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Professor: Bolsonaro erra ao citar 64 e ignorar saída militar pelos fundos

Colaboração para o UOL

07/09/2022 14h38

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje em discurso no Palácio da Alvorada, antes do desfile cívico militar em Brasília, que "a história pode se repetir", fazendo alusão ao golpe militar de 64. Para o professor de História da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Leonardo Trevisan, essa fala demonstra que Bolsonaro consegue se lembrar bem da chegada dos militares ao poder. Mas se esquece de mencionar a forma que saíram.

"Os militares, as Forças Armadas, aprenderam não só com a experiência de 64, mas também com a de 1985, com o fim do governo militar. Desde então, os militares vêm fazendo um esforço brutal para que a história não se repita. Eles vinham se aproximando do povo, da população. Mas o que se viu no palanque do desfile de 7 de setembro foi um isolamento", afirmou o professor durante sua participação no UOL News especial.

Na opinião do historiador, o presidente deveria se lembrar não somente de 64, que marcou a chegada dos militares ao poder, mas também deveria sempre se lembrar de 1985, que marcou a saída dos militares "pela porta dos fundos". "Ele esquece que o último presidente militar, João Figueiredo, saiu do palácio pela porta dos fundos".

Na opinião de Trevisan, a bandeira brasileira tem que representar todos os brasileiros, não pode ser apropriada por um grupo e nem por nenhuma instituição.

Trevisan diz que a bandeira foi 'apropriada por poucos'

"É indiscutível que, de uns anos para cá, ela vem sendo associada a ideias ruins. Destruição de terras, violência contra os índios, armamento. Nós não tínhamos essa característica de ter um milhão de pessoas armadas. O símbolo dessa situação aparece na presença da bandeira. A bandeira brasileira precisa ser devolvida aos brasileiros. Ela está na prática apropriada por uma faixa muito pequena da população".

O UOL News especial reuniu análises e entrevistas sobre os atos de 7 de Setembro. Assista à íntegra: