Raquel Landim

Raquel Landim

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Alta do dólar pós fala de Lula tornou impossível segurar preço da gasolina

Seguindo a orientação de "abrasileirar" o preço dos combustíveis, o comando da Petrobras segurou o quanto pôde os reajustes da gasolina e do gás de cozinha, mas ficou insustentável.

A gasolina, por exemplo, não subia desde 16 de agosto de 2023 a despeito das variações do petróleo e do câmbio.

Ainda assim, foi feito um reajuste apenas para trazer os valores para dentro do intervalo aceitável estabelecido pela diretoria da empresa, que ninguém sabe direito qual é.

O aumento de R$ 0,20 por litro não faz frente à defasagem de R$ 0,59 registrada no início desta segunda-feira (8), conforme a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

Isso significa que a estatal segue subsidiando gasolina mais barata que no mercado internacional para os brasileiros de classe média que conseguem manter um carro.

Desde o início do ano, o barril de petróleo variou bastante e acumula alta de 16%, conforme o analista Einar Rivero, da Elos Ayta.

Mas, na avaliação especialistas em petróleo ouvidos pela coluna, o fator que tirou a gasolina do "controle" da Petrobras recentemente foi o câmbio por conta - não apenas, mas também - das falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo Rivero, o real acumula desvalorização de quase 12% desde o início do ano até 5 de julho, perdendo apenas para o iene japonês e o peso argentino entre as principais moedas.

As críticas ao Banco Central e as dúvidas que o presidente Lula semeou sobre o ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão cobrando seu preço sobre a inflação.

Continua após a publicidade

A gasolina e também o gás de cozinha - que também foi reajustado e que é relevante no orçamento da população de baixa renda - representam fatia significativa do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

André Braz, economista da Fundação Getúlio Vargas, calcula o impacto em cerca de 0,15 ponto percentual entre julho e agosto. Ele pondera, no entanto, que isso deve se diluir ao longo do ano, porque o presidente moderou o discurso.

Felizmente Lula foi convencido por Haddad e um grupo de economistas da sua confiança que estava atirando contra o próprio governo e alimentando a inflação ao provocar a desvalorização do real.

O reajuste dos preços da gasolina e do gás de cozinha, a despeito de toda a "boa vontade" da gestão da Petrobras, é apenas a confirmação do diagnóstico.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes