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    Passeio em Lima percorre pontos da vida e da obra de Vargas Llosa

    DA AFP

    21/11/2015 02h00

    O poeta de "Batismo de Fogo" ou Zavalita, de "Conversa na Catedral", se perderiam ao caminhar pela Lima de hoje: as ruas buc�licas que percorreram os personagens de Mario Vargas Llosa hoje v�o se inundando de pr�dios altos e hot�is de luxo.

    Parte da inf�ncia e da adolesc�ncia do peruano pr�mio Nobel de Literatura em 2010 foi passada em Miraflores, distrito costeiro nascido nos anos 1950 e que desde 2011 inspira a "rota Vargas Llosa", que passa por lugares emblem�ticos que inspiraram o autor.

    As ruas do exclusivo balne�rio ao sul de Lima, banhado pelo oceano Pac�fico, foram fonte de inspira��o das primeiras obras do autor de "A Guerra do Fim do Mundo".

    Neste Literatour, ganhados na categoria "Caminhadas e Artes" do concurso internacional Walking Visionaries Awards, organizado pela Walk21Vienna, v�rios pontos emblem�ticos s�o unidos.

    Ele inclui, por exemplo, o lugar onde funcionou o col�gio Champagnat, onde "Pichulita" Cu�llar, do romance "Os Filhotes", foi mordido por um cachorro.

    LEMBRAN�AS DE INF�NCIA

    O Literatour, oferecido pela municipalidade �s sextas-feiras � tarde, mostra passagens descritas nas obras do Nobel.

    Mais de 700 pessoas fizeram os primeiros passeios. "Ele come�a no parque Kennedy, onde os protagonistas como Lucr�cia e dom Rigoberto, de 'Elogio da Madrasta', se encontravam para se dirigir � Tiendecita Blanca, no passado um caf� e hoje um restaurante", explica a guia Kristel Vera.

    Em cada ponto h� placas com trechos de romances como "Conversa na Catedral".

    Vargas Llosa confessou que o circuito suscita "lembran�as �ntimas de minha inf�ncia e adolesc�ncia, os melhores momentos passei em Miraflores".

    Na passagem Champagnat, pain�is descrevem a biografia do autor e mostram excertos do conto "D�a Domingo" e do romance "Os Filhotes". Segue-se pelas avenidas Pardo e Diagonal, por onde passeava Alberto, o poeta de "Batismo de Fogo".

    Tamb�m se visita a casa do diplomata e historiador Ra�l Porras Barrenechea (1897-1960), que hoje abriga o instituto que leva seu nome e onde Vargas Llosa trabalhou. Ainda est� l� a velha m�quina de escrever Underwood que o escritou usou.

    QUE TAL UM SORVETE?

    Mas, em meio � nostalgia, emerge a modernidade. Segundo a cidade de Miraflores, de 2011 a 2015 foram emitidas 273 licen�as de obras para edif�cios residenciais. No mesmo per�odo, foram expedidas 22 licen�as para hot�is, dos quais sete j� foram erguidos e 15 est�o em constru��o.

    Se Vargas Llosa e seus amigos quisessem saborear um sorvete na Crem Rica de suas lembran�as, na avenida Larco, j� n�o a encontrariam. Teriam que optar por visitar a concorr�ncia, D'Onofrio, mas dever�o faz�-lo logo. Esse antigo casar�o, ao lado do parque central, logo ser� transformado em um centro comercial.

    Seguindo pela Larco e olhando para o Pac�fico ficava o parque Salazar, "um lugar de abra�os e beijos castos, mas tamb�m de fantasias encerradas e sofrimento adolescente", assinala a guia que acompanha o passeio.

    A esse lugar de jardins, esculturas, espelhos-d'�gua e aroma de mar ia o jovem e apaixonado Vargas Llosa, de m�os dadas com Julia Urquidi, sua tia e primeira esposa, a que daria vida a "Tia J�lia e o Escrevinhador".

    Esse rinc�o de nostalgia miraflorina foi substitu�do por um moderno centro comercial, onde sobressaem duas enormes chamin�s que bloqueiam a vista para o mar.

    "Por mais que muitas constru��es sejam demolidas e outras sejam erguidas, o lugar vai permanecer, por mais que tudo se modernize", disse a turista Jenny Guti�rrez durante o passeio.

    Alguns lugares escapam ao Literatour. Na primeira quadra da rua Porta fica a Quinta de los Duendes, ninho de amor e ref�gio de Vargas Llosa, aos 19 anos, e Julia Urquidi, dez anos mais velha, depois de se casarem em segredo, por causa da oposi��o da fam�lia.

    O lugar ainda parece abrigar um pouco de magia entre suas casas brancas e ocres, com flores e palmeiras ao lado, uma gruta no centro –ainda que j� esteja rodeado por edif�cios altos.

    Ali sobrevivem casas republicanas com certa nostalgia, com sacadas de madeira e grades de metal fundido, portas entalhadas e jardins de flores arom�ticas, nas ruas Porta e Diego Ferr�.

    "N�o posso me livrar de Miraflores, n�o posso deixar de escrever sobre Miraflores", disse uma vez Vargas Llosa.

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