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ARTIGO
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Por – Carolina da Costa*, articulista de Neo Mondo
O acrônimo ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança) tem sido bastante criticado pelos desafios de mensuração, tendência ao “greenwashing”, maior preocupação em atender parâmetros e critérios do que em gerar valor e impacto reais para o negócio. Mais oportunismo e narrativas do que transformações. Um artigo publicado no Financial Times em janeiro de 2024, divulgou que apenas seis fundos rotulados como ESG foram lançados nos EUA no segundo semestre de 2023, comparados a 55 no primeiro semestre do mesmo ano. Uma queda expressiva.
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Gosto muito das ponderações do professor Alex Edmans, do London School of Economics, sobre o tema. Ele argumenta que a sigla é reducionista, pois gera a impressão de que se trata de uma categoria de análise “especial”. E não é. Segundo Edmans, ESG já compõe há muito tempo o conjunto de “intangíveis” de uma empresa.
Esses intangíveis, que incluem também a capacidade de inovar, de se adaptar às mudanças do mercado e atrair e reter excelentes colaboradores, são determinantes do sucesso de uma empresa no longo prazo. O ESG é parte desse conjunto. Bons analistas de mercados, desde sempre, tentam precificar o impacto desse intangível na geração da empresa no longo prazo. Os que acertam, ganham mais.
Edmans defende o termo “sustentabilidade racional”, baseado em pensamento crítico e em evidências robustas. Não se trata de modismo ou mudança de nome, mas sim como o tema é praticado. A sustentabilidade racional deve ser entendida como um modelo habilitador de geração de resultados e valor no longo prazo para todos, não a rótulos ou objetivos políticos. São dez princípios que esse modelo contempla:
Criação de valor, não política: Orientada à criação de valor sustentável a longo prazo, relevante para todos, independentemente de sua posição ou crença política.
Resultados, não rótulos: A ênfase está nos resultados concretos, não apenas em cumprir os critérios ESG.
Intrínseco, não instrumental: A sustentabilidade deve ser perseguida por seus próprios méritos, não apenas para obter benefícios de imagem.
Central, não periférico: A sustentabilidade deve ser parte central da estratégia de negócios, não um apêndice.
Habilitadora, não prescritiva: A abordagem deve permitir a criação de valor de longo prazo, seja financeiro ou social.
Baseada em evidências e análises: Decisões devem ser informadas por dados e análises rigorosas.
Reconhecimento de retornos decrescentes e trade-offs: Importante reconhecer que mais investimento em sustentabilidade nem sempre resulta em maiores benefícios no curto prazo. Há que mirar nos ganhos de longo prazo.
Estabelecimento de limites: Definir claramente as responsabilidades e os limites das ações de sustentabilidade.
Prevenção da irracionalidade: Evitar seguir modismos sem questionamento crítico e usar a sustentabilidade de maneira racional.
Desafiar e questionar: Incentivar uma abordagem crítica, questionando decisões e práticas para garantir a eficácia.
O conceito de ESG não deve ser visto apenas como um conjunto de critérios a cumprir, mas como parte fundamental e integrante da estratégia de geração de valor e crescimento de uma empresa no longo prazo. Seja qual for a sigla, o “hardware” é a atuação responsável que gere prosperidade para mais pessoas por mais tempo. E isso é um excelente negócio!
Nas minhas próximas colunas, vou contar como inovação e sustentabilidade juntos são motores potentes de criação de mercados, geração de renda e emprego.
*Carolina da Costa é chief impact officer na StoneCo., formada em Administração Pública, com mestrado pela Fundação Getúlio Vargas e Ph.D Cognição pela Rutgers University, nos Estados Unidos.