Diplomacia presidencial de Lula atolou no pântano do Mercosul
Em um ano e meio, o Brasil livrou-se da imagem internacional de pária orgulhoso. Desde que assumiu, Lula percorreu o planeta entoando o bordão segundo o qual "o Brasil voltou". Demora, porém, a chegar à vizinhança do Mercosul.
Com a cabeça no mundo da Lua, Lula meteu-se em conflitos como o da Ucrânia e o da Faixa de Gaza. Com os pés no chão, usa a presidência rotativa do G20 para internacionalizar a agenda do combate às desigualdades. E se equipa para estrelar no ano que vem, em Belém, a conferência climática da ONU, a COP-30.
Entre fracassos e êxitos, o Mercosul consolida-se como grande fiasco. Há um ano, Lula superfaturava sua retórica, prometendo revitalizar o bloco com o fechamento do acordo comercial com a União Europeia. Deu em impasse. Nesta segunda-feira, foi ao encontro dos outros chefes de Estado, em Assunção, de mãos abanando.
O ultradireitista argentino Javier Milei presenteou os colegas com sua ausência. Preferiu ornamentar no final de semana o encontro da ultradireita bolsonarista, em Santa Catarina. E Lula: "Quem perde é quem não veio". Meia verdade. Quando o chefe do segundo país mais importante do bloco dá de ombros para a integração, perdem todos.
O direitista uruguaio Luis Lacalle Pou ecoou Lula na crítica a Millei: "Se o Mercosul é tão importante, todos os presidentes deveriam estar aqui." Mas voltou a insinuar que prefere celebrar acordos bilaterais com a China a ter que aguardar por um acordo coletivo com o mercado europeu que nunca chega.
Ficou boiando na atmosfera da capital do Paraguai a sólida percepção de que a diplomacia presidencial de Lula atolou no pântano do Mercosul. A pretendida posição de líder regional vai virando fumaça.
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