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Procura por remédios psiquiátricos aumenta 58% nos últimos anos

Uso responsável de remédios psiquiátricos: Importância do acompanhamento médico e impactos da interrupção repentina

Redação* Publicado em 11/07/2024, às 06h00

Remédios psiquiátricos requerem acompanhamento médico constante
Remédios psiquiátricos requerem acompanhamento médico constante

Cerca de 10% da população mundial sofre com transtornos mentais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Na América Latina, o Brasil lidera entre os países com mais gente que relata ter ansiedade e depressão, com quase 19 milhões de pessoas.

Ao todo, 7% dos brasileiros dizem que sua saúde mental é precária ou muito ruim, segundo uma pesquisa do instituto Datafolha. O índice é maior entre mulheres (9%) e jovens entre 16 e 24 anos (13%).

Nesse cenário, a procura por remédios psiquiátricos vem aumentando. Entre 2017 e 2021, a venda cresceu 58%, segundo dados do Conselho Federal da Farmácia.

Segundo a médica e especialista em saúde mental, Fernanda Faria Afonso, tão comum quanto usar esses remédios é parar de tomá-los de uma hora para a outra. Muitas pessoas caem nesta cilada, muitas vezes, justamente porque os medicamentos estão fazendo seu efeito e ocorre uma melhora, isso pode criar a ilusão de que o problema está resolvido e o medicamento não é mais necessário.

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“Em outros casos, efeitos adversos do tratamento podem levar uma pessoa a interromper abruptamente o tratamento. Quem resolve parar de usar o remédio sem consultar o médico pode sofrer prejuízos imediatos e a longo prazo.  Um único dia sem tomar remédios como os usados no tratamento de depressão e ansiedade já pode alterar sinais químicos do cérebro e provocar sintomas como enjoo, cansaço ou tontura”, explica a médica.

Um estudo feito recentemente aponta que mais da metade (56%) das pessoas que tentam interromper o uso de antidepressivos têm sintomas adversos, e quase metade delas (46%) descrevem os efeitos colaterais como graves.

É a chamada "síndrome da retirada", que pode ser causada pela interrupção do uso não só de antidepressivos e ansiolíticos, mas também de hipnóticos, antipsicóticos, estabilizadores de humor e estimulantes. Estes sinais dados pelo corpo podem passar depois de alguns dias.

“Pacientes que tiveram uma resposta boa inicialmente a um medicamento podem responder de forma mais lenta ou apresentar resistência ao retomar um tratamento que foi interrompido abruptamente. Aumentar a dose ou trocar a medicação pode ser necessário em alguns casos, inclusive combinando múltiplos medicamentos diferentes”, explica Fernanda.

Fernanda Faria Afonso alerta que é recomendável que antidepressivos sejam usados por pelo menos 12 meses após a alta médica e pode chegar a até dois anos ou mesmo ser por tempo indeterminado, caso o paciente tenha tido dois ou mais episódios de depressão ao longo da vida. “Por isso é necessário o acompanhamento médico e não interromper o medicamento sem falar com o psiquiatra. Vale ressaltar que dentro do tratamento precisamos do auxílio de um psicólogo e de mudanças de hábitos de vida como atividade física e aumentar a qualidade de vida do paciente”, finaliza a especialista.