Imagem: Freepik
Objetivo é construir uma economia que seja próspera e ambientalmente responsável
Por – Paula Packer**
Diante do panorama atual, marcado pelo crescimento populacional e pela intensificação da globalização, em um contexto de esgotamento dos recursos naturais, surge uma questão crucial: como garantir um futuro sustentável em constante evolução? Para alcançar essa meta, é essencial promover uma conscientização sobre os padrões de consumo e integrar um componente adicional, denominado economia verde.
Estabelecer metas para redução do desperdício e melhorar a geração de resíduos implica em um compromisso fundamental para deixarmos um planeta melhor para as futuras gerações. Esses princípios estão alinhados com a filosofia da economia verde, a qual visa promover o desenvolvimento econômico de maneira sustentável, para reduzir o impacto ambiental a fim de garantir a preservação dos recursos naturais. A economia verde é fundamentada nos pilares da economia circular, bioeconomia e economia baseada na natureza, os quais orientam a reinvenção do paradigma econômico tradicional, promovendo o desenvolvimento sustentável.
Uma abordagem holística na economia verde e na política dos 5 Rs envolve considerar o sistema como um todo, reconhecendo a interconexão e interdependência entre os diversos elementos – econômicos, sociais, ambientais e culturais. Nesse contexto, desde a produção até o consumo, a economia circular emerge como a base para a redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Ao invés de seguir o modelo tradicional, linear de “produzir, usar e descartar”, a economia circular prevê um ciclo contínuo de uso inteligente de recursos, para minimizar o desperdício e maximizar sua eficiência.
Reduzir envolve a diminuição da quantidade de resíduos gerados e consumidos, por meio de práticas de produção mais eficientes e menos impactantes, bem como a escolha de produtos e alimentos produzidos de maneira sustentável. Reutilizar incentiva a utilização repetida de produtos ou materiais, com vistas a prolongar sua vida útil, e reduzir a necessidade de novas produções. Reciclar, por sua vez, envolve o processamento de resíduos para transformá-los em novos materiais ou produtos, o que reduz a demanda por recursos naturais virgens. Repensar e recusar implicam na mudança dos padrões de consumo, com a busca de alternativas mais sustentáveis e eficientes.
A bioeconomia, por sua vez, se baseia na utilização sustentável de recursos biológicos para a produção de alimentos, energia, materiais e outros produtos. Envolve a exploração eficiente e responsável dos recursos renováveis, como plantas, animais, microrganismos e biomassa, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico, a segurança alimentar e a conservação ambiental. Com isso abrange uma variedade de setores, como agricultura, florestas, pesca, energia renovável, biotecnologia e indústria química e busca criar um equilíbrio entre as necessidades humanas e a preservação dos ecossistemas.
Seguindo nessa mesma linha de construção da nova economia, a economia baseada na natureza reconhece e valoriza os benefícios econômicos proporcionados pelos ecossistemas e pelos serviços ecossistêmicos. Essa abordagem busca integrar a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais no processo de desenvolvimento econômico e reconhece que a saúde dos ecossistemas é fundamental para o bem-estar humano e para a economia.
Para alcançar esses objetivos, são necessárias políticas públicas eficazes, investimentos em pesquisa e inovação, parcerias entre governos, empresas e sociedade civil, e educação ambiental para conscientização e engajamento da população.
Ao adotar uma mudança de mindset, as sociedades podem promover o crescimento econômico de maneira sustentável, garantir ao mesmo tempo a saúde dos ecossistemas e o bem-estar das gerações presentes e futuras. Em última análise, o objetivo é construir uma economia que seja próspera e ambientalmente responsável para garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.
*Paula Packer é Chefe Geral da Embrapa Meio Ambiente, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente desde 2010, atua em temas na interface Agricultura e Meio Ambiente, com foco nas pesquisas em Mudanças do Clima. Ocupou a chefia-adjunta de Transferência de Tecnologia e Inovação e Negócios de 2017 a 2022.
Envolvida diretamente em diversas ações de inovação para o Agro, presidente do conselho gestor do AgNest, um hub de inovação seguindo o conceito de laboratório vivo (farm lab), um espaço catalisador para o empreendedorismo aliado ao conhecimento científico.
**As opiniões expressas no artigo não necessariamente expressam a posição de NEO MONDO.