A fiscalização realizada pelas Forças Armadas no processo de votação organizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não encontrou nenhuma irregularidade nas eleições durante o primeiro turno.
As conclusões do trabalho não foram apresentadas ao público, mas foram descritas ao presidente Jair Bolsonaro pelo Ministério da Defesa.
O presidente, porém, não autorizou a divulgação dos resultados, segundo relatos feitos por três generais (dois do alto comando) a fontes da equipe da coluna.
De acordo com o relato de uma delas, ao ser informado das conclusões do trabalho – que avaliou uma amostra de ao menos 385 boletins de urna e um projeto-piloto com uso da biometria para testar 58 aparelhos – o presidente da República disse que os militares deveriam se esforçar mais, porque as informações não batiam com o que ele próprio soube a respeito do assunto.
Bolsonaro tem repetidamente lançado suspeitas de fraudes nas eleições e nas urnas eletrônicas, sem apresentar provas. Logo após o final da apuração dos votos no primeiro turno, ele afirmou que sua conclusão sobre a segurança do sistema de votação das urnas eletrônicas seria dada pelo parecer da Defesa.
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Mas, ao ser informado das conclusões do trabalho, o presidente determinou que fosse feito um "relatório completo", incluindo o segundo turno, porque o fato de não terem sido encontradas fraudes no primeiro turno não significava que não haveria problemas na segunda etapa.
Sem o tal relatório completo, decretou Bolsonaro, não deveria haver nenhuma divulgação de conclusões.
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![Pérsio Arida, Edmar Bacha, Arminio Fraga e Pedro Malan declaram voto em Lula — Foto: Fotomontagem/Arte O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/2JCv2eX1BN8iCejetkTJEOhjPxQ=/0x0:648x399/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/M/6/whBXjhRlCEdvuKMBAjjg/montagem.jpg)
![Pérsio Arida, Edmar Bacha, Arminio Fraga e Pedro Malan declaram voto em Lula — Foto: Fotomontagem/Arte O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/nQDQKDlUWDXiD-_TxQxCR3rane4=/648x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/M/6/whBXjhRlCEdvuKMBAjjg/montagem.jpg)
Pérsio Arida, Edmar Bacha, Arminio Fraga e Pedro Malan declaram voto em Lula — Foto: Fotomontagem/Arte O Globo
![O ex-presidente Fernando Henrique declarou voto no petista "por uma história de luta pela democracia e inclusão social" — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/GlUo86bCN2Hlt2GoCL1QoeaVadE=/0x0:750x500/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/T/7/BlsdnYRoOToeecFicW5Q/lula-fhc-ricardostuckert-2-1-.jpeg)
![O ex-presidente Fernando Henrique declarou voto no petista "por uma história de luta pela democracia e inclusão social" — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/8tGrQcRv8UAmBybaQ_9zkycV7aM=/750x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/T/7/BlsdnYRoOToeecFicW5Q/lula-fhc-ricardostuckert-2-1-.jpeg)
O ex-presidente Fernando Henrique declarou voto no petista "por uma história de luta pela democracia e inclusão social" — Foto: Divulgação
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![Cláudio Castro (PL), governador reeleito do Rio de Janeiro, reforçou o apoio ao presidente Bolsonaro — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/2FVJXgdhXvShTQ6EvNQJk_nil7c=/0x0:1089x663/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/S/r/SPu8ezQGyc9y4TvWAhPA/whatsapp-image-2022-10-04-at-13.31.10.jpeg)
![Cláudio Castro (PL), governador reeleito do Rio de Janeiro, reforçou o apoio ao presidente Bolsonaro — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Tvrpf6MjLzFEtiwh2SL4K-u7LnU=/1089x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/S/r/SPu8ezQGyc9y4TvWAhPA/whatsapp-image-2022-10-04-at-13.31.10.jpeg)
Cláudio Castro (PL), governador reeleito do Rio de Janeiro, reforçou o apoio ao presidente Bolsonaro — Foto: Reprodução
![Romeu Zêma (Novo) declarou apoio após reunião no Palácio da Alvorada — Foto: Reprodução Vídeo/G1](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/0r0Dq2viZWmymEDzPlXzzvj6W-c=/1280x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/A/m/XCh4VsR06rkmgImXS4lg/whatsapp-image-2022-10-04-at-11.01.34.jpeg)
Romeu Zêma (Novo) declarou apoio após reunião no Palácio da Alvorada — Foto: Reprodução Vídeo/G1
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![Governador de São Paulo Rodrigo Garcia declarou "apoio incondicional" à reeleição do presidente Bolsonaro — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/rqLp5DYb2yWSUqxBSPOlZ-BeDNM=/589x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/P/z/l3dMVxSr2KCSxrAAi9yg/bolsonaro-e-garcia.png)
Governador de São Paulo Rodrigo Garcia declarou "apoio incondicional" à reeleição do presidente Bolsonaro — Foto: Reprodução
![Bolsonaro e o então ministro da Justiça, Sergio Moro, participam de lançamento da Campanha do Projeto Anticrime, em 2019 — Foto: Jorge Wiliam / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/LU3GG6XFe72MS7jBY6vohWKdBMo=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/h/H/mtANoTQzCWXK8dRqVrQA/84963863-bsb-brasilia-brasil-03-10-2019-presidente-jair-bolsonaro-e-o-ministro-da-justica-s.jpg)
Bolsonaro e o então ministro da Justiça, Sergio Moro, participam de lançamento da Campanha do Projeto Anticrime, em 2019 — Foto: Jorge Wiliam / Agência O Globo
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![Ciro Gomes anuncia que vai acompanhar posição do PDT de apoiar Lula em segundo turno — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/bmfu8Nk3DdLxmTtXpj8X2SH0pK4=/810x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/d/1/BoTFVWQdGSgS6V5faGHA/whatsapp-image-2022-10-04-at-14.17.20.jpeg)
Ciro Gomes anuncia que vai acompanhar posição do PDT de apoiar Lula em segundo turno — Foto: Reprodução
