

O objetivo da legenda do presidente Lula é levar à cassação do mandato de Moro e à convocação de novas eleições. O partido está tão confiante de que conseguirá a cassação do ex-juiz da Lava Jato que já vive inclusive uma disputa interna sobre quem será o candidato a preencher a vaga – se Gleisi Hoffmann, Zeca Dirceu ou Roberto Requião.

Procurada pela equipe da coluna para se manifestar sobre as informações apresentadas pelo Podemos à Justiça Eleitoral, a assessoria de Moro informou que, "em análise sumária", "há apontamento de diversos gastos sem qualquer comprovação que se referem a Sergio Moro e ainda gastos que, em nenhuma hipótese, podem ser computados como despesas de pré-campanha e sem qualquer influência na eleição ao Senado do Paraná".

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