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Crime da Mega-Sena: amigo aconselhou vítima a mudar de rotina e endereço

Jonas Lucas Alves Dias ganhou o prêmio de R$ 47 milhões em setembro de 2020 - Reprodução/Facebook
Jonas Lucas Alves Dias ganhou o prêmio de R$ 47 milhões em setembro de 2020 Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/09/2022 09h05

Um amigo de Jonas Lucas Alves Dias, 55, ganhador de R$ 47,1 milhões na Mega-Sena e vítima de sequestro e assassinato em Hortolândia (SP), recordou que ele foi aconselhado a mudar de endereço e rotina por motivos de segurança, após se tornar rico.

Em entrevista à EPTV, afiliada da Rede Globo em Campinas e região, o homem, que preferiu não revelar sua identidade, detalhou que "Luquinha", como Jonas Dias era apelidado, tinha diversos hábitos que o deixavam exposto e não fazia questão de abrir mão deles.

Em diversas ocasiões, Jonas saia de casa entre 5h30 e 6h para ir à padaria do Jardim Rosolém, bairro onde morava. Segundo o amigo, ele foi aconselhado a se mudar para um lugar com mais qualidade de vida e segurança, mas se recusava a ouvir e geralmente dizia que nada aconteceria.

"Todo mundo falava: 'Muda de lugar, Luquinha, vai para um condomínio fechado e vem aqui de vez em quando. Muda a rotina'. Ele nunca quis e falava: 'Ah não vai acontecer nada, eu sou amigo de todo mundo'. Ele é amigo de todo mundo na cidade, né?", contou.

O homem recordou o momento em que Jonas ganhou o prêmio da Mega-Sena. Ele ficou tão eufórico, que queria compartilhar sua vitória com todos, mas precisou manter-se discreto. Mesmo assim, não conseguiu esconder o segredo por muito tempo.

"Uma semana depois ele falou pra todo mundo, ele não aguentou, e até aí, ele já tinha pedido o afastamento da empresa, falou para todo mundo que tinha se aposentado", disse o amigo.

E acrescentou: "Ele não falou que ganhou na Mega-Sena. Ele ficou um mês assim: 'Ah, eu me aposentei, eu tô aposentado'. Aí depois não teve jeito, aí todo mundo só brincava: 'Olha o milionário'".

Jonas foi sequestrado na manhã de terça-feira (13). Durante o cativeiro, que durou cerca de 20 horas, Jonas Dias foi extorquido. A polícia estima que os criminosos retiraram R$ 20,6 mil de sua conta, por saques e Pix . Em seguida, Dias foi espancado e abandonado na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Depois do sequestro e da morte de Jonas Dias, os irmãos dele, que dividiam a mesma residência com a vítima antes do prêmio da Mega-Sena, ficaram assustados com o crime e a brutalidade dos suspeitos. Por causa dessa insegurança, eles tiveram de mudar de endereço e o destino deles não foi revelado.

O amigo de Jonas não se conforma com a situação da família e teme pela proteção dos irmãos da vítima.

"No meu ponto de vista, eles (irmãos) estão presos e os bandidos estão soltos. São pessoas simples, que correm risco de vida e estão escondidos. Que resolva o caso mais rápido possível e que os coloquem na cadeia", disse.

Investigações

Em entrevista ao programa "Fantástico" (TV Globo), a delegada Juliana Ricci, titular da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba (SP), afirmou que Jonas Dias, após ficar milionário, continuou frequentando os mesmos locais de sempre. Mas sua rotina estava sendo estudada pelos sequestradores.

"Era uma pessoa muito rica e levava uma vida muito simples. Ele ganhou na Mega-Sena R$ 47 milhões em 2020, não mudou de casa, continuou frequentando exatamente os mesmos lugares, com os mesmos hábitos", disse a delegada.

Imagens de câmera de segurança mostram Jonas deixando os pães com a irmã e saindo para caminhar novamente. Em seguida, o carro de um dos criminosos passa por ele.

"No próprio ponto que as imagens demostram onde pararam os carros leva a crer que tinham pleno conhecimento do percurso da vítima", explicou o delegado Kleber Antônio Torquato Altale, diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior.

Na segunda-feira (19), as autoridades apontaram três homens e uma mulher como envolvidos na morte de Jonas. Dois foram presos e os outros seguem foragidos.

Entre os suspeitos presos estão: Rogério de Almeida Spínola, 48 anos e Rebeca Messias Pereira Batista, 24. Os outros foragidos são Marcos Vinicyus Sales de Oliveira, 22 anos, e Roberto Jeferson da Silva, conhecido como Gordo, de 38 anos.