Rabo de Saia

A história de um comerciante e suas três mulheres conduzia a minissérie, que contou com cuidadosa reconstituição dos anos 1920.


Abertura da minissérie Rabo de Saia (1984).

Autoria: Walter George Durst, José Antonio de Souza e Tairone FeitosaDireção: Walter AvanciniDireção-geral do núcleo: Ary Grandinetti NogueiraPeríodo de exibição: 08/10/1984 – 02/11/1984Horário: 22hNo. de capítulos: 20

Inspirada no livro Pensão Riso da Noite: Rua das Mágoas, de José Condé, a minissérie é ambientada no final da década de 1920 e conta a história do caixeiro-viajante Quequé (Ney Latorraca), que mantém três famílias em diferentes cidades fictícias do Nordeste.Eleuzinha (Dina Sfat), de Nova União, em Pernambuco, é companheira inseparável do marido, com quem tem quatro filhos: Iraíldes (Eliane Gomes), Maninho (Rodrigo Mac Niven), Laide (Mônica de Souza) e Lili (Gabriela Bicalho). É com Eleuzinha que Quequé se sente à vontade, exercendo seu lado mais liberal.Em Chegança, Alagoas, vive a aristocrática e religiosa Santinha (Lucinha Lins), mãe de quatro filhos, dois de Quequé, a quem ela chama de Ezequias por achar seu apelido vulgar. Santinha é apaixonada pela doçura do caixeiro-viajante. Quando fazem amor, ela pede sempre para o marido apagar a luz, e ele, para que a esposa solte os cabelos.A jovem Nicinha (Tássia Camargo), com quem Quequé tem um filho, vive em Catulé, Sergipe, e encanta o caixeiro-viajante, a quem chama de Quequezão. O protagonista leva sua vida de polígamo sem problemas até as mulheres descobrirem a existência uma da outra. Então Santinha denuncia Quequé e ele é preso. No final, as três o perdoam e tudo volta a ser como antes.Outros personagens importantes na trama são Severino (José Fernandes de Lira) e Solon (Paulo Hesse), companheiros de viagem de Quequé, fiéis cúmplices de suas aventuras. 

BASTIDORES

O mulherengo Quequé conquistou a simpatia do público. Enquanto suas três esposas o execravam em cena, o telespectador torcia pelo personagem, que declarava amar todas as suas mulheres com a mesma intensidade. Rabo de Saia diferia de todas as outras minisséries até então realizadas pela TV Globo, por buscar uma linha alegórica, de humor, apesar de todas as referências a local e época. Cada capítulo era fechado numa narrativa própria, até o capítulo 14, quando as três esposas descobrem umas às outras, e o caixeiro-viajante é levado ao tribunal para julgamento. A partir daí, os capítulos começam a ter ligação e há uma mudança no ritmo do seriado. Inicialmente, Ney Latorraca faria outro papel na história. Ao ler o roteiro, o ator gostou tanto do personagem Ezequias que insistiu com o diretor para ganhar o papel do protagonista. Avancini relutou um pouco, pois imaginava um ator com outro perfil para interpretar o ardente caixeiro-viajante. Mas, diante de tanta insistência, decidiu apostar em Ney Latorraca e acertou

em cheio. Seu Quequé é um dos melhores desempenhos do ator na Rede Globo, um marco em sua carreira profissional. A minissérie que também o roteiro assinado por Walter Avancini foi reapresentada duas vezes: em janeiro de 1988, em 12 capítulos; e em agosto de 1990, em 10 capítulos, durante o Festival 25 Anos. Rabo de Saia foi vendida para Canadá, Cuba, México, Portugal e Turquia, entre outros. A minissérie teve algumas cenas gravadas em Tiradentes, Minas Gerais. No entanto, tinha o objetivo de ser uma alegoria nordestina, onde prevalecia uma ingenuidade típica da época. Para passar essa atmosfera, todas as etapas de produção tiveram essa preocupação: cenários, de Irênio Maia; figurinos, de Marília Carneiro; e direção de arte, de Tiza de Oliveira e Beto Leão. As cores do figurino de Quequé (Ney Latorraca), sempre de terno de linho e chapéu panamá, mudavam de acordo com o perfil de cada esposa.

Para Eleuzinha (Dina Sfat), ele se vestia de bege; para Santinha (Lucinha Lins), de azul-marinho; e para Nicinha (Tássia Camargo), de branco. O relógio de bolso e os pentes especiais para o bigode e os cabelos eram adereços inseparáveis. Para dormir com Eleuzinha, Quequé usava cueca samba-canção; com Santinha, pijama; e com Nicinha, ficava apenas de cuecas. Marília Carneiro lembra que o figurino da personagem de Dina Sfat teve que ser feito às pressas. A figurinista, já em Tiradentes, às vésperas da gravação, mostrou as roupas de Eleuzinha para Walter Avancini, e o diretor achou que os vestidos ficaram elegantes demais para a personagem. Elegante era Santinha, não Eleuzinha. Assim como na clássica cena do filme E o Vento Levou…, Marília Carneiro teve a idéia de fazer as roupas de Dina Sfat a partir das cortinas da casa onde a equipe estava hospedada. Era a forma mais rápida de solucionar o problema, já que em Tiradentes seria difícil produzir um figurino especial, no estilo dos anos de 1920, em pouco tempo.

Galeria de fotos Rabo de Saia

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GALERIA VÍDEOS

Cena em que Quequé (Ney Latorraca) vai ao encontro de Eleuzinha (Dina Sfat).

Cena em que Quequé (Ney Latorraca) vai ao encontro de Santinha (Lucinha Lins).

Cena em que Quequé (Ney Latorraca) vai ao encontro de Nicinha (Tássia Camargo).

Cena final, em que Quequé (Ney Latorraca) consegue ficar com as suas três mulheres: Eleuzinha (Dina Sfat), Santinha (Lucinha Lins) e Nicinha (Tássia Camargo), mas desconfia estar sendo traído pela última.

FONTES

Depoimento concedido ao Memória Globo por Marília Carneiro (20/06/2005) e Ney Latorraca (18/06/2007); Boletim de programação da Rede Globo, números 613-A, 614, 785; CARVALHO, Tania. Ney Latorraca: uma celebração. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Cultura Fundação Padre Anchieta, 2004; MILLEN, Manya. “Três não é demais” In: O Globo, 20/08/1990; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; www.teledramaturgia.com.br, acessado em 10/2006; www.viaglobal/cedoc.com.br, acessado em 10/2006.