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POR – BRUNO TOLEDO (CLIMAINFO) DIRETO DE MADRI, PARA NEO MONDO
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Levantamento de desastres climáticos de 2018 aponta para as ondas de calor e estiagem que atingiram países como Alemanha e Japão;
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Entre os mais afetados, estão Porto Rico, Myanmar e Haiti, que acumulam as maiores perdas com eventos extremos desde 1999;
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Quase 500 mil pessoas morreram como resultado de mais de 12 mil eventos climáticos extremos, que também causaram perdas econômicas de US$ 3,5 trilhões.
Ondas de calor severas, secas e inundações: os fenômenos meteorológicos extremos são enormes desafios, especialmente para os países pobres e vulneráveis – mas os países de renda elevada também são cada vez mais ameaçados pelos riscos climáticos. O Índice Global de Risco Climático, publicado hoje pelo think tank ambiental Germanwatch, mostra que, em 2018, países industrializados como o Japão e a Alemanha foram os mais atingidos por ondas de calor e secas severas. As Filipinas foram atingidas pelo tufão mais poderoso do mundo em 2018.
Olhando para os anos de 1999 a 2018, os países pobres tiveram de enfrentar impactos muito maiores: sete dos dez países mais afetados neste período são países em desenvolvimento com renda per capita baixa ou média baixa. Porto Rico, Mianmar e Haiti foram os mais afetados, de acordo com este índice de longo prazo. Nos últimos 20 anos, globalmente, quase 500.000 fatalidades foram diretamente relacionadas a mais de 12.000 eventos climáticos extremos. Os prejuízos econômicos somaram aproximadamente US$ 3,54 trilhões (calculados em paridade de poder de compra, PPP).
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“O Índice de Risco Climático mostra que a mudança climática tem impactos desastrosos especialmente para os países pobres, mas também causa danos cada vez mais graves em países industrializados como Japão ou Alemanha”, diz David Eckstein, da Germanwatch. “Países como Haiti, Filipinas e Paquistão são repetidamente atingidos por eventos climáticos extremos e não têm tempo para se recuperarem totalmente. Isso reforça a importância de mecanismos de apoio financeiro confiáveis para países pobres como estes, não só na adaptação às alterações climáticas, mas também para lidar com perdas e danos induzidos pelo clima”.
As ondas de calor foram uma das principais causas de danos em 2018. Dos dez países mais afetados no ano passado, a Alemanha, o Japão e a Índia sofreram com longos períodos de calor. A ciência recente confirmou a ligação há muito estabelecida entre as alterações climáticas e a frequência e gravidade do calor extremo. Na Europa, por exemplo, os períodos de calor extremo são agora até 100 vezes mais prováveis do que há um século. Além disso, devido à falta de dados, os impactos das ondas de calor no continente africano podem estar sub-representados.
“A Conferência da ONU sobre o clima [COP25] precisa resolver a falta de financiamento adicional para ajudar as pessoas e os países mais pobres a lidar com as perdas e danos. Eles são mais duramente atingidos pelos impactos da mudança climática porque não têm capacidade financeira e técnica para lidar com as perdas e danos”, enfatiza Laura Schaefer, do Germanwatch. “Esse encontro do clima precisa, portanto, resultar em uma decisão para determinar regularmente as necessidades de apoio dos países vulneráveis para danos futuros. Além disso, a COP25 tem que decidir sobre os passos necessários para gerar recursos financeiros confiáveis para atender a essas necessidades. No entanto, a implementação da adaptação à mudança climática também deve ser reforçada”.
A edição 2020 do Índice de Risco Climático da Germanwatch está disponível pelo link https://www.germanwatch.org/en/17307.