Catedral de Helsinque, na Finlândia – Imagem: Pixabay
POR – OSCAR LOPES, PUBLISHER DE NEO MONDO
Fórum Mundial de Economia Circular 2025 acontecerá nos dias 13 e 14 de maio de 2025, em São Paulo (SP), e trará oportunidade de intercâmbio com práticas do país que está na vanguarda da promoção da circularidade no mundo
A Finlândia foi um dos primeiros países do mundo a desenvolver uma estratégia nacional para a economia circular. Poucos sabem, mas o governo finlandês publicou seu primeiro roteiro nacional para uma economia circular em 2016, muito antes de o tema conquistar o centro das discussões de sustentabilidade, e conta com metas ambiciosas para transformar-se em um líder global nesse campo até 2025.
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A bioeconomia é uma parte crucial da economia finlandesa, gerando cerca de €79 bilhões (aproximadamente R$442,5 bilhões) em 2021 e empregando diretamente cerca de 300 mil pessoas. O país é reconhecido ainda por seu compromisso ambiental e planeja ser neutro em carbono até 2035. (conheça aqui mais curiosidades sobre a Finlândia).
Diante disso, o anúncio de que São Paulo sediará, nos dias 13 e 14 de maio de 2025, o Fórum Mundial de Economia Circular 2025 (World Circular Economy Forum – WCEF) é uma notícia que traz para as empresas e governo brasileiro a oportunidade de trocar experiências e ter acesso a cases e práticas de um país que definitivamente está na vanguarda da promoção da circularidade na sociedade.
O evento é promovido pelo Fundo de Inovação da Finlândia, Sitra e pelo governo finlandês e será organizado conjuntamente pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Confederação Nacional da Indústria do Brasil(CNI). A Sitra colabora com parceiros para liderar a transição para uma economia circular justa e competitiva com neutralidade de carbono — um novo modelo social onde a vida cotidiana e o bem-estar não dependem do consumo excessivo e do uso de combustíveis fósseis.
“Adotar soluções circulares ajuda a combater a mudança climática e a crise da biodiversidade. Para nós, é um grande prazer realizar o Fórum Mundial de Economia Circular 2025 no Brasil. Pretendemos reunir mais de mil participantes internacionais presencialmente em São Paulo (SP), na Bienal do Parque do Ibirapuera e, com certeza, será um grande acontecimento”, anunciou animado Kari Puurunen, cônsul da Finlândia no Brasil, durante encontro exclusivo para a imprensa.
A primeira edição do Fórum foi realizada em Helsinque, em 2017, e desde então é o palco para a discussão de temas como o design circular, novos modelos de negócios, finanças circulares e gestão de resíduos e recursos, incentivando a implementação de políticas e práticas circulares em escala global.
Importância da economia circular para o PIB finlandês
A economia circular finlandesa se destaca em setores como florestas e bioeconomia, reciclagem de metais, gestão de resíduos e a indústria têxtil. O país possui uma das maiores taxas de reciclagem de resíduos municipais na Europa. Estima-se que apenas 0,1% dos resíduos não sejam destinados para reciclagem ou reuso na Finlândia, uma estatística impressionante. Para isso, o governo e o setor privado investiram bilhões de euros em iniciativas de economia circular, incluindo infraestrutura de reciclagem, inovação tecnológica e pesquisa.
“Trabalhamos para que tecnologias finlandesas sejam sempre sustentáveis. Esse é um fator que existe no DNA dos finlandeses, que têm uma relação tão próxima com a natureza e o interesse de cuidar de buscar soluções de como utilizar menos recursos, menos água, menos energia nos processos”, destaca Heidi Virta, diretora sênior e head do Business Finland para a América Latina, agência governamental da Finlândia para promoção do comércio e investimento.
Para alcançar este patamar, a educação teve, claramente, um papel fundamental. O letramento ambiental faz parte do currículo nas escolas na Finlândia há, pelo menos, três décadas, não como uma matéria isolada, mas sim como tema transversal a todas as disciplinas. “Outro aspecto inovador no sistema educacional da Finlândia é o combate à desinformação. Nosso grande desafio é educar os alunos a terem uma perspectiva crítica em relação a tudo o que eles leem na internet, para não serem influenciados pelas fake news”, conta Puurunen.
A inovação, aliada à economia circular, permeia todos os setores da economia finlandesa. Fontes alternativas de combustível e energia são projetos prioritários de pesquisa. O país é líder no desenvolvimento de tecnologias com uso de biomassa de diversas fontes para uso variados, como geração de energia e até para a fabricação de embalagens biodegradáveis.
A economia azul, que estimula o uso sustentável dos recursos oceânicos para promover o crescimento econômico, também ocupa lugar de destaque na agenda ambiental finlandesa. “Somos um dos maiores fornecedores de tecnologia dos principais componentes dos navios. Temos a Wärtsilä, única empresa do mundo que desenvolve motores movidos a etanol para o uso nos mares”, destaca Matti Landin, comissário de comércio do Business Finland.
O combate à poluição plástica é outra prioridade, apesar de o país ser referência no uso de tecnologias para reduzir a utilização das matérias-primas, prolongar a vida e adoção de reciclagem, além de uma política séria de logística reversa e responsabilidade corporativa compartilhada. Heidi Virta conta que a relação da Finlândia com o mar é muito importante, além do país contar com mais de 180 mil lagos. “Temos muitos projetos para pesquisa oceanográfica e para buscar soluções de como eliminar os plásticos dos oceanos. Estamos estudando ainda diversas tecnologias com o uso de algas marinhas, como, por exemplo, utilizá-las para a geração de energia limpa”, explica.
Relação comercial com o Brasil
A Finlândia é atualmente o 30º maior investidor direto no Brasil e movimenta US$ 1,32 bilhão anualmente, com comércio bilateral de € 1,59 bilhão em 2022, um aumento de 73% em relação a 2021.
As exportações brasileiras para a Finlândia cresceram 204% desde 2019. Empresas finlandesas como Metso, Nokia, Valmet e Wärtsilä empregam mais de 15 mil pessoas no Brasil, atuando principalmente em tecnologia, telecomunicações, florestal, mineração, energia e saúde. “O Brasil importa da Finlândia bens de investimento, isto é, tecnologias para a construção naval, para a geração de energia, para mineração, para fabricação de celulose e para comunicação. As empresas finlandeses empregam mais de 15 mil brasileiros e faturam em torno de mais de € 2 bilhões aqui. E há um crescente interesse das empresas finlandesas em entrar no mercado brasileiro. A Finlândia, por sua vez, foi o primeiro comprador na Europa de todas as séries de aviões da Embraer nas várias décadas”, diz Matti Landin.
O país é um polo tecnológico, liderando em 5G, cibersegurança e inteligência artificial e possui o maior número de startups digitais per capita. “Nós temos mais de 3.800 startups na Finlândia e produzimos vários unicórnios que viraram empresas de porte internacional, com faturamentos bilionários”, acrescenta comissário de comércio do Business Finland.
“O Brasil é nosso parceiro principal na América Latina, é o número um. E também vemos muito interesse de companhias brasileiras se estabelecerem na Finlândia. Suzano, Beontag e Aquarela Analytics são grandes exemplos recentes”, enumera Heidi Virta.
Como vemos, há muito o que aprender com os finlandeses e o Fórum Mundial de Economia Circular 2025 trará a oportunidade de conhecer as mais avançadas tecnologias em circularidade. NEO MONDO está ansioso para esta oportunidade!