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'Reunião espiritual': o que se sabe sobre clínica em que paciente foi morto

Paciente de clínica de reabilitação é morto após ser espancado em SP Imagem: Cedida ao UOL

Do UOL, em São Paulo

12/07/2024 04h00

A clínica de reabilitação em Cotia, na Grande São Paulo, onde um paciente foi morto após ser espancado, cobrava cerca de R$ 1.000 mil por paciente e tinha 23 pacientes internados. O funcionário que agrediu a vítima teve prisão convertida em preventiva após passar por audiência de custódia.

O que se sabe sobre o local

Clínica é particular. O proprietário Cleber da Silva, conhecido como pastor Cleber, também atuava como responsável técnico do estabelecimento, conforme entrevista dada ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes), na terça-feira (9).

Mensalidade custa cerca de R$ 1.000 mil. O proprietário explicou que os pacientes que não têm condições financeiras prestam serviço como monitor do local.

23 pacientes. A clínica de reabilitação para dependentes químicos contava com nutricionista, psiquiatra, psicólogo e enfermeiros, segundo Cleber.

Fachada da Comunidade Terapêutica Efata, em Cotia (SP) Imagem: Reprodução/TV Bandeirantes

"Atuava dentro da legalidade". O proprietário informou ainda, ao Brasil Urgente, que o local tinha aval para funcionar. A clínica foi interditada pela Vigilância Sanitária após o ocorrido.

"Condições inadequadas". A prefeitura de Cotia disse, em nota, que quando o local foi inspecionado, no ano passado, "apresentava condições sanitárias de funcionamento". No entanto, desta vez, o órgão informou que "o estabelecimento apresentava condições inadequadas de manutenção, higiene e salubridade".

Local fica em Cotia. A Comunidade Terapêutica Efatá fica numa estrada de terra, com bastante mata ao redor, no município de Cotia, na Grande São Paulo.

"Reuniões de espiritualidade". Cleber explicou que o local realizava atendimentos "espirituais" com os pacientes, que ele chama de "reuniões". Matheus, suspeito do crime, era responsável por alguma das atividades religiosas.

[Matheus] era um bom profissional antes disso. As reclamações contra ele eram o excesso de reunião, Cleber da Silva ao Brasil Urgente

Sem casos anteriores. De acordo com ele, o local nunca teve queixas antes ou casos parecidos. "Não faz parte esse tipo de procedimento. Temos que conter e medicar quando o paciente está agressivo", explicou.

Reclamações na internet. Uma das poucas avaliações da comunidade no Google é de uma pessoa dizendo que o local "vende uma coisa que não oferece aos pacientes". "Já sofreram denúncias, mas por conta da documentação estar 'legalizada' as autoridades não tiveram muito o que fazer", afirma a internauta.

Suspeito foi preso

Suspeito foi preso em flagrante. Matheus de Camargo Pinto era responsável pelos pacientes da clínica. O caso é investigado pelo 1º Distrito Policial de Cotia.

Sem habilitação para função de terapeuta. Segundo a direção do centro, ele exercia função colaborativa de monitoria para pagar por sua estadia na localidade, já que também estava em tratamento.

Violência extrema. A polícia acredita que Matheus colocou a vítima em posição de intenso sofrimento físico e mental. A Secretaria Municipal de Saúde de Cotia disse, em nota, que ainda identificou sinais de maus-tratos a outros pacientes do estabelecimento.

Os proprietários da clínica negam participação no crime. Cleber comentou que não tinha conhecimento das agressões e que, assim que tomou conhecimento do crime, prestou socorro ao paciente.

Funcionários e proprietários serão investigados por omissão. De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, a polícia quer identificar as pessoas que aparecem ao fundo do vídeo rindo da situação. A ideia é averiguar possíveis participações de outras pessoas na tortura.


Cotidiano