Sampa

A minissérie, apresentada em flashback, revelava as neuroses e o caos típicos de uma metrópole.


O misterioso desaparecimento de Luiza (Mika Lins) enlouquece Amadeu (Cássio Gabus Mendes), um arquiteto em crise existencial. Ao procurar a esposa pelas ruas de São Paulo, ele não apenas enfrenta todo tipo de adversidade como entra em contato com as próprias inseguranças.Em sua peregrinação desesperada, Amadeu se envolve com diferentes pessoas: o cineasta Gregório (Paulo José), que vê no desespero do arquiteto a possibilidade de realização de um filme; o advogado Agamenon (Serafim González), ligado a políticos e empresários e que fora amante de sua mãe; o funcionário público Sílvio (Walter Cruz), militante de movimentos culturais; e a prostituta Iara (Divana Brandão), a quem o protagonista recorre como refúgio em meio à sua confusão mental. Narrada em flashback, somente aos poucos são revelados o permanente estado de tensão de Amadeu, seu passado familiar e suas dificuldades no casamento. No fim, Luiza é localizada na casa de seus pais. Ela alega ter fugido devido à dupla personalidade do marido: carinhoso de dia; violento à noite. Ao reencontrá-la, Amadeu tenta matá-la, mas é impedido por Iara. – A última cena da minissérie repete uma das primeiras, em que um marinheiro tenta se suicidar do alto da Estação da Luz. Desta vez, é o neurótico Amadeu.

Abertura da minissérie Sampa (1989).

Autoria: Gianfrancesco Guarnieri Direção-geral: Roberto Talma Período de exibição: 26/09/1989 – 29/09/1989 Horário: 23h30 Nº de capítulos: 4

BASTIDORES



A minissérie foi escrita com uma linguagem mais livre do que as usuais na televisão. Centrando-se em Amadeu, com sua frágil estrutura psicológica, e nos personagens que o cercam, o autor faz uma análise da formação da sociedade paulista, com seu característico universo urbano-industrial e suas desigualdades sociais.

O projeto da série teve início em 1987, quando Daniel Filho convidou Gianfrancesco Guarnieri para escrever uma minissérie ambientada em São Paulo para um elenco predominantemente paulista. Ao contrário da impressão imediata, o título da minissérie não está ligado exclusivamente ao apelido da cidade de São Paulo. A intenção inicial do autor era de que a minissérie se chamasse “Sampa-Lelê”, um derivado da expressão “Simpa-Lelê”, que significa “sem palavras” no dialeto crioulo haitiano. Impressionado com um vídeo a que assistira sobre a história do Haiti, o autor introduziu numa das cenas

iniciais da minissérie a expressão “Simpa-Lelê”, dita pelo marinheiro haitiano suicida que Amadeu encontra na Estação da Luz. Sampa foi vendida para Angola, Canadá e Portugal, entre outros países, e a primeira minissérie da Globo gravada quase que exclusivamente em locações, ou seja, fora de estúdios, em locais públicos especialmente escolhidos pela produção. Segundo o diretor, a decisão foi estética e prática. Do ponto de vista estético, a intenção principal da minissérie era capturar a essência da atmosfera urbana de São Paulo. Com relação à parte prática, a solução veio ao encontro de um problema enfrentado pela emissora: a falta de estúdios. Naquele momento, a Central Globo de Produção (Projac) ainda não tinha sido inaugurada. 

O uso de câmera portátil e pouca luz criou o clima angustiante de Sampa, reforçando a atmosfera frenética da cidade. 

TRILHA SONORA

A trilha sonora da minissérie acompanha o ritmo de vida da metrópole. A banda Os Mulheres Negras, comandada por André Abujamra e Maurício Pereira, foi convidada para compor a trilha incidental.

GALERIA DE FOTOS

Galeria de fotos Sampa

4 fotos
Galeria de fotos Sampa

FONTES

Boletim de programação da Rede Globo, número: 872; www.imdb.com, acessado em 09/2006; www.teledramaturgia.com.br, acessado em 09/2006; http://viaglobal/cedoc (intranet), acessado em 09/2006.