Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura e Malu Gaspar

O retorno de Jair Bolsonaro ao Brasil, na última quinta-feira (30), se transformou em uma dor de cabeça para as autoridades que cuidam da segurança pública de Brasília.

Um dos principais temores é com o retorno das motociatas e o risco de atentados durante os deslocamentos do ex-presidente da República, que presta na tarde desta quarta-feira (5) depoimento à Polícia Federal para se explicar sobre o escândalo das milionárias joias sauditas.

É a primeira vez na história recente do país que um ex-presidente segue vivendo na capital federal, a poucos quilômetros de distância do sucessor, e ainda mantendo o status de principal voz da oposição.

Os ex-presidentes Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff, Michel Temer e o próprio Lula se mudaram de Brasília logo após deixarem seus cargos.

A nova casa de Bolsonaro, localizada em um condomínio no bairro de classe média Jardim Botânico, está a 12,4 quilômetros de distância do Palácio da Alvorada, residência oficial de Lula.

O escritório do PL, onde Bolsonaro deve trabalhar diariamente, fica no centro da capital, no mesmo complexo empresarial onde Lula se hospedou durante o período de transição de governo.

“É uma situação delicada. Num país radicalizado como o nosso, ninguém pode morrer”, disse à equipe da coluna um integrante do primeiro escalão do governo do Distrito Federal. “Bolsonaro tem de depor, tem processo para enfrentar, não tem de ficar irritando o STF.”

Um dos conselhos que tem sido dado a interlocutores do antigo inquilino do Planalto é o de evitar passar por perto do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, alvos dos atentados terroristas promovidos por extremistas apoiadores de Bolsonaro em 8 de janeiro.

Por ora, a orientação de evitar a Praça dos Três Poderes e as provocações ao Judiciário tem sido seguida, mas o ex-presidente é incontrolável e imprevisível.

O DF é um reduto bolsonarista, onde Lula foi derrotado com 41,19% dos votos válidos, ante 58,81% do adversário no segundo turno.

A equipe da coluna apurou que aliados de Bolsonaro, capitaneados pelo ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto, têm insistido na realização de motociatas pelas ruas de Brasília, que dependem de autorização da Secretaria de Segurança Pública para ocorrer no centro da capital.

Uma portaria do governo do DF, publicada nesta terça-feira (4), cinco dias após o retorno de Bolsonaro, exige que qualquer manifestação realizada na "área de segurança especial" de Brasília (região que abrange a Esplanada dos Ministérios, o Eixo Monumental, a Torre de TV e as redondezas dos palácios da Alvorada e do Jaburu, residência do vice-presidente Geraldo Alckmin), deve ser previamente informada e cadastrada junto à Secretaria de Segurança Pública do DF com antecedência de cinco dias, no mínimo.

A equipe da secretaria, aliás, – alvo de uma intervenção federal no começo deste ano, após os atentados – tem feito um monitoramento para identificar possíveis ameaças e manifestações, tanto contrárias quanto favoráveis ao ex-presidente.

Por ora, apesar do alto nível de tensão, novos riscos ainda não foram detectados — fora os inerentes à presença do próprio Bolsonaro, claro.

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