Biden confunde Kamala com Trump e insiste que vai seguir na corrida presidencial

Por Jeff Mason e Andrea Shalal e Andy Sullivan

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos EUA, Joe Biden, confundiu o nome da sua vice-presidente, Kamala Harris, com o do seu rival republicano Donald Trump, mas insistiu nesta quinta-feira que seguirá em frente com sua candidatura à reeleição, mesmo quando mais dos seus colegas democratas pediram para encerrar sua campanha.

Biden, de 81 anos, elogiou as suas décadas de experiência na cena mundial, argumentando que é o único qualificado para derrotar o republicano Donald Trump, de 78 anos, e liderar os EUA por mais um mandato de quatro anos.

"A única coisa que a idade faz é criar um pouco de sabedoria se prestarmos atenção", disse Biden, que já é a pessoa mais velha a servir como presidente.

Biden enfrenta dúvidas crescentes de doadores, apoiadores e aliados democratas, que temem que ele não tenha mais a capacidade de derrotar o ex-presidente Trump na eleição de 5 de novembro.

Biden provavelmente não ajudou em nada quando confundiu sua vice-presidente e seu rival republicano no início da entrevista coletiva, que durou quase uma hora.

"Vejam, eu não teria escolhido a vice-presidente Trump para ser vice-presidente se ela não fosse qualificada para ser presidente. Portanto, comecem por aí", disse Biden ao responder a uma pergunta da Reuters sobre sua confiança em Kamala.

Isso aconteceu poucas horas depois de Biden ter se referido erroneamente ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy como "presidente Putin".

"Senhoras e senhores, presidente Putin", disse Biden na cúpula da Otan em Washington, arrancando suspiros dos presentes na sala antes de se corrigir.

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Os membros da Otan estão encerrando uma cúpula em Washington, onde estenderam o apoio à Ucrânia para combater a invasão que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou em fevereiro de 2022.

A campanha de Biden está na corda bamba há duas semanas, desde seu desempenho ruim no debate contra Trump, de 78 anos.

Pelo menos 14 dos 213 democratas da Câmara e um dos 51 democratas do Senado apelaram publicamente para que o presidente se retire da disputa.

O presidente tossiu com frequência e ocasionalmente distorceu suas respostas no início da coletiva e, no final, as suas respostas eram frequentemente interrompidas antes de ele ter concluído o seu raciocínio. Ao mesmo tempo, deu respostas detalhadas sobre questões como o conflito Israel-Gaza e a necessidade de os países ocidentais produzirem mais armamento militar para conter a Rússia e a China.

Biden disse que sua saúde está em boa forma e que faria outro exame neurológico para determinar sua acuidade mental se seus médicos recomendarem.

OPORTUNIDADE

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A coletiva de imprensa deu a Biden a oportunidade de falar de seus sucessos no cenário mundial e criticar Trump. Biden argumentou que Trump enfraqueceria a Otan e aumentaria os preços para os consumidores dos EUA, impondo tarifas exorbitantes sobre produtos importados.

Ele assumiu o crédito por trazer a Suécia e a Finlândia para a aliança da Otan e disse que reuniu 50 nações para apoiar a Ucrânia. "Acho que sou a pessoa mais qualificada para fazer o trabalho. Para garantir que a Ucrânia não caia", disse ele.

A campanha de Biden argumentou que o debate não mudou drasticamente a corrida, mesmo quando traçou um caminho estreito para a reeleição, reconhecendo que enfrentava uma escalada difícil em muitos Estados que ele venceu em 2020.

Nenhum dos líderes do partido no Congresso pediu que Biden desistisse de sua candidatura, embora a ex-presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, tenha se recusado a dizer na quarta-feira que ele deveria permanecer na disputa.

A campanha encomendou uma pesquisa para testar como a vice-presidente Kamala Harris se sairia se substituísse Biden como candidata, de acordo com uma fonte com conhecimento do assunto. Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na semana passada revelou que Kamala não se sairia melhor do que Biden se fosse a candidata democrata, já que ambos estavam estatisticamente empatados com Trump.

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