![Simone Tebet já sinalizou a aliados que irá declarar apoio a Lula — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/o4oPnEP40FvK_9PamUXzJT5tXdU=/916x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/v/j/UBrNsAQCiptlZ4lu0bBA/whatsapp-image-2022-10-05-at-11.43.35.jpg)
Simone Tebet já sinalizou a aliados que irá declarar apoio a Lula — Foto: Reprodução
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![Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), declarou apoio da bancada ruralista à Bolsonaro — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/iWETD-HHwh75CoSmQezPjyOtbuw=/1500x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/5/4/7HAMyhQaSrK2qutbpecg/sergio-souza-dep-3-e1612462889701-1-1-.jpg)
Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), declarou apoio da bancada ruralista à Bolsonaro — Foto: Divulgação
![Governador reeleito no Pará, Helder Barbalho (MDB) declarou apoio a Lula — Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/hFLgNW1GknJTXhBQoUoRGrIKPuc=/1024x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/t/K/WkaSgDTZSow1mS1so70A/barbalho.png)
Governador reeleito no Pará, Helder Barbalho (MDB) declarou apoio a Lula — Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert
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![Governador e ex. Paulo Dantas e Renan Filho (ambos MDB) com Lula em Alagoas — Foto: Ricardo Stuckert](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/fbIU6SnU1p0fVboKStBucPy5dXg=/733x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/i/E/iQCEI3ReKvFA3nLUmU7g/lula-ealagoas.png)
Governador e ex. Paulo Dantas e Renan Filho (ambos MDB) com Lula em Alagoas — Foto: Ricardo Stuckert
![O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, anuncia apoio ao presidente Jair Bolsonaro, ao lado de outros governadores — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/jZoiORCma7uQyYwStFLbcD5L6js=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/9/B/4FIVOzTqG6qIeXftNYTg/100751972-mariz-pa-brasilia-06-10-2022-jair-bolsonaro-ronaldo-caiado-governadores-eleicoes-202.jpg)
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, anuncia apoio ao presidente Jair Bolsonaro, ao lado de outros governadores — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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Desde o dia seguinte à eleição, a equipe da coluna tem questionado representantes do Ministério da Defesa com frequência a respeito dos resultados da fiscalização desde o dia seguinte à eleição.
Nos primeiros dias, a informação prestada reservadamente pelos oficiais era de que o trabalho ainda não havia sido concluído.
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Nesta segunda-feira, a informação passou a ser a de que não há previsão de envio de relatórios ao TSE, e que qualquer observação e sugestão seria enviada diretamente ao tribunal.
Na tarde de ontem, o presidente foi ao Ministério da Defesa para encontrar o ministro Paulo Sérgio Nogueira. Segundo militares ouvidos pelo GLOBO, um dos assuntos tratados foi a fiscalização que as Forças Armadas se propuseram a fazer nas urnas.
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Nos dias que se seguiram ao primeiro turno, fontes do TSE também informaram à equipe da coluna ter recebido o aviso de que, apesar de não terem sido encontrados problemas no sistema eleitoral, não seria divulgado nenhum relatório com as conclusões.
Nesta segunda-feira, o ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas requisitou ao Ministério da Defesa uma cópia do relatório da auditoria realizada no primeiro turno. Os militares têm 15 dias para entregar o documento ao TCU.
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Dantas atendeu a um pedido do subprocurador-geral do tribunal, Lucas Rocha Furtado. Em seu ofício, Furtado escreveu que "a Constituição Federal admite sigilo em raras hipóteses, uma delas quando a informação seja imprescindível à segurança do Estado, e, neste caso, é a segurança do Estado que sairá fortalecida com a divulgação de tais informações".
Os testes nas urnas com biometria foram feitos em um projeto-piloto idealizado pelos militares e organizado em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral, depois de meses de conflito e de crise em torno das desconfianças lançadas por Bolsonaro a respeito da segurança do sistema contra fraudes.
No momento mais grave da crise, os militares chegaram a apresentar uma lista de 15 sugestões que, segundo eles, aprimorariam e garantiriam a segurança das urnas.
O tribunal alega que adotou quase todas, com exceção de duas que ficaram para a próxima eleição e uma que foi descartada.
A última sugestão a ser aceita, num gesto que aparentemente pacificou a relação entre o TSE e as Forças Armadas, foi o teste de integridade com biometria.
No teste de integridade, se realiza uma votação paralela e totalmente independente da eleição de verdade, para conferir se as urnas são confiáveis. O procedimento já é feito regularmente pelo tribunal com a votação paralela, que é filmada e auditada.
Neste ano, os militares pediram que os testes usassem também a biometria do eleitor. Das 641 urnas usadas na simulação comum, 58 receberam a biometria, no que foi chamado de projeto-piloto. Ao todo, 2.044 eleitores participaram como voluntários.
Na quinta-feira (6), o TSE divulgou o seu próprio diagnóstico dos dois testes - o de integridade e o piloto – , em que afirma que não houve nenhuma irregularidade e que as urnas eletrônicas tiveram 100% de aprovação.
Entre os generais, o impasse criado após o primeiro turno por Bolsonaro sempre foi visto como uma "bola quadrada".
Afinal, se encontrassem fraudes, eles também temiam ser pressionados a não divulgá-las, já que isso poderia levar a anulação das eleições de deputados e senadores. Por isso, a conclusão de que não houve fraude causou até um certo alívio nos generais. A dificuldade, agora, é lidar com Jair Bolsonaro.