POR – IN PRES PORTER NOVELLI / NEO MONDO
Instituto avalia os comportamentos que desviam o consumidor de práticas e escolhas conscientes
Nesta semana semana, duas datas importantes relacionadas diretamente ao consumo consciente estarão em pauta: o Dia do Consumo Consciente, comemorado hoje segunda-feira, dia 15 de outubro, e o Dia Mundial da Alimentação, no dia 16. Engajado pela educação para o consumo sustentável, o Instituto Akatu faz um convite a todas e todos para que reflitam sobre o seu papel como consumidor, iniciando ou aprofundando o percurso na direção de ser um verdadeiro protagonista em suas escolhas de consumo. Segundo o instituto, é importante desenvolver gradualmente a consciência quanto aos mecanismos que nos fazem consumir, buscando diferenciar as necessidades reais do que é induzido ou artificial.
Quem nunca comprou um produto acreditando que seria feliz se o adquirisse? Uma peça de roupa ou um acessório porque “todo mundo tinha”? As propagandas e a pressão por reconhecimento social levam a colocar no gesto de consumo um papel que este ato não consegue ter. “Ninguém será diferente por muito tempo por usar e mostrar as coisas que compra. A expressão da identidade só vai durar se, de fato, existir no modo de ser, de pensar, de agir e de reagir da própria pessoa. O consumo não consegue compensar as deficiências que só o desenvolvimento pessoal pela educação e pela espiritualidade (que não se confunde com religião) consegue entregar. Só assim, sabendo quem se é, será possível adotar uma postura mais crítica no consumo ao invés de seguir os outros e as ondas da moda”, defende Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu.
Quando paramos para avaliar cada ato de consumo é uma chance de identificar o que de fato nos motiva cada compra, sabendo distinguir entre as necessidades reais e as vontades de “compensar” um momento de baixa autoestima, de cansaço com o excesso de demandas da vida ou de frustração por não “se equiparar” a outras pessoas. Trata-se de um exercício fundamental para quem deseja ter um comportamento de consumo mais consciente.
Também é importante registrar as diferenças entre produtos que, embora desempenhem as mesmas funções, são distintos na origem das matérias primas, na forma de produção e nas atitudes das empresas que os produzem e comercializam, além de diferenças de durabilidade e de impactos quando descartados.
O protagonismo no consumo
Adotar o protagonismo no consumo, portanto, é considerar esses e outros fatores que diferenciam os produtos uns dos outros, e levam a uma escolha alinhada com os valores de cada consumidor. O consumidor consciente e protagonista considera os impactos positivos e negativos associados à produção, ao uso e ao descarte dos produtos, dando a eles a mesma importância que dá ao preço e à qualidade, e buscando, ao longo do tempo, alternativas para não só minimizar os impactos negativos como também para melhorar o impacto de seu consumo.
“Tudo isso pode, inclusive, implicar em uma redução do consumo, em um controle dos desejos mais materialistas, e numa percepção de que a boa sensação de satisfação, que se segue ao momento da compra, pode não se manter no tempo, levando, então, a uma vontade de consumir diferente”, avalia Helio Mattar.
Naturalmente, tais mudanças são maturadas em tempos longos, à medida em que a percepção dos impactos se confronta com os valores mais profundos de cada consumidor. “Não se trata de uma redução extrema no consumo, que nem mesmo é viável, mas significa avaliar cada decisão de compra, buscando optar pelos melhores impactos sobre o meio ambiente, sobre a vida das pessoas e, consequentemente, sobre nós mesmos”, completa o presidente do Akatu.
Pesquisas Akatu 2018 e 2012
Felizmente, os sinais de que isso vem ocorrendo podem ser detectados. A pesquisa Akatu 2018, por exemplo, avaliou o panorama do consumo consciente no Brasil e constatou que, consideradas dez dimensões do consumo como, por exemplo, água, mobilidade e alimentação, nós, brasileiros, optamos por caminhos de sustentabilidade em sete dessas dimensões e por caminhos do consumismo em apenas três.
O “estilo de vida saudável”, a “redução na quantidade de lixo gerado” e a “redução no impacto da geração de energia” foram alguns dos caminhos de sustentabilidade expressos como os mais desejados pelos consumidores.
A pesquisa do Akatu de 2012, Rumo à Sociedade do Bem-estar, perguntou “O que é felicidade para você?” como uma pergunta aberta. Dois terços das pessoas entrevistadas afirmaram que ser feliz é estar saudável e/ou ter sua família saudável e, para 60%, é estar na companhia de amigos e familiares. Assim, a felicidade se encontra no que as pessoas têm de mais humano, no bem-estar próprio e no daqueles que gostamos, compartilhando a vida com eles.
O dia do consumo consciente é uma boa oportunidade para refletir se cada um de nós está vivendo e consumindo de forma alinhada com o que é realmente importante na nossa vida. E, se fizermos parte desses dois grupos (o que valoriza a saúde e o que valoriza o encontro com pessoas queridas), teremos a certeza de que o consumo não é o centro de nossa existência. Ao contrário, o que há de mais humano deve estar no centro da vida. E o nosso consumo deve gradualmente refletir esse valor. O viver como protagonista do próprio modelo de consumo é fazer essas escolhas sempre lembrando do que é realmente importante para nós e para nossos afetos, tendo o consumo como uma escolha e não como uma obrigação. Certamente, a vida será melhor, menos estressada e mais gratificante